Crítica | Cemitério Maldito

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A família Creed se muda para uma nova casa no interior, localizada nos arredores de um antigo cemitério amaldiçoado usado para enterrar animais de estimação – mas que já foi usado para sepultamento de indígenas. Algumas coisas estranhas começam a acontecer, transformando a vida cotidiana dos moradores em um pesadelo.

Confira também a resenha do livro O Cemitério

E lá se vão 30 anos desde que a primeira adaptação de O Cemitério chegou aos cinemas com o título Cemitério Maldito.

A obra de Stephen King é sem dúvida um de seus melhores livros. Não pelo terror sobrenatural, mas pelo lado que o autor tanto explora, a mente e o comportamento humano.

E é isso o que torna livros e filmes do gênero tão bons. Quando podemos ter todo o terror psicológico abordado de uma maneira que o leitor ou expectador é preparado. E mesmo assim, jamais esperar pelo que vêm.

O filme é uma boa adaptação e aqueles que puderam conferir ao de 1989 e nem sabiam que era um livro, ou se sabiam, podem ficar tranquilos porque esta adaptação segue a obra original e não tenta ser melhor ou corrigir ao primeiro longa.

Não deu para entender? Cemitério Maldito de 2019 é chamado de remake, porque existe um filme feito anteriormente. E só!

Este novo é totalmente diferente e seu lado terror é mais forte. Por tratar de uma relação familiar, a obra é mais densa. Louis, o pai da família é um médico em busca de paz e para ficar um pouco mais com seus filhos e esposa. Ele é uma pessoa ponderada, cético sobre religião e é aquele que a filha busca respostas quando a “fantasia” não pode explicar o que ela tanto procura.

Tanto no livro quanto no filme, são respostas sobre a morte. E é aqui que nas linhas temos um dos melhores diálogos quando ela questiona as respostas padrões sobre a morte como “foi o que Deus quis, está com os anjos” e assim por diante.

Voltando ao filme, essa relação pai e filha é bem explorada. E a mãe, Rachel, possui um passada mais turbulento em relação a morte, tendo perdido sua irmã de uma maneira mais trágica. O que a deixou com cicatrizes profundas no seu psicológico, não querendo em hipótese alguma discutir esse tipo de assunto, chegando a perder o controle.

Esta divisão do modo como tratar os filhos, quais respostas serem dadas e o que eles devem saber ou não, é um ponto abordado rapidamente, mas de maneira clara e objetiva.

O filme não busca tratar o que é certo ou errado nas relações, explorando apenas os problemas existentes que envolvem a perda de um ente querido, os tramas que podem ou não ocorrem e como a morte é vista sob vários ângulos.

Jud, o vizinho, é elo entre os mistérios da cidade. É o passado ali no presente, e que é essencial, tanto no livro quanto no filme para todo o desenrolar da trama.

Cemitério Maldito, diferente de outros filmes de terror e suspense, consegue te segurar na poltrona. Ele te faz em alguns pontos não querer olhar para a tela pois sabe o que irá acontecer, e mesmo assim você irá olhar. Muitas vezes suas mãos ficarão geladas e se estiver segurando a de outra pessoa, com certeza um dos dois irá dizer “calma, você está me machucando”, de tão tenso e envolvido que fica com tudo o que acontece.

Outro ponto positivo é fugirem dos clichês das péssimas obras, se podemos chamar assim de terror que usam e abusam de jump scares e trilhas que entregam o que irá acontecer.

Em alguns momentos até parece que é um jump scare, quando na realidade é como acordar de um pesadelo no meio da noite.

O gato da família também é um elemento assustador. Foram utilizados 6 felinos. E não dá para perceber quem é quem.

Uma curiosidade a respeito do gato Church, é que ele é baseado em um outro que existiu de verdade. Smucky era o gato de Naomi, filha de King, que foi atropelado perto da casa deles e serviu como uma das inspirações para o escritor.

O ponto negativo do filme, ficou para a dupla principal, os atores Jason Clarke e Amy Seimetz. Em alguns momentos Jason até consegue entregar um pai de família e você sente que ele ama de verdade seus filhos. Mas na hora mais tensa, infelizmente ele fica devendo, assim como a atriz que nem mesmo parece ser mãe.

Eles acabam sendo engolidos pela interpretação da atriz mirim Jeté Laurence. A pequena atriz que pode ser vista como Barbara Lee Gordon na série Gotham, Boneco de Neve e outros filmes, interpreta uma criança meiga e feliz, para o estado de tristeza e assassina – como visto no trailer -, com tanta maestria que nem percebemos que ela está fazendo um papel. Esta é mais uma para ficarmos de olho.

Mesmo com os pontos negativos na interpretação dos atores principais, Cemitério Maldito é um ótimo filme de terror. Tem tudo o que os fãs do gênero curtem. Um bom roteiro, uma direção de câmera que não entrega e se mantém com mãos firmes para não perdermos nenhum detalhe, sustos e um final totalmente inesperado que foge de todos os outros filmes.

É sem dúvida uma ótima adaptação da obra de Stephen King.

E que subam as cortinas! Até a próxima!

Observação: Fica uma crítica pela falta de coragem da produtora e da editora no Brasil de terem colocado o título com a grafia correta e não como deveria: SIMITÉRIO. Já nos EUA, o filme ficou com o S.

Crítica | Cemitério Maldito 1

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