A cantora e atriz Judy Garland foi um grande fenômeno e uma das maiores artistas entre os anos 30 e meados de 60. Garland que deu vida a jovem Dorothy Gale, de O Mágico de Oz e fez parte do elenco de Nasce Uma Estrela de 1954, era uma das queridinhas do público e ficou conhecida por ser considerada uma artista completa. Mas sua vida não foi feita apenas por holofotes e luxo, ela foi desde pequena preparada para se tornar um produto dentro do mercado cultural e devido a isso, desenvolveu diversos problemas – e é justamente esse outro lado de sua vida que a cinebiografia Judy: Muito além do arco-íris aborda.
O filme adaptado da peça teatral Rainbow’s End de 2012, mostra que devido seu vício em remédios e álcool, Judy Garland (Renée Zellweger) nos seus últimos anos de vida teve sua carreira em baixa e por isso, aceitou a proposta de estrelar uma turnê em Londres, mesmo que este trabalho a mante-se afastada dos seus dois filhos. O longa além de retratar com detalhes os últimos momentos dessa sua turnê, trás vários flashback de Judy em sua infância mostrando como foi difícil para ela desde pequena viver em favor da indústria cinematográfica.
Garland iniciou sua carreira muito cedo e em partes foi abandonada por sua família que tinha intenção apenas em seus lucros. Por nascer no início do cinema falado – em 1922 – quase todos os diretores daquela época visava apenas a beleza das atrizes, deixando de lado seu bem-estar físico e mental. Isso é mostrado no filme com os flashbacks da infância de Judy, que em certos momentos era proibida de comer e dormir, afim de não engordar e passar o maior número de tempo possível ensaiando para dar vida aos seus personagens. Devido a isso, Judy desde sua adolescência viveu a base de remédios que em longo prazo causou diversos prejuízos em sua vida, inclusive a levando a morte.
Por se sentir uma pessoa solitária Galarnd buscava no público, e em qualquer pessoa que se aproximasse dela, o afeto que nunca teve de sua família, talvez por isso a atriz foi casada quatro vezes, inclusive sua última união é retratada no longa, onde Judy após conhecer Mickey Deans (Finn Wittrock) em uma festa, se apaixona pelo rapaz que faz uma surpresa para ela indo visita-la durante sua turnê em Londres. Em poucas semanas eles decidem se casar e assim como foi rápido a formalização da união entre os dois, assim também foi o término – deixando a atriz em uma tristeza profunda e ali inicia o declínio de sua turnê.
A produção mostra de forma genial todas as faces da cantora, tanto em seus momentos de felicidade como os de tristeza. A trama caminha por todo o estado mental de Judy, que nos seus últimos momentos de vida se joga de cabeça no seu vício ao álcool. Inclusive, no declínio de sua carreira, ela chega bêbada aos shows e é vaiada pelo público, por sua falta de compromisso a sua última turnê é cancelada.
Após ganhar o Oscar de melhor atriz coadjuvante em 2004 pelo filme Cold Mountain, Zellweger se afastou da indústria cinematográfica e por um bom tempo ficou sumida da mídia. Ela retornou em 2016 atuando na série Dilema da Netflix e agora fez o seu retorno triunfal em Hollywood, justamente com a obra Judy: Muito Além do arco-íris que a fez ganhar o Globo de Ouro e se tornar uma forte candidata ao Oscar 2020 de melhor atriz.
Zellweger assim como Judy Garland foi por muito tempo desprezado pela mídia, porém Renée conseguiu dar a volta por cima justamente interpretando de forma brilhante a Judy. Em muitos momentos do filme a bela atuação dela te levará a emoção.
Os únicos pontos negativos da produção é falta de foco na história dos demais personagens e mesmo com um final emocionante, parece que ficou faltando algo. Esse ‘algo’ talvez seja como foi os últimos momentos da vida de Garland.
O longa dirigido por Rupert Goold ainda traz no seu elenco Jessie Buckley e Rufus Sewell e estreia dia 16 de janeiro no cinemas de todo o Brasil.