E chegou o tão aguardado ponto final da jornada de Elle, Noah e Lee. O longa A Barraca do Beijo 3, lançado na última quarta-feira, 11, na Netflix. A comédia romântica teen, assim como aconteceu com as sequências de Para Todos Os Garotos que Já Amei, o segundo e o terceiro longa foram gravados ao mesmo tempo. Percebe-se que a evolução da narrativa e isso contando com o roteiro, pouco evoluiu e a produção por si só não se sustenta. O longa tem pouca história para contar, o elenco encabeçado por Joey King, Jacob Elordi e Joel Courtney tem uma sintonia ruim, as atuações estão aquém do esperado e o terceiro capítulo de uma narrativa que tinha tudo para ser incrível, acabou se tornado mais um programinha que não exige muito do telespectador.
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Como os anteriores, o terceiro capítulo é sem sal, cheio de subtramas, é longo e devido às várias situações impostas pelo roteiro, a produção precisa correr pra tentar fechar tudo, além disso não tem história para desenvolver. Algo que já era esperado, pois boa parte da trama é desenvolvida no primeiro filme e tem como base a obra escrita por Beth Reekles. Embora o longa não ouse tanto, o final surpreende, pois ele resume perfeitamente o que a produção levou quase duas horas para transmitir: autoconhecimento e amadurecimento para a protagonista que, infelizmente, passou os três filmes tentando ser a amiga e a namorada perfeita para pessoas que não mereciam ela.

Bom, na narrativa Elle (Joey King) vai para a faculdade e precisa tomar uma decisão muito difícil: se mudar para o outro lado do país com o namorado Noah (Jacob Elordi) ou cumprir a promessa que fez ao melhor amigo Lee (Joel Courtney) de estudar com ele. E o problema está aqui, novamente, ela tem que fazer das tripas coração para não machucar nenhum dos dois, pois eles não são fortes o suficiente para apoiá-la. E tudo vira uma bola de neve a partir daqui. Desde o primeiro longa da franquia, ela sempre se mostrou disposta a fazer o melhor para felicidade do amigo, porém, quando se envolve com Noah, irmão de seu melhor amigo, Lee, ela se vê entre a cruz e a espada, tendo que dividir a atenção entre os dois e não desapontar ninguém e isso se estende do primeiro ao terceiro longa. No entanto, ela em nenhum momento pensou no que ela queria e a bomba estoura agora.
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Acompanhar a jornada de Elle é como sentar na graxa. Como assim? Porque a narrativa desde o começo foi mal desenvolvida e o roteiro consegue enfiar um montão de coisa para sair resolvendo de uma hora para outra e isso cansa o telespectador. Além da trama central, os pais de Noah e Lee estão vendendo a casa de praia; Elle e Lee decidem completar uma lista de tarefas para aproveitar o último verão antes da universidade; Marco (Taylor Zakhar Perez) retorna para a vida de Elle, o que reacende uma rivalidade com Noah; o pai de Elle começa a namorar entre outras subtramas que não caberiam aqui. Mais uma vez, o roteiro é escrito por Vince Marcello e Jay Arnold e eles conseguem se perder nas múltiplas situações que eles criaram e o resultado são cenas parecidíssimas com aqueles clipes de canções românticas a la Taylor Swift ou Demi Lovato. E a licença poética aqui vai de um devaneio a outro. Não entra na minha cabeça capitalista que a protagonista precisa fazer hora extra para poupar grana para a faculdade, mas ela consegue dinheiro para pular de paraquedas… vai entender, né?!

O nível de infantilidade de Lee está super aguçado. Diversas são as cenas em que ele sai correndo como um menino de 5 anos, agindo como se fosse um garoto mimado e chato. E isso se repete várias vezes, eles brigam, fazem as pazes, brigam, fazem as pazes… é um vai e volta lascado. E o pior, tudo gira em torno do ciúmes. Isso mesmo! O ciúmes reina nesse longa. Seja em relação à nova namorada do seu pai, o novo amigo de Lee, à amizade de Noah com Chloe (Maisie Richardson-Sellers), seja de Marco… esse povo não cresce, não é?!
Algo interessante que o longa faz aos trancos e barrancos é retratar o amadurecimento de Elle, Noah e Lee, que erraram e cresceram em suas jornadas pessoais. Vemos que Elle, tentou ser a melhor amiga de Lee e a melhor namorada para Noah, mas é impossível fazer as duas coisas de forma satisfatória sem deixar um ou outro desapontado ou com cara de tacho. E após uma grande confusão, ela para, respira e é nesse momento que vemos o questionamento surgir… quem é Elle? Ela precisa tomar as rédeas da própria vida, para se permitir se conhecer melhor e seguir o seu próprio caminho, livre das amarras das relações tóxicas que desenvolveu com Noah e Lee.
“Acho que só amor nem sempre é suficiente. Talvez não. Às vezes, não é o momento certo.”
Percebemos que a relação da protagonista tanto com o amigo quanto com o namorado é tóxica e, de certa forma, existe muito receio sobre o futuro. Afinal, eles cresceram juntos e o medo de não saberem como seguirão gera muitas frustrações. Porém, se a amizade é verdadeira, nada seria abalado. Mas isso faz parte do crescimento pessoal de cada um, a juventude é assim e a virada para a vida adulta é complicada e não acontece da noite para o dia. De forma forçada e jogada, o longa expõe as habilidades de Elle com os games que nem foram mencionados nos longas anteriores e ela descobre isso do nada.
Além do roteiro está mal desenvolvido, as atuações não evoluíram e nem King com seu carisma conseguiu driblar as falhas existentes no longa, O garotão Elordi foi o premiado da franquia, sem expressão, falta empolgação… é como se a alma do rapaz tivesse sido tirada do corpo dele. Ele está insosso… o potencial dele foi deixado de fora de todos os longas e parece que ele só está ali porque tem uma carinha bonitinha. Mesmo com todas as falhas e as situações previsíveis e clichês, o longa entregou um bom final que diferente do livro, vai fazer muita gente refletir.