A figura da bruxa teve mudanças nos últimos anos, deixando de ser a vilã e se tornando protagonista, uma personagem controversa e muitas vezes mal compreendida. Duas Bruxas: A Herança Diabólica (Two Witches) resgata o imaginário da mulher que causa o mal, que tem que ser temida, e que apesar da temática comum, consegue trazer frescor ao gênero.
Diversas crenças populares acreditam que o mau olhado durante a gravidez pode causar problemas tanto para a mãe quanto para a criança. É o que, provavelmente, acontece com Sarah (Belle Adams) durante um jantar com seu marido Simon (Ian Michaels) que desperta nela um sentimento de perseguição e medo. A mulher (Marina Parodi) que o casal encontrou volta a aparecer nos sonhos e em momentos de tensão de Sarah. O desenvolvimento da trama se dá a partir desse primeiro encontro que é o gatilho para que Sarah experiencie aparições no meio da noite, paranoia e a descrença do seu próprio parceiro, que encara sua apreensão como consequência da gravidez.

Como na maioria dos filmes de terror, o jump scare está presentes e em alguns momentos são previsíveis, porém não é isso o que faz de Duas Bruxas um bom filme de terror. A mistura desse elemento com cenas em que o gore é retratado de maneira escancarada fazem com que o terror psicológico fique ainda mais forte. Não são as cenas violentas que trazem a apreensão para as telas, mas a crueldade visceral e sem limites da bruxa que busca de todas as maneiras conseguir o seu objetivo, enquanto isso, Sarah se vê a cada momento mais encurralada pelas situações a sua volta, o que faz com que seja difícil tirar os olhos da tela.
Diferente de outros filmes, Duas Bruxas é dividido em duas partes denominadas O Bicho-Papão e Masha e um epílogo. As duas partes, apesar de complementares, podem ser vistas independentemente sem que haja prejuízo no seu entendimento geral. Entretanto, o casal secundário Melissa (Dina Silva) e Dustin (Tim Fox) é a constante nas duas partes. É interessante como são eles que estimulam pontos importantes nas duas partes do filme, saindo de uma posição de suporte para serem extremamente importantes para o desenrolar da história.
Na segunda parte, Masha (Rebekah Kennedy) é o grande destaque pela sua atuação que é capaz de trazer arrepios se a necessidade de nenhum efeito especial. Sua aparência e atitude aparentemente angelicais escondem algo maligno que é possível ser visto e sentido durante toda a sua aparição. Sem escrúpulos, a única coisa que importa para Masha é ter os seus desejos e vontades atendidos, não importa o que isso cause. Sua crueldade é um dos grandes pontos altos de Duas Bruxas, sem redenção, visceral, é apenas a maldade que se reflete pura e crua em Masha.

O epílogo não contempla um final encerramento para o filme, mas sim a ideia de uma continuidade que não sabemos quando e se chegará nas telas. É importante saber que o filme contém uma cena pós-crédito que dá vontade de saber o que irá acontecer a partir daquele momento. Duas Bruxas: A Herança Diabólica é um filme de terror que não decepciona, agradando fãs do gênero. A direção do filme fica a cargo de Pierre Tsigaridis que conseguiu que o longa ganhasse prêmios como o de Melhor Edição no FilmQuest Ctchulu de 2021, Melhor Maquiagem no Freak Show Horror Film Festival e Melhor Filme de Terror no Grimmfest, todos festivais de 2021.
Duas Bruxas: A Herança Diabólica estreia dia 02 de março nos cinemas.