Crítica | Dois + Dois

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O mercado de audiovisual no Brasil é sempre muito forte quando se fala em comédia, com longas de destaque ao longo dos anos, mas nem sempre com muito conteúdo informativo. A nova comédia distruibuida pela Paris Filmes, Dois + Dois, tenta inovar e trazer um fundo um pouco mais profundo na produção, sem perder as risadas no caminho.

Utilizando o tom cômico, o longa revela o misterioso universo de quem pratica o swing – ou “intercâmbio de casais”. Na trama, Diogo (Marcelo Serrado) e Emília (Carol Castro) estão juntos há 16 anos, têm uma filha adolescente e, apesar da estabilidade, vivem entediados com a rotina familiar. O casamento é virado de cabeça pra baixo quando eles descobrem que os melhores amigos, Ricardo (Marcelo Laham) e Bettina (Roberta Rodrigues), têm um relacionamento aberto.

Mais do que isso, são adeptos da prática de troca de casais, vivem superseguros com a escolha e tentam convencê-los de que é possível ser muito feliz levando esse estilo de vida, digamos, mais liberal. É aí que começa uma série de acontecimentos que vai abalar a vidinha mais ou menos do casal, enquanto o roteiro aborda as inseguranças que iniciar uma prática dessas causa e como cada um irá lidar com elas.

Crítica | Dois + Dois 1
Dois+Dois / Divulgação

Através de um assunto que, inicialmente parece apenas engraçado, o roteiro vai crescendo e a comédia diminui, para se tornar uma análise sentimental mais profunda. Depois que o casal resolve passar por cima do medo de se apaixonar por outro e mergulha nesse mundo, é explorado de maneira intima os sentimentos causados pela mudança de vida. Segundo o diretor e roteirista Marcelo Saback, a ideia de abordar o romance do casal e como a prática influencia na vida deles foi uma decisão bem pensada por ele, que acha que é preciso se aprofundar nesse ângulo.

O melhor contraponto do enredo é colocar Diogo e Ricardo como sócios em uma clínica médica, mesmo sendo amigos à décadas, acabam tendo disputas por reconhecimento no trabalho e isso leva a algo mais denso quando se trata de dividir as esposas. Por sinal, um erro que ficou na trama foi a má explicação da relação entre Ricardo e Bettina, que inicialmente são namorados e há até um pedido de casamento informal, entretanto, sem que se dê esse salto temporal, são citados como casados há uma década em uma parte mais avançada no filme.

A parte cômica funciona muito bem, com o roteiro investindo mais em falas do que em situações engraçadas que podem ficar manjadas. O grande trunfo fica por parte das piadas de duplo sentido que são utilizadas a todo momento, brincando de maneira certeira com as expressões e gírias da língua portuguesa.

Crítica | Dois + Dois 2
Dois + Dois / Divulgação

Outro ponto muito positivo é a quebra de alguns conceitos ultrapassados, principalmente ao que diz respeito à mulheres. Esse longa investe bem pouco em exibir a nudez feminina, tendo mais momentos de “flashs” masculinos e os grandes acontecimentos sempre levados pela parte feminina do elenco.

Adaptado do longa argentino 2 Mais 2, Dois + Dois é uma obra divertida, com uma direção que se destaca na qualidade e uma trama que consegue entreter enquanto se aprofunda em questões matrimoniais.

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