Quem conhece a carreira de Ryan Reynolds (Deadpool), sabe que ele é talentoso e tem bons personagens no currículo e com o personagem Guy ambientado num universo virtual não será diferente. Fato é que, está na moda fazer adaptações de videogames para as telonas. Às vezes, não dá certo e às vezes dá muito certo e se for para dar certo, o grau de sucesso vai depender da fórmula mágica! Como assim? Um bom roteiro, um bom diretor, uma boa equipe de produção e pós produção, bons atores e voilà, temos um bom filme. Mas não é tão simples e trivial da forma como mencionei anteriormente. No entanto, pode ser que o diretor Shawn Levy tenha usado sua criatividade e feito do novo longa da Disney, um acerto em meio a tantos filmes bizarros que são do gênero.
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O longa estrelado por Ryan Reynolds, Free Guy: Assumindo o Controle, ele é o personagem Guy que é um NPC, personagem não jogável, dentro de um jogo chamado Free City, a gigantesca cidade online que é a casa do game mais popular do mundo. Com uma pegada mesclando GTA e Mario Kart, o famoso Free City é o lar de muito jogadores espalhados pelo mundo que faz o que nós fazemos quando jogamos no nosso tempo livre, nos comunicamos com os outros jogadores, xingamos, passamos horas a fio em frente a uma tela e tudo o mais. Na comunidade gamer, eles matam, roubam e acabam com as vidas dos personagens não jogáveis que se comportam da mesma maneira de sempre e isso não é relevante para um NPC, pois ele é reiniciado e a vida que segue novamente. Guy está seguindo sua vidinha monótona com a sua camisa azul e a sua calça cáqui até que ele se depara com a MotolovGirl e ele começa a querer sair desse mundo engessado para o qual foi criado.

“Não tenha um bom dia, tenha um ótimo dia!” – Guy
O sentimento que o NPC desenvolve pela personagem que é uma jogadora real, cujo nome verdadeiro é Millie, interpretada pela talentosa Jodie Comer, faz com que ele saia da programação de origem e tenha “vida” própria e isso acaba afetando Free City. Ele precisa impressionar a garota e consequentemente ele acaba se comportando como um jogador, ganhando pontos, subindo de nível e realizando missões. A partir daí, vemos que Free Guy tem essa capacidade de exemplificar numa telona, por exemplo, os bugs, os gaps de um jogo virtual como Free Fire, por exemplo. Além de menus, fases secretas, referências, aparência, enfim, todas as funções que podemos ver num jogo virtual existente.

Por mais bizarro que possa ser, o diretor Levy não quis adaptar um jogo em si, ele estudou e buscou transpor a vivência de jogar, a experiência do jogador quando muda a cor do carro ou da roupa quando mexe no menu ou por meio de bônus para conseguir ultrapassar um obstáculo, por exemplo. E é nesse diferencial que o longa se distancia de muitas produções do gênero, pois ela não se limita e inova com uma criatividade que diverte e aquece o coração do espectador. Sim, o diretor e sua equipe souberam compreender o meio que estava sendo representado e fizeram disso uma aventura incrível.
Curioso ou não, Free Guy se assemelha com outro filme de mesma proposta, o famoso Space Jam: Um Novo Legado. O longa da Disney é quase que uma homenagem ao currículo de fazer inveja da produtora e da sua divisão, 20th Century Studios. Como assim? O longa referencia longas conhecidos como Os Vingadores, Star Wars e muitos outros, porém aqui vemos que foi de uma maneira mais natural, foram transições que cabiam e não destoava tanto. Mas, com o talento de Ryan Reynolds não é tão difícil fazer um filme engraçado, não é mesmo?! Como já visto em Deadpool, o ator tem um timing perfeito e ele está livre para brincar com o personagem e de forma criativa ele se adapta ao longa sem muita dificuldade. Aqui mesmo sendo um NPC que se tornou um jogador, ele mantém a ingenuidade, ele não quer matar ou roubar, ele quer ser o bom moço, gentil, educado, amável e com essa mentalidade ele se torna um fenômeno e faz com que muitas pessoas se inspirem nele. E o mais interessante é ver que ele não é uma caricatura, uma farsa.
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Porém, nem tudo são flores. Percebemos que Guy está fora de sua programação e isso acontece devido ao código de IA usado por Millie que trabalha como desenvolvedora de games junto com seu parceiro Keys, interpretado por Joe Keery, que poderia ter tido mais relevância para a trama. Inicialmente eles trabalhavam juntos, desenvolvendo jogos e a proposta era criar NPCs com capacidade de crescimento orgânico antes de venderem o negócio para o bilionário Antoine, personagem de Taika Waititi, que está caricato e forçado – o que é aquela capa de jeans que ele está usando? Ele é debochado, um péssimo líder e não é tão astuto assim. Enquanto Millie processa o executivo por acreditar que o código de seu antigo projeto está escondido dentro de Free City, Keys trabalha para ele e no decorrer do longa Keys começa a ajudar Millie a provar que Antoine está usando o seu projeto de forma ilegal para aumentar o realismo e obter mais lucro.
Embora, o longa seja divertido e tenha algumas cenas muito legais, os efeitos são bem pensados e a trilha sonora bem pertinente para a produção, o longa tem alguns furos no roteiro e alguns momentos e atitudes de alguns personagens são forçados demais. Jodie Comer está incrível com sua personagem Millie/MotolovGirl. Ela tem uma bagagem que a ajudou a se preparar para a personagem. Ryan Reynolds está muito bem também. Porém, faltou um pouco mais de destaque para Joe Keery e o vilão de Taika Waititi está caricato, bizarro e forçado. O longa funciona muito bem no virtual, deixando a desejar na realidade que tenta transmitir. Apesar disso, o final é fofo e se você gosta de um pouco de romance, vai se emocionar com a “carta” de amor recitada bem nos minutos finais.
Lembrando que o longa tem data de lançamento para o dia 19 de agosto. A produção ainda conta com Channing Tatum, Utkarsh Ambudkar e Lil Rel Howery que garantem a diversão e boas risadas.