Quem era Peter antes de ser Peter Pan? E onde estava Alice antes de ir parar no País das Maravilhas? É o que Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos veio contar, a história por trás desses dois icônicos contos infantis que todos nós conhecemos.
Os dias da infância de Alice (Keira Chansa), Peter (Jordan A. Nash) e David (Reece Yates) são os mesmos de tantas crianças, usando a imaginação, criam as mais diversas brincadeiras, onde um galho de árvore pode ser uma poderosa lança e o único limite é o quanto conseguem criar com suas mentes, filhos de Rose (Angelina Jolie) e Jack (David Oyelowo), um artesão que cria réplicas de navios sob encomenda. Seus dias de paz estão contados quando uma tragédia abala toda a família, trazendo grande impacto para Peter e Alice.

Vemos o mundo pela visão das crianças e de suas singularidades, um mundo idealizado, onde piratas existem e bichos de pelúcia se tornam companhia para um chá da tarde. O choque de realidade que sofrem quando precisam passar pelo luto é algo que os impacta profundamente, principalmente em Peter, que internamente se culpa pelo que aconteceu e tenta, de toda maneira, matar sua imaginação e crescer, fazer as coisas como uma pessoa mais adulta, mesmo que esse lado o chame fortemente. Ao mesmo tempo, Alice tenta entender a mudança de comportamento de todos em casa, mas parece que todos só a afastam, deixando-a sem rumo.
Ao decorrer do filme vislumbramos objetos, nomes, cenas que nos remetem aos clássicos. Alice ganha da mãe um sino em miniatura, ela não entende o presente até sua mãe, Rose, lhe contar que na verdade, aquele tinkerbell (sininho) é na verdade uma fada em uma clara referência à fada companheira de Peter Pan.
A realidade se sobrepondo com a visão das crianças funciona durante todo o longa, o que por vezes, pode se tornar confuso por não ser possível entender se algo realmente aconteceu ou se foi apenas um devaneio, entretanto, é justamente esse recurso que faz com que a história funcione para que seja possível crer que são essas duas crianças que irão se tornar aquelas das histórias clássicas. O foco não está no que acontece em Alice no País das Maravilhas ou em Peter Pan, isso já está consolidado na cabeça de todos, mas percorrer o caminho que eles fazem para chegar até esse ponto é o que quiseram contar em Peter e Alice: Onde Nascem os Sonhos.
Ficar entre o limiar da realidade com o conto de fadas é caminhar em um caminho estreito e fácil de se perder, e é o que acontece com Alice e Peter, confuso de acompanhar o algumas cenas e suas transições, que ficam sem ligação e aparentemente perdidas na história. Os momentos em que o longa faz o elo com os clássicos tomam dois extremos: conseguem inserir de maneira natural durante a narrativa alguns elementos, como a existência da fada Sininho, e outros que não são necessários e se tornam apenas cenas forçadas sem nenhum objetivo.

A presença de nomes consolidados do cinema e da TV como Angelina Jolie, David Oyelowo e Anna Chancellor trazem um peso ao filme e mostra que independente do tamanho do papel, conseguem ter uma interpretação que se destaca.
Apesar de parece um filme infantil, não é indicado para menores de 12 anos por conter alguns temas sensíveis e algumas cenas de violência mais explícitas. Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos (Come Away) estreia dia 03 de junho nos cinemas.