Crítica | Cowboys

Longa discute a transsexualidade na adolescência e retrata o amor de um pai que quer proteger o filho da aversão

Atualmente, temos muitos serviços de streaming e redes sociais, que mostram uma força jovem muito presente. Mais liberais em relação a visões e conceitos considerados proibidos, a geração de hoje busca por conteúdos que tenham mais diversidade de personagens, em especial LGBTs. Porém, numa sociedade cristã, cis, branca, hetéro e cheia de preconceitos que impõe o certo e o errado através de regras baseadas em fatos, em sua maioria, religiosos, pertencer a comunidade LGBT é um desafio e tanto.

Como dizia Caetano Veloso, “Gente é pra brilhar”, e quanto mais pessoas tiverem, melhor. A participação de pessoas LGBTs no cenário cultural artístico é muito importante para quebrar preconceitos e abrir espaço para que ainda mais pessoas se sintam retratadas e representadas. Por que? Porque sentimos que cada vez mais é necessário falar de inclusão, de representatividade, de visibilidade real das minorias.

Eu estou no corpo errado, entendeu? Eu sou menino!

O longa Cowboys escrito e dirigido por Anna Kerrigan, a produção marca a estreia do ator trans Sasha Knight que dá vida ao garoto trans Joe que foge com o seu pai que o aceita como é, enquanto a mãe não o entende como um menino trans. É um filme delicado e retrata com muita verdade o que muitas pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQIA+ sentem. O mais interessante nessa produção é que estamos mais acostumados a ver a mãe dando suporte e apoio ao filho que se identifica LGBTQIA+, mas nesse caso, é o pai. Ele entende e procura não julgar e sim, ajudar. No inicio não é fácil, pois ele diz para a sua filha que ela é moleca e logo ela rebate “Moleca é outro tipo de menina, mas eu não sou menina.”. O pai não entende muito bem, mas o conhecimento que ele tem lhe permite dar o primeiro passo que é acreditar no que sua filha diz e é ele quem conversa com a mãe da criança, porém, ela não entende e isso gera atrito entre ambas até culminar uma situação que faz com que o pai da garota seja preso. Quando ele sai da prisão, outro atrito acontece e ele e a menina que passa a se vestir como menino, fogem.

Cowboys - Sasha Knight e Steve Zahn
A maior parte as gravações aconteceram em Montana / Reprodução Divulgação

O longa se passa no momento presente, mas alterna para cenas antes da fuga, para que o espectador possa entender o que de fato aconteceu para que ambos fugissem. Além disso, o pai, Troy, tem dificuldade com a saúde mental e ambos estão fora da lei, o cenário não poderia ser o mais caótico possível. Estigmatizados pela transsexualidade do filho e saúde mental do pai, ambos seguem o caminho até a fronteira rumo ao Canadá para serem quem precisam ser: livres. A amizade entre pai e filho é linda, todas as cenas em que eles contracenam juntos como amigos, com amor e doçura, um entendendo o outro, são momentos lindos e marcantes. Não se trata apenas de um filme de cowboys, vai além. É um pai que tenta proteger o filho da rejeição por ser transsexual.

Sally. Você não é Deus, ENTENDE? e jOE NÃO É UM PEDAÇO DE ARGILA QUE VOCÊ MOLDA COMO QUISER. – tROY, PAI DE jOE

Com paisagens lindas e um trilha sonora bem convidativa o filme foi rodado em 2019 e a maior parte das gravações aconteceram em Montana e algumas cenas se passaram em Los Angeles. No entanto, a pós produção aconteceu durante o isolamento por causa da pandemia da Covid-19. O longa estreou no Festival de Tribeca, em 2020, com Anna Kerrigan recebendo o prêmio de Melhor Roteiro e Steve Zahn de Melhor Ator e Sasha Knight foi premiado no Outfest pela atuação. Cowboys também recebeu o prêmio do júri em Newfest e da plateia no Festival de Nashville. Gene Back recebeu o BMI Award pela trilha.

Muitos filmes lidam com essa temática e cada uma trilha por um caminho que se sente confortável. Em Cowboys vemos um desafio maior ainda e vemos esse traço de dificuldade na mãe que não aceita o filho como é. Podemos entender um pouco do que ela sente, pois vivemos numa sociedade machista, homofobica, cis e entre outros aspectos, numa sociedade cristã que julga mais do que acolhe. O Brasil é um dos países que mais mata LGBTQIA+ no mundo. Infelizmente é uma realidade cruel e preocupante para todas as minorias.

Newcomer Sasha Knight Stars in 'Cowboys,' a Trans Coming-of-Age Story Set  in Montana
O garoto trans se sente bem com o pai / Reprodução Divulgação

A trama que aborda a jornada de pai e filho explora temas muito importantes como a LGBTfóbia, saúde mental, transsexualidade, aceitação e o amor de um pai e uma mãe que agem de formas inesperadas em relação ao filho. Os atores, todos interpretaram muito bem e transmitiram verdade com seus papeis. O destaque não é apenas do ator mirim, Sasha Knight, mas de Steve Zahn que brilhou como Troy, com uma delicadeza ao falar do filho, ao entende-lo. Precisamos de mais pais assim.

Além de Sasha Knight, Steve Zahn e Jillian Bell, o elenco conta com grandes nomes do cinema. Ann Dowd (‘The Handmaid’s Tale’), Chris Coy (‘The Walking Dead’), John Beasley (‘Uma Noite de Crime 2: Anarquia’) e John Reynolds (‘Stranger Things’) estão na película. Cowboys pode ser comprado ou alugado a partir de sexta-feira (8), nas plataformas Claro Now, Amazon, Vivo Play, iTunes/Apple TV, Google Play e Youtube Filmes. O longa é distribuído pela Synapse Distribution.

Nota do Thunder Wave
É uma história de amor entre um pai e seu filho trans e aquece qualquer coração e nos faz torcer para que eles consigam superar todos os conflitos, dificuldades e julgamentos que essa nova realidade lhes reserva. É uma obra de pertencimento aos jovens e talvez até de encorajamento aos mais velhos na escolha de aceitar o que é diferente no mundo.

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