O que pode ser mais impactante do que uma série que relata uma história recente de nosso país? Assim é a Colônia do Canal Brasil, baseada no livro documentário Holocausto Brasileiro: 60 mil mortos no maior hospício do Brasil de Daniela Arbex.
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A série está chegando na programação da emissora e em seguida ao streaming do Globoplay que por sinal, o primeiro episódio ficará disponível por uma semana para os não assinantes devido a todo o seu impacto como uma série documental e de importância para o Brasil.
Este é um pedaço triste de nossa história em forma de ficção que a grande maioria dos brasileiros desconhece. A narrativa são com personagens ficcionais, mas todos os acontecimentos, bem, infelizmente são reais. Mulheres que foram internadas como loucas e esquizofrênicas porque discutiam com seus maridos machistas, além de filhas que não queriam casar com a pessoa escolhida por seu pai.
Homossexuais que eram enviados para estas “Colônias” para serem curados desta “doença”. Achou que a “cura gay” era apenas uma brincadeira? Não foi para muitos desses 60 mil mortos que foram torturados por vulgos médicos que diziam que a “morte deles era um bem para a ciência”.
São 10 capítulos que seguem a trajetória de 3 mulheres diferentes, mas vítimas de atrocidades masculinas. Uma é prostituta e está internada porque ia contar a esposa do prefeito de Barbacena que ele tinha um caso com ela. Outra, uma filha, está ali porque ficou grávida de seu namorado, mas o pai queria que ela se casasse com um homem 40 anos mais velho. E uma senhora, que está ali há mais de 30 anos e perdeu seu filho para a instituição e nem mesmo sabe se ele está vivo.
Temos também a história de outras pessoas, como o médico que busca uma situação melhor para si e se questiona sobre sua formação, mas não faz nada para ajudar os internos. A própria ditadura é mostrada ao internar jovens que buscavam uma melhor situação de vida na época.

Durante bate papo que o site Thunder Wave participou com a equipe de produção, a atriz mineira Andréia Horta que interpreta a prostituta Valeska, contou que só conheceu Colônia quando ficou sabendo do projeto. Segundo ela, foi um choque. “Quando o André me contou do projeto, fiquei muito interessada em fazer. Sinto que é de fundamental importância contar essa história”.
Outra atriz mineira, Rejane Faria que faz Wanda confessou que teve uma descoberta pessoal durante o processo de criação da personagem. “Eu soube que tinha alguém da família que passou pelo Colônia. Quando levei o livro da Daniela para a minha mãe ler, ela não conseguiu terminar e me disse que a avó dela foi internada lá, mas os parentes a tiraram quando descobriram o que acontecia. Isso aumentou a minha teia de interesse por esse trabalho”.

Estas são apenas pequenas história desta produção que busca conscientizar-nos, além de abrir uma página da história que nunca é contada nas salas de aula. Sobre o quanto chamar uma mulher de louca, de falar da cura gay, da falta de empatia e de conhecimento, pode ser muito mais grave do que todos pensam.
Portanto, confiram Colônia, discutam nas redes sociais, pois este é um crime que jamais deve ser esquecido. Principalmente por tantas pessoas que tiveram suas vidas interrompidas por simplesmente, terem sido chamadas de “loucas”.
Colônia é inspirada na história de pessoas que passaram pelo hospício Colônia, ao longo de seus quase 100 anos de existência. Pela primeira vez, é recriado ficcionalmente um pedaço doloroso da história do Brasil, onde mais de 60 mil pessoas perderam a vida vítimas de maus tratos, eletrochoque, tortura e abandono.