Crítica | Fervo

Gliter, assombrações e assuntos inacabados. Fervo é um filme sobre relacionamentos com personagens LGBTQIA+, baseado em Poltergay, filme de 2006 de Eric Lavaine e dirigido por Felipe Joffily.

Seguir em frente nem sempre é fácil, ainda mais quando o passado impede que novos passos sejam dados. O sentimento de angústia pelo o que não foi dito, as oportunidades que foram perdidas persistem e são difíceis de serem esquecidos. A vida nem sempre dá uma segunda chance para amarrar as pontas soltas que ficam perdidas pelo caminho, entretanto, os fantasmas de Lara (Renata Gaspar), Mo Nanji (Rita Von Hunty) e Diego (Gabriel Godoy) terão uma chance para acertar as contas e seguir para o além-vida com a chegada de Leo (Felipe Abib) e Mariana (Georgiana Góes) no imóvel onde ficava a boate Fervo.

O casal percebe que coisas estranhas estão acontecendo no imóvel como luzes que se apagam, equipamentos que ligam, porém, não prestam tanta atenção ao que os fantasmas estão causando. Essa interferência gera atrito na relação de Leo e Mariana que já se encontra abalada. Após uma briga, Leo consegue ver e se comunicar com os fantasmas que estão presos ali e pede ajuda ao vidente Jonas (Paulo Vieira) para ajudar a libertar os espíritos daquela situação.

Com muito humor, Fervo explora a situação de cada um dos moradores da antiga boate, seus arrependimentos e dores. Até mesmo o encontro com a Morte (Joana Fomm) é levado com leveza e bom humor. Com uma linguagem cômica, mesmo quando estão abordando assuntos que podem ser considerados delicados, a abordagem consegue fazer com que não caíam no tabu do que não pode ser dito.

Fervo estreia em um momento em que muitos ainda estão enfrentando a perda de parentes e pessoas queridas pela pandemia de COVID-19, podendo causar um sentimento catártico ao permitir que o trio de fantasmas se resolvam com seu passado e possam expressar seus sentimentos pelos que ainda estão vivos. Com um final que mistura sorrisos e lágrimas, Fervo lembra a cada um da importância de expressar seus sentimentos. Nunca sabemos quando será o último momento, o que não foi dito pode gerar arrependimentos que apenas irão se acumular com o tempo. A Morte estará sempre presente, em todos os momentos, apenas aguardando a sua vez, por isso, é importante celebrar cada instante, cada pessoa, cada sentimento. Talvez, seja por isso que Fervo acaba em uma festa, em uma celebração a cada um e todos que estão ali, vivos ou em pensamento. É difícil não se emocionar e sair do cinema com aquela sensação de que, pelo menos por alguns instantes, as coisas podem ser diferentes.

Fervo estreia em 20 de janeiro nos cinemas em uma parceria da Star Original Productions e Movie&Art!