A CCXP acabou no domingo e já deixou um pouco de saudades e uma lista de melhorias para a próxima edição. Foram quatro dias de entrevistas legais, atrações criativas e muita emoção para quem ama esse universo maluco do entretenimento e cultura pop. Após dois anos acontecendo de forma virtual, o evento retornou de forma presencial e reforçou aquilo que já sabíamos: estávamos ansiosos por esse encontro com nossos ídolos do cinema, com nossos talentosos quadrinistas, mas com o nosso habitat de escolha, o universo geek.
Fui a primeira vez ao evento a convite do Banco Next e acabei sendo surpreendida pelo tamanho da CCXP. Sabia que era grande, mas quando entrei às 11h, fiquei perdida, pois não sabia por onde começar. Muita gente circulando, muito fã correndo para tirar foto com os cosplays presentes, muita gente se descabelando, alguns artistas que se misturavam com o público geral e muita marca com cenários bem chamativos e criativos.

Público diverso e os obstáculos enfrentados
Percebi que o público que eu achava que veria mais – pessoas caracterizadas como seus personagens favoritos, muitos jovens ou aqueles “tios” de meia idade e suas barbas brancas falando sobre HQs, mas não. Tinha muitos avós, muitas mães e bebês, muitas senhoras que acompanhavam os netos, famílias inteiras, deficientes físicos, deficientes audiovisuais, pessoas que vieram de Goiás, do Acre e até de Belém para aproveitar a convenção. E isso é um máximo, pois mostra o quão acolhedor o universo do entretenimento é e o quanto os fãs esperavam por esse reencontro.
Mas nem tudo foi flores e já era de se esperar percalços enfrentados pelo público geral. Embora tenha voltado a sua forma natural (presencial e físico), deixou um sentimento de decepção quando terminou. Os painéis são muito esperados pelos fãs por conta das entrevistas que acontecem e das novidades que são anunciadas em primeira mão. Mas foram marcados por superlotação. Muita gente passou a noite nas filas para conseguir um lugar e ainda nem tão perto do palco.
Muita fila e falta de organização
Algumas lojas estavam simplesmente lotadas e era mais fácil disputar espaço com mosca do que com gente, pois estava insano. Estavam abarrotadas porque a maioria dos itens eram exclusivos para quem fosse a Comic Con Experience. Então, já deu para imaginar a frustração de quem queria levar uma blusinha e precisou esperar um bom tempo para conseguir comprar.
Uma das coisas que todo visitante está acostumado é FILA. Isso mesmo, fila. Eu participei de algumas atividades, umas mais imersivas, outras nem tanto, porém o foco da maioria dos cenários eram espaços instagramáveis. É bacana ter essa proposta, é sim, mas deixou a desejar por vários motivos. Um deles é a questão das filas. Para participar da ativação de AVATAR – que por sinal, foi horrível -, quase uma hora na fila para ver um trailer. Decepcionou.

A fila da ativação de Jack Ryan no mínimo era de cinco horas de espera – a promotora me falou que se um famoso ou influencer aparecesse, passava na frente e a espera poderia ser maior, imagine a frustração do público pagante -, e já estava esgotado. Então quem conseguiu participar, ficou o dia quase todo na fila e perdeu boa parte do evento. Isso é muito frustrante porque muita gente sai de casa cedo para aproveitar o dia e acaba passando o dia inteiro numa fila para uma ativação que vai levar no mínimo cinco minutos e nem sempre rende um brinde (independente de ser legal ou não).
Contudo, o pior foi saber que para tirar foto com a Mãozinha de Wandinha ou no carro da Barbie, precisava de agendamento de horário. Quem teve essa brilhante ideia, tirou ela da cartola do Chapeleiro Maluco porque, sinceramente, quem agendou também amargou na fila e por um bom tempo. Além disso, o site da Netflix e da Warner sobrecarregava e caia quando iniciava o processo de agendamento.
Outro ponto que tornou a experiência ruim foi o atendimento das promotoras do espaço da Barbie. Algumas pessoas disseram que as profissionais ignoravam, eram grossas ou debochadas quando era perguntado sobre a atração da boneca mais famosa do mundo. É compreensível que os promotores estavam cansados e foram quatro dias para o público geral, mas eles começaram bem antes. No entanto, não é motivo para tratar os visitantes de forma hostil, não é nada de mais passar uma informação. Esse também foi um ponto que deixou a desejar, as informações eram mal transmitidas e passou a sensação de desorganização.
Alimentação e Segurança
A alimentação lá dentro estava um pouco salgada. Um churros, por exemplo, custava 17 reais. Um cone de batatas fritas com um molhinho de sua preferia sai por volta de R$ 25,00. Muitas pessoas levaram de casa e quem escolheu consumir por lá, reclamou dos preços altos e da qualidade. No entanto, já era de se esperar que estaria caro o consumo lá dentro. Porém, tinha diversidade e comidas para todos os gostos. Donuts, Outback, sorvetes Nestlé e muita opção bacana para recarregar as forças e curtir o dia de estômago cheio.
Em relação a segurança foi um ponto importante que a CCXP deixou de fora do checklist. Logo quando cheguei e após a espera para abertura dos portões, os seguranças passaram entre as filas, mas nem olhavam para conferir os pertences direito. Uma pessoa mal intencionada escaparia facilmente. Além disso, nem base policial para prestar algum tipo de suporte estava presente. Logo, se alguém foi assaltado, saiu no prejuízo.
Eu não fui às edições anteriores, porém escutei algumas pessoas que acompanham o evento desde que ele “nasceu” e muitas falavam coisas do tipo como “o evento era menor, mas tinha muita atividade interativa”, “ahh, hoje é tudo voltado para o instagram e tik tok”, e por mais bonito e chamativo que estivesse a edição de 2022, é perceptível a decepção do público que acompanha a mais tempo. Quem viu pela primeira vez, pode ter se encantado, mas quem vem de outras edições, não.
São esses pontos que precisam ser considerados no momento de organizar a próxima edição da CCXP. Não dá para valorizar o incluencer x só porque ele tem 150 mil seguidores no instagram. O público que vai a feira, em sua maioria é pagante e o resultado são filas monstruosas que levam mais de cinco horas para tirar uma fotinha ou assistir um trailer que pode ser visto no YT. O evento é legal e merece mais cuidado na sua “gestação”. O fã não pode dormir de um dia para o outro para entrar no Palco Thunder. Se quiser crescer, precisa rever alguns conceitos.
Até a próxima edição.