Crítica | Coquetel Explosivo

Inspirado na franquia John Wick, longa surpreende com elenco feminino bom de briga

Outra produção que combina mulheres e muita ação chegou para provocar o público com sua referência notória a franquia John Wick e sua roupagem neon. Estamos falando de Coquetel Explosivo (Gunpowder Milkshake) que traz Karen Gillan como uma assassina de aluguel que falha numa missão e precisa lidar com as consequências de suas escolhas. Há quem torça o nariz para a produção, mas o roteiro é interessante, a direção é ousada e o elenco é incrível. Uma pena que os diálogos sejam um tanto fracos. Mas tem potencial e mostra serviço no quesito GIRL POWER.

Um ponto curioso é que no longa tem uma divisão de gênero bem evidente e desprezar isso seria como negar toda a estrutura do roteiro. Podemos perceber que todos os homens são os vilões, são os bad guys e as mulheres são as (anti) heroínas. A fórmula aqui é simples e se repete como em qualquer filme do gênero: heróis contra vilões. Porém, enxergamos o objetivo do diretor e de seu co-roteirista Ehud Lavski que entregam uma sociedade liderada por homens sendo tomada por mulheres capazes, corajosas e boas de briga. O violento e o subversivo são a essência da trama do começo ao fim. E Karen Gillan vem numa vibe badass para comandar o ritmo de uma narrativa sangrenta e muito eletrizante.

Existe um grupo de homens chamado A Firma. Eles comandam as coisas há muito, muito tempo. Quando eles precisam de alguém para arrumar a bagunça, eles me enviam. – Sam

A personagem principal é Sam/Samantha, interpretada pela Karen Gillan, que passou a trabalhar como assassina de aluguel após o sumiço de sua mãe, Scarlet (Lena Headey), que também era uma assassina de aluguel. Quando Sam mata por acidente o filho de um poderoso chefe do crime organizado e se afasta de sua tarefa inicial para salvar a vida de uma garotinha inocente (vemos uma semelhança com o longa Kate, estrelado por Mary Elizabeth Winstead, da Netflix), a organização para a qual trabalha começa a caçá-la como se ela fosse o alvo. Logo, ela precisa de ajuda e recorrer a velhas amigas da mãe, Madeleine (Carla Gugino), Florence (Michelle Yeoh) e Anna May (Angela Bassett), para ter ajuda.

Foto de Coquetel Explosivo - Foto 14 - AdoroCinema
Nathan e Sam falam sobre um possível erro na missão dela / Reprodução Amazon Prime Vídeo

A situação problema são as personagens femininas que não se encaixam nessa estrutura rígida controlada por homens e dentro desse universo, são obrigadas a permanecerem em posições que pouco a s valorizam como pessoas. Aqui percebemos quem é facilmente descartado e quem é importante para pessoas que estão no poder. Se o longa fosse protagonizado por um homem seguindo essa lógica seria impossível ter o mesmo resultado. É importante ter papéis em que o gênero do personagem seja indiferente e o fato de um longa apostar nessa alternativa, temos certeza de que no futuro teremos mais e mais mulheres encabeçando longas de ações como este resulta na quebra de  universos nos quais vivem de forma rígida, marginalizada e violenta.

Coquetel Explosivo não é exatamente um longa feminista, pois isso impactaria em muitas variantes e o fato de ter faltado sutileza na transmissão da mensagem geraria uma discussão mais profunda a cerca do que é o feminismo, mas apesar disso, o longa representa a misoginia do universo que construiu para contar a história de Sam e das outras personagens que são postas de lado em detrimento do beneficio masculino. Mas é algo interessante de ter sido levantado por um longa dirigido por um homem.

Coquetel Explosivo - Amazon Prime Vídeo | FINAL EXPLICADO - Elas fugiram?  [SPOILER] morreu? - Cinestera
Chloe Coleman e Carla Gugino são Emily e Madeleine em Coquetel Explosivo / Reprodução

A personagem Sam é fria e objetiva. Mas tem um resquício de consciência e a partir do momento que descobre que existe uma inocente, a esperta Emily, ela se desprende um pouco da sua indiferença. Vemos que ela se afeiçoa a pequena Emily (Chloe Coleman) que logo se torna um tipo de “aprendiz”. O retorno da mãe de Sam é como se víssemos uma extensão da filha e, apesar dos problemas tidos no passado, ela tenta se reaproximar da filha e das amigas que precisou abandonar.

As atrizes Gugino, Bassett e Yeoh entregam boas personagens e a força de cada uma delas ajudam no desenvolvimento do filme e a um certo equilíbrio que mascara os tropeços técnicos que despontam no decorrer do longa. Elas são versáteis e funcionam super bem em tela como se o trio fossem peças de um grande motor e a forma como elas se comportam ajudando, criando planos e guiando umas às outras não admite mais traições. A dinâmica das três fortalecem o roteiro que em si é interessante por apresentar alguns detalhes que não são muito comuns, como o fato de vermos livros escritos por mulheres como esconderijos para armas e outros objetos, mas apesar desse detalhe citado, o roteiro pouco inventa.

Gunpowder Milkshake: trailer para o filme de ação no feminino - C7nema.net
Carla Gugino, Michelle Yeoh e Angela Bassett formam o trio de bibliotecárias boas de briga / Reprodução

O longa tem uma paleta de cor incrível e sempre colocada de forma intensa, o estilo de direção aposta numa edição noir combinando com o neon, cenários bem elaborados, cenas de lutas bem coreografadas (com direito a momentos amadores) e câmera lenta e tudo isso somado a trilha sonora icônica que se distancia da realidade cruel e violenta recriando de forma divertida e dando um tom sarcástico a produção. Percebemos também uma influência oriental que se assemelha com o longa Kate da Netflix. Outra coisa que vemos é a aposta nos visuais nostálgicos e elegantes na trama. Algo muito interessante que passaria despercebido é a lanchonete que funciona como uma alternativa do Hotel Continental na saga estrelada por Keanu Reeves, onde armas são retiradas para que não haja nenhum tipo de confronto.

Em Coquetel Explosivo, temos uma caracterização exagerada dos vilões com direito a um Paul Giamatti cínico e traidor e a interpretação de Adam Nagaitis que entrega um personagem plástico e de visual seboso – vide o cabelo. Uma das sequências que funciona muito bem é a do hospital, onde ganha um ar mais singular que combina com sua estética. Embora tenha cometido alguns erros no percurso, o longa vale a pena.  

Nota do Thunder Wave
Apesar dos tropeços no roteiro e da direção ter se guiado pelo conforto, Coquetel Explosivo se destaca por trazer mulheres para o front onde conseguem por meio de porrada, tiro e bomba se defenderem. O longa traz uma mensagem forte sobre questões machistas e misóginas e a aposta num elenco de peso aliado a cenas sanguinárias de puro massacre e diversão, a produção é uma boa pedida para quem procura algo numa pegada John Wick. Vale o entretenimento.

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