Originada de um contrato de 100 milhões dólares, #BlackAF deveria entregar mais do que realmente faz. O que o criador e protagonista da série, Kenya Barris, consegue mostrar é o mesmo que suas outras séries já mostram: a constante preocupação de que a indústria cinematográfica, num geral, não consegue produzir conteúdo “negro” para pessoas negras. Seria bom se não, para o repertório dele, não fosse repetitivo e até um pouco raso.
A sitcom se desenrola quando Drea (Iman Benson) resolve colocar sua família no centro do seu documentário para tentar uma vaga na universidade pelo curso de Cinema. Câmeras e mais câmeras acompanham a família em todos os lugares que eles vão, principalmente os pais, Kenya e Joya Barris (Rashida Jones). A pressão aumenta porque seu pai já um ator, roteirista e diretor conhecido em Hollywood.

Mostrando uma rotina de uma família agitada e com várias personalidades nela, entre pais e filhos, a série até conduz bem o espectador ao longo dela, abordando questionamentos pertinentes e iluminando pontos da indústria hollywoodiana que às vezes são, deliberadamente ignorados, mas os pontos negativos -ou não-, estão onde a família reproduz comportamentos estereotipados que pessoas de etnias diferentes teriam sobre pessoas negras, como a ostentação exagerada, o uso de drogas só para aparecer e alguns outros, tudo pela “desculpa” de que estão fazendo isso por um tipo de reparação histórica.

A fotografia da série faz questão de deixar as cores mais vívidas, destacando as mais chamativas. O toque especial aqui é para os taques entre cenas, no maior estilo Keeping Up with the Kardashians e até America’s Next Top Model.
Sendo uma série curta, com 8 episódios de em média 35 minutos, #BlackAF é engraçada, mas nem tanto, ao pesar nos estereótipos e pela abordagem, relativamente, rasa e leve de temas que permeiam a vida de pessoas negras ricas nos Estados Unidos. Porém, pelo valor do contrato, era esperado que uma história mais complexa e aprofundada fosse produzida!