Adaptação do livro de Yann Martel, A Vida de Pi (Life of Pi) narra a controversa realidade de Pi Patel (Irrfan Khan), que se vê preso em alto mar com um tigre.
A trama se mostra profunda logo no inicio, provando que a obra, assim como o livro em que foi baseada, irá usar de alto teor religioso e muita realidade contestável. Para isso, é necessário um bom conhecimento do protagonista, então Pi começa narrando a sua infância (Pi crianças interpretados por Gautam Belur e Ayush Tandon), na cidade de Pondicherry, India. Filho do dono de um zoológico Santosh Patel(Adil Hussain) e Gita Patel(Tabu), Pi cresceu conhecendo os animais, principalmente o feroz tigre de bengala, chamado Richard Parker.
Depois de muitos anos cuidando do zoológico, com a retirada do incentivo do governo, a família resolve vender os animais e partem para o Canadá. Então colocam todos os animais num navio e partem para o seu destino. Eles são acometidos por uma terrível tempestade e o navio afunda, e Pi acaba num bote salva-vidas com uma zebra, uma hiena, um orangotango e o tigre Richard Parker.
E é nesse bote que a beleza da história aparece. Em meio à batalhas pela sobrevivência, o espectador é levado por fatos que se mostram impossíveis, mas narrados com tanta convicção pelo personagem que acabamos convencidos de que isso pode de fato ter acontecido- ou não, e essa é a verdadeira graça do longa. O teor religioso de Pi deixa aberta a porta para os que possuem mais fé acreditar que ele está recebendo alguma ajuda divina, enquanto os fatos narrados de sua infância levam os mais descrentes a acreditar que tudo não passa de imaginação, uma fuga imaginaria para uma situação difícil.
Ang Lee conduziu uma trama muito polêmica com sua direção, a ambiguidade sugerida por ele e pelo roteirista David Magee fez com que o longa se tornasse oito ou oitenta, ou amam ou odeiam. Os que possuem a cabeça mais aberta para acontecimentos fora do comum chegam a acreditar na versão de Pi, porém a maioria critica a fantasia do garoto.
De qualquer maneira, é um filme lindo de se ver. A fotografia e efeitos são notáveis, de uma qualidade impressionante. É uma obra de tirar o folego pelo visual, com um interessante teor filosófico. Uma grande adição ao cinema.