Uma trama cotidiana que acompanha a vida de quatro amigas, e seus relacionamentos, em um bairro de Nova Iorque não é algo incomum de se ver na televisão. Ao longo dos anos várias séries investiram nessa premissa. Harlem chega trazendo mais uma vez essa proposta, porém, por seu conteúdo sobre questões raciais e femininos, consegue um destaque entre as outras.
A produção da Amazon Prime Video, em conjunto com a Universal Televison, é ambientada no bairro que dá nome à série, seguindo quatro melhores amigas ambiciosas. Camille (Meagan Good) uma professora em ascensão lutando para abrir espaço em sua vida amorosa; Tye (Jerrie Johnson), uma empreendedora de tecnologia sempre namorando alguém nova; Angela (Shoniqua Shandai), uma cantora sem filtros e equalizações; e Quinn (Grace Byers), uma estilista romântica e desesperada.
Enquanto explora os relacionamentos de cada uma, a trama acompanha as dificuldades de mulheres e negras na cidade, batalhando principalmente no campo profissional para ter seu reconhecimento. Através de situações divertidas, e até mesmo absurdas, o roteiro apresenta críticas sérias sobre racismo, abusos contra mulheres, menosprezo e muitos descasos com a comunidade LGBTQIA+.

A criadora Tracy Oliver faz um ótimo trabalho para mostrar como série como Harlem são necessárias para a comunidade negra. Entretanto, mesmo que o foco principal seja esse, há várias questões apontadas que refletem na vida de qualquer mulher, como o descaso médico em análisar problemas menstruais, por exemplo, que acabam representando todas as etnias femininas.
Investindo na comédia, mas tratando de assuntos muitos sérios, Harlem se torna uma série leve de assistir e aposta no absurdo cômico para levantar críticas necessárias. É uma produção que promete conquistar aos públicos mais diversos, mas com um carinho especial da comunidade que se sentirá devidamente representada pelos acontecimentos em tela.