A Grande Jogada – ou Molly’s Game no original – é um filme baseado no livro biográfico de Molly Bloom, uma promessa dos esportes de inverno que acaba se tornando a princesa do pôquer das celebridades, acabando por ser presa pelo FBI num processo envolvendo a máfia russa. Um longa que tem tudo para prender o espectador numa sala de cinema.

A produção conta com a estrela Jessica Chastain, assumindo o papel de protagonista. Ela é a figura central dessa história e todas as atenções estão viradas nela. As suas capacidades como atriz são bem evidentes: Jessica Chastain conta uma história através das suas imagens e das suas palavras. Ela torna a história de Molly algo que merece ser escutado e com muita atenção, pois ela possui alguns dos segredos melhor guardados nos jogos de apostas milionárias de Los Angeles e Nova Iorque. Não se surpreenda se sair do filme com vontade de jogar. Se não conseguir mesmo resistir, vá a um casino, mas tenha cuidado com aquilo que vai gastar para não cair na mesma situação que muitos dos personagens do filme.

A grande diferença entre livro e filme é que no filme não vemos os verdadeiros nomes do grupo que frequentava essas sessões de pôquer. Entre eles contávamos com Ben Affleck, Tobey Maguire ou Leonardo DiCaprio). Não nomear essas estrelas não faz o filme perder interesse. Sorkin, o diretor, não compromete os fatos relatados e para isso contribui a escolha da dinâmica de narração, tornando essas sequências mais divertidas. Torna também menos aborrecida as cenas onde se explicam pormenores do pôquer ou como Molly descobriu mais sobre o jogo procurando informação no Google.

A Grande Jogada 1
A Grande Jogada | Imagem: Diamond FIlms

A primeira metade do filme é fantástica, com um excelente ritmo e uma excelente construção do universo em torno de Molly Brown com recurso a flashbacks. Já na parte final há saltos na história mal explicados e pontas abertas que ficam sem explicação. A força de Sorkin, como sabemos da sua experiência passada em A Rede Social ou West Wing, assenta nos diálogos poderosos que ajudam a construir e destruir um personagem e para isso contou com a magnífica atuação de Jessica Chastain, que muitos consideravam que seria nomeada para um Óscar. Ela é todo o filme, sendo ela a carregar a história do início ao fim. As outras personagens são secundárias e quase só marcam presença para definir o caráter e o percurso de Molly Bloom.

Essa adaptação ao cinema do livro autobiográfico serve não só para contar a história da ex-esquiadora caída em desgraça, mas também serve o objetivo de contar a história do velho sonho americano da terra das oportunidades e de como pode ser distorcido, favorecendo apenas os mais ricos e os mais influentes. Um bom filme que fica um pouco distante das expetativas geradas por uma segunda metade mais fraca que a primeira.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por Favor insira seu nome aqui