No futuro, a sociedade se acostumou à prática da troca de corpos: após armazenar a consciência de uma pessoa, ela pode ser transferida a outra “capa”, podendo viver várias vidas. O mercenário Takeshi Kovacs (Joel Kinnaman) acorda após 250 anos em outro corpo.

Além de se adaptar a esta situação e à nova sociedade, ele é contratado por um homem riquíssimo para descobrir o autor de seu próprio assassinato. Tak conta com a ajuda de uma policial mexicana, um ex-militar tentando ajudar sua filha e um robô equipado com inteligência artificial.

Imagine poder guardar todas as informações que você possui em algo como um disco rígido, uma memória que pode ser resgatada em algum momento. Imagine que se seu corpo tiver algum problema, sofrer algum acidente ou você se sentir desconfortável com ele, você pode o trocar por outro.

Isto é praticamente a imortalidade. É algo bom, mas como tudo na história da humanidade, tem um preço. Não de valores morais e éticos, mas sim monetário.

Altered Carbon traz esse debate. O mundo desta série é muito parecido com o de Blade Runner. Só que em vez de Replicantes, o que temos são pessoas que, se puderem pagar, poderão trocar sua capa (corpo), quando precisarem. E se não tiverem como pagar, ainda poderão ter um outro, mas de acordo com o que tiver no mercado e o que governo puder te dar.

Assim sendo, não é surpresa que uma criança que “morreu”, agora tenha um corpo de uma senhora. Mas ninguém morre? Pelo contrário. Você pode morrer, caso seu drive de armazenamento seja destruído.

De acordo com Joel Kinnaman, ator principal da história em entrevista ao El País, “este projeto te obriga a ter discussões existenciais e isso foi uma das coisas que me levaram a fazer esta série.” Renee Elise Goldsberry, que interpreta Quell, disse que “eu adoro o fato de que esta série seja mais do que um mero entretenimento. Altered Carbon alimenta conversas profundas, e isso é algo que não acontece sempre”, conclui.

James Purefoy, que interpreta o multimilionário e todo-poderoso Laurens Bancroft, deixa uma pergunta integrante sobre a trama: “As identidades estão ligadas ao corpo em que vivemos, mas… e se não fosse assim? E se escolher um corpo fosse algo totalmente voluntário?”.

Altered Carbon, é baseada no romance homônimo ciberpunk de Richard K. Morgan. A série traz muito mais do que as discussões ditas em entrevista ao El País. Elas falam sobre o que move a humanidade que é o poder, a paixão, o dinheiro, o amor e a morte. Mesmo que enganar a morte pareça algo ruim, que trocar de corpo é quase como trocar de pele como uma serpente – como mostrado na abertura -, quem nunca pensou nisso?

Será que é totalmente ruim? Imagine um mundo onde uma pessoa que é assassinada pode retornar e apontar seu executor ou familiares que podem voltar porque morreram antes da hora? Mas nesse termo, a série também traz outras indagações. Alguém morre antes da hora? A alma, aquela que move seu corpo, irá para onde? Para o inferno?

Questões de muita relevância sobre o poder que o ser humano possui sobre outros não são novos, como mostrado no próprio Blade Runner ou O Preço do Amanhã. E Altered Carbon sabe trabalhar de maneira nada sutil esse tema. Ele não te dá respostas, ele te faz se indagar.

O Preço do Amanhã – Acusado de assassinato, um homem deve descobrir como derrubar um sistema onde tempo é dinheiro e que permite que os ricos vivam para sempre, enquanto os pobres devem implorar por cada minuto de suas vidas.

Outro aspecto social interessante, é sobre os finais de guerras e como elas são descritas pelos vitoriosos. Vilões são criados de uma maneira muito fácil. Será que todo derrotado foi um vilão? Como será a história da humanidade dentro de 250 anos?

São muitas perguntas em uma série densa e que não te faz querer sair da frente da tela.

E que subam as cortinas! Até a próxima!!

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