Crítica | A Queda

No que diz respeito ao objetivo da trama, o longa foi certeiro em proporcionar angústia, tensão, medo, raiva, ansiedade e muita aflição

A Queda (Fall, 2022) é um filme de baixo orçamento de suspense dirigido por Scott Mann. O longa apresenta duas moças escaladoras que decidem subir no topo de uma antena de TV abandonada no meio do deserto. Porém, algo dá errado e ambas ficam isoladas nas alturas, dependendo então de toda a criatividade para sobreviver até que alguém salve elas. A produção tem uma premissa simples e bons acertos no roteiro. A altura não é nada que me empolga, mas essa obra entregou um filme de suspense interessante.

No filme, Becky, interpretada por Grace Caroline Currey (Shazam), está passando por um momento difícil. Após perder o marido numa escalada, ela se isola de todas que a amam. Sua amiga Hunter, personagem de Virginia Gardner (Marvel’s Runaways), a chama para uma aventura a fim da protagonista superar o trauma tentando se reconectar com o que mais amam. Como dito anteriormente, elas decidem escalar uma torre de tv abandonada com mais de 600 metros. Inicialmente, Becky, está relutante, mas decide enfrentar seus dramas internos com a sua amiga Hunter, que além de alpinista experiente, grava todo tipo de aventura para ganhar notoriedade nas redes sociais.

O filme faz com que quem esteja assistindo sofra com o drama das alpinistas presas na torre. Primeiro, o pensamento que vem a mente é “Por que cargas d’água vocês subiram aí?”, “Por que estão com poucos equipamentos de segurança?”, logo pensamos que elas não deveriam nem subir porque sempre acontece algo inesperado e é exatamente isso que acontece.

Crítica | A Queda 1
Hunter desafiando a gravidade / Reprodução Cortesia Paris Filmes

Pode não acontecer com você, se for fã de aventuras na altura, mas a sensação que me acompanhou do começo ao fim foi de tensão, medo, tremedeira e muita ansiedade. Quem tem medo de altura, esse longa transmite muito bem as emoções e sentimentos que as personagens estão sentindo no decorrer da trama. É assustador, isso porque assisti numa cabine de imprensa online (o nome dado às sessões prévias para críticos e jornalistas), imagine no cinema com uma mega tela, a escuridão da sala, a potência do som… misericórdia, tudo o que senti seria muito mais impactante.

Quais são as hipóteses de sair viva de uma aventura dessas? Normal esse tipo de pensamento ir e vir quando a premissa ganha vida na tela. Outro sentimento que podemos experimentar assistindo ao longa é a raiva, pois, elas estão se colocando em perigo de forma estúpida. Mas mesmo assim, conseguimos sentir empatia por elas estarem em perigo no topo da torre porque torcemos para que elas retornem, de alguma forma, salvas.

Crítica | A Queda 2
Momento tenso vivido por Becky / Reprodução Cortesia Paris Filmes

O roteiro consegue ser plausível e está bem construído e algo que podemos notar é que, após elas terem a ciência de que estão isoladas, o roteiro propõe artifícios, ideias para que as meninas consigam tentar sair dali de alguma forma. Algumas tentativas são frustradas, algumas são estúpidas, mas na maior parte das vezes, são truques improvisados com a finalidade de saírem vivas da situação. Outro detalhe, a temática do longa foi explorada até o limite que poderia ir, sem descarrilar com ideias mirabolantes e fora de tom. Logo, as personagens tentam coisas que o público consegue deduzir e tenta artimanhas menos óbvias que demandam ousadia, energia, coragem para se arriscar e mérito de ambas.

Tanto a Hunter, que é a mais experiente, a corajosa, a aventureira, quanto Becky, a mais fragilizada devido ao trauma que sofreu, a mais relutante, a mais temerosa, são postas num desafio que às duas precisam agir com rapidez. Isso é um acerto, já que logo no início, a protagonista é apresentada como a medrosa, enquanto a loirinha é a destemida. Ponto positivo aqui, pois, essa diferenciação de personalidades é útil para que o público consiga gerar uma conexão com as meninas e se sentir representado no quesito medo de altura ou gosto pela aventura.

A trama começa a ganhar fôlego e vemos que só a corajosa tem ideias, logo pensamos que o roteiro vai renegar a personagem temerosa e colocá-la numa função apenas como observadora, não fazendo jus ao protagonismo que foi dado a ela. Contudo, ela vai mostrando o porquê está a frente da narrativa de forma gradativa, superando traumas e medos, passando a agir mais do que só reagir. Isso é resultado do trabalho bem executado dos roteiristas que apesar de lidarem com um tema simples, escreveram um texto interessante, criativo e bem cuidadoso considerando as circunstâncias e o espaço que ocupa, que por sinal, é só ali em torno da torre.

Crítica | A Queda 3
Hunter e Becky olhando a torre que irão escalar / Reprodução Cortesia Paris Filmes

Embora tenha tido bons acertos, o longa também tem falhas como tentar engrandecer as personagens com dramas secundários sem muita profundidade e que se não estivessem na versão final, não faria diferença, até porque o mais importante é focar no que elas estão vivendo. Temos boas atuações, principalmente quando se trata das emoções e sentimentos como tensão, medo, ansiedade, etc. Algumas exageradas na construção como as escadas caindo de uma só vez, como se não existissem trechos independentes… pareceu meio fora da realidade, mas ok. Outro detalhe bizarro é a corda que troca de tamanho de acordo com a necessidade do roteiro e o azar tomou conta delas porque tudo que elas tentam, dá errado, os homens que veem elas no topo da torre, não ajudam elas, a mochila cai, o drone é atropelado pelo caminhão… só bola fora.

Em A Queda, a trama não tem um ritmo cadenciado, ele consegue se manter ativo do começo ao fim, isso porque a todo momento tem algo acontecendo fazendo com que as personagens se movimentam, ao invés de ficarem olhando o tempo passar. Isso evita que o filme fique cansado e parado. A direção de Scott Mann é bem interessante, pois, o que ele pretende causar no espectador, já é pensado desde antes das meninas subirem e se isolarem lá em cima. Ele começa exaltando a altura colossal da torre, as escadas enferrujadas, tremenda, emendas e parafusos frouxos saindo ou quase saindo, o barulho de algo velho, de ferro batendo, arranhando, o vento, e tudo isso passando também pelo momento da subida delas. Nem de longe, se pode dizer que é um filme parado, pois, quando vemos os ferros desgastados e a quantidade de degraus, percebemos que essa aventura é cansativa e exaustiva que é intensificado pela atuação de ambas que demonstram cansaço, desgaste físico e a possibilidade de queda é algo estarrecedor.

O trabalho de fotografia é muito bem feito, as posições da câmera servem para intensificar a sensação de horror que elas estão vivendo e isso de todos os ângulos, debaixo para cima, de cima para baixo, de lado, de longe, de perto, etc. É claro, que o trabalho de arte tem alguns defeitos, mas nada que não passe despercebido considerando o local das filmagens, o que estava sendo contado e como estava sendo contado. No que diz respeito ao objetivo da trama, o longa foi certeiro em proporcionar angústia, tensão, medo, raiva, ansiedade e muita aflição.

Distribuído pela Paris Filmes e com produção da Lionsgate. A estreia do filme é em 29 de setembro, exclusivamente nos cinemas.

Nota do Thunder Wave
Tensão, aflição, medo, angústia, raiva, empatia e muita ansiedade. Esses são os sentimentos que farão parte da sua experiência ao assistir o longa dirigido por Sott Mann. Filme com roteiro bem escrito, criativo, apesar de uma trama simples. Vale a pena o entretenimento.

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