Fale comigo (Talk to me) é o filme que os amantes de terror e posessão estão ansiosos para chegar aos cinemas, com uma proposta que não chega a ser inovadora, consegue extrair o melhor para entregar um longa que pode ser considerado um dos melhores do ano até o momento.
Em uma festa cheia de adolescentes, um acontecimento cruel marca o início de um ciclo perturbador e vicioso que em um primeiro momento parece motivado por drogas ou um surto psicótico que resulta em uma pessoa sendo atacada pelo próprio irmão e seu posterior suicídio. Esse é um bom reflexo do clima geral de Fale Comigo, as tragédias que acontecem em um ambiente descontraído e festivo, que faz os envolvidos transitarem rapidamente da euforia ao desespero.
A vida de Mia (Sophie Wilde) já enfrenta um grande desafio ao tentar entender e passar pelo luto de perder a sua mãe, enquanto precisa lidar com a convivência com o pai, busca refúgio na família de sua amiga Jade (Alexandra Jensen), mantendo laços com o irmão mais novo dela, Riley (Joe Bird) e sua mãe Sue (Miranda Otto). Procurando fugir da melancolia, Mia convence Jade e seu namorado Daniel (Otis Danjhi) a irem em uma festa, onde a grande atração é uma mão de cerâmica amaldiçoada e que permite a comunicação com seres do outro mundo.

Mia acaba se viciando em buscar esse contato com espíritos que causa uma sensação de euforia e adrenalina. Essa mão é também o meio que essas almas podem entrar no corpo das pessoas, as regras são claras – no máximo 90 segundos. Em um desses momentos de descontração com os mortos, tudo se complica ao se comunicarem com o espírito da falecida mãe de Mia, que desencadeia uma série de acontecimentos nefastos e que irão bagunçar a percepção e a sanidade de todos os envolvidos.
O ambiente de Fale Comigo é um bom reflexo do estado mental de Mia e sua percepção do mundo ao seu redor, suas incertezas e até mesmo a perseguição espiritual que está enfrentando. A presença de poucos personagens ajuda a história a se manter focada, com poucos desvios do enredo principal. Apesar de ser um filme de terror, ele não depende de Jump scares e gore para conseguir criar um clima pesado entre os personagens, mesmo quando essas cenas estão presentes elas não estão desconexas do contexto, sem exageros e na quantidade ideal.

Mesmo com um final quase que esperado, o filme consegue fechar o seu ciclo sem recorrer a pulos forçados no enredo, dando um desfecho satisfatório, mas com pontas abertas para uma possível continuação. Alguns conflitos ficam sem uma solução certeira, ficando apenas a visão não confiável de Mia sobre os seus destinos. Fale Comigo mostra que os filmes de possessão podem ter um bom caminho a ser explorado, com situações mais plausíveis e focando em um bom roteiro, sem grandes desvios da linha principal.
Fale Comigo (Talk to me) estreia dia 17 de agosto nos cinemas!