Estamos acostumados a ver muitas adaptações de histórias famosas como Cinderela ou O Rei Leão, além de outros clássicos como Romeu e Julieta. O novo lançamento da Califórnia Films aposta no clássico Romeu e Julieta com uma pegada mais atual e debochada. É um longa que mescla romance com ação e um pouco de comédia. O resultado visto em tela poderia ter sido melhor do que o que foi entregue. A proposta é ser atual, mas não funcionou aqui.
A história base para o longa é a de Romeu e Julieta, uma tragédia escrita entre 1591 e 1595, nos primórdios da carreira literária de William Shakespeare, sobre dois adolescentes cuja morte acaba unindo suas famílias, outrora em pé de guerra. Porém, a produção encaixou a história clássica de forma mal feita. Somos apresentados ao personagem Ben Gibbon, interpretado por Diego Boneta (Meninas Malvadas 2), que é um rapaz problemático que se envolve em brigas desnecessárias para provar que é um anarquista, um fora da lei – às vezes, parece que é só para afrontar as pessoas ao seu redor. E a situação fica pior quando Mary, interpretada por Alexandra Daddario (Percy Jackson), é forçada a ir para um colégio interno na França. Assim como o boy problema, ela também está fora dos padrões e também é uma desajustada. Ambos de famílias ricas, porém incompreendidos e proibidos de se amarem devido a rixa que existe entre seus pais.

A estética do longa não é ruim e podemos ver que o longa em sua maior parte concentra cenas noturnas com direito a luzes coloridas e entrega um efeito legal. Além disso, a trama mescla sequências animadas com live action e não é um recurso ruim, mas a montagem não soube como amarrar a produção, pois o longa tem boas cenas e boas sequências, mas o seu início é chato. Outro detalhe que pesou um pouco foi a narração em off que poderia ter sido aproveitado de uma outra forma e usado com mais parcimônia é enfadonha e conta mais detalhes do que deveria. Billy Crudup fez um trabalho ruim como narrador.
Em Entre Beijos e Tiros, as atuações são básicas e nenhuma chega a ser tão impressionante. A dupla de protagonistas não entregam seus melhores papéis e deixam a desejar no quesito química. Por ser um amor proibido, falta paixão, faísca, falta o querer e a vontade impetuosa de amar, mas eles parecem entediados um com o outro. Inclusive, foi adicionado um triangulo amorosos envolvendo o casal de protagonistas e o vilão que é caricato e chega a ser ridículo. É muita tensão e gritaria o tempo todo e sem uma justificativa plausível que convença o espectador. A cena mais bizarra é quando ele está num clube e apanha de um cara que o chama de coelhinho. Francamente, né??? O melhor amigo de Ben, Makul, tem uma vibe legal, mas mal desenvolvido e fora que fala pouco. Os pais de Mary e Ben são um time de patetas, as mulheres não se impõem e os homens são toscos em todos os sentidos. A trilha sonora também é fraca e não emociona.

Esperava-se mais da produção que poderia ter desconstruído valores arcaicos acerca do que foi apresentado na história original de Shakespeare. O roteiro não consegue vender a história que poderia ter tido um desenvolvimento mais harmonioso e satisfatório. É interessante reviver histórias clássicas com uma pegada mais atual, porém o conjunto arquitetônico da obra é um fiasco. A propósito, a direção parece ter fetiche por tela dividida e letras em caixa alta, pois abusou muito desses artifícios que não enriqueceram a trama.
Mas se o objetivo é assistir algo que não te faça pensar muito, apenas pelo critério de se divertir, é uma boa pedida já que não busca discutir muito os assuntos. Algo interessante que poderia ter sido desenvolvido é a questão da confidencialidade de dados pessoais, mas o longa inseriu a subtrama e depois esqueceu dela.
Com direção de Collin Schiffli, Entre Beijos e Tiros, traz no elenco Alexandra Daddario, Diego Boneta e Travis Fimmel, disponível nas plataformas Claro Now, iTunes/Apple Tv, Google Play, Amazon Prime, Vivo Play e Sky Play a partir do dia 12 de novembro.