Crítica | Medo Profundo- O Segundo Ataque

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Medo Profundo – O Segundo Ataque não é uma continuação do primeiro filme da franquia e sim uma trama totalmente independente. Aqui vemos quatro adolescentes amigas de colégio (Corinne Foxx, Sistine Stallone, Sophie Nélisse e Brianne Tju) passando apuros ao explorarem às escondidas uma cidade maia submersa na península de Yucatan, México. Uma vez lá dentro, a empolgação das jovens se transforma em terror quando descobrem que as ruínas submersas são um campo de caça para grandes e mortais tubarões brancos.

 

Como é comum nesse tipo de produção, as atrizes/personagens são todas bonitas e, podemos dizer, “padrãozinho”, ainda que o quarteto seja etnicamente diversificado: duas louras, uma negra e uma asiática. E assim como no filme anterior, tanto suas personalidades quanto suas relações e dramas pessoais são tratados de forma rasteira e superficial. Fica extremamente difícil se identificar ou mesmo se importar com tipos tão rasos. Na verdade, elas podem ser facilmente descritas da seguinte maneira:

 

Mia – a protagonista tímida que sofre bullying das garotas “populares” da escola; Sasha – filha da atual esposa do pai de Mia, é a personalidade forte e geniosa da turma; Alexa – a curiosa espevitada; Nicole – a sem noção.

 

De início o espectador é levado a crer que Mia e Sasha não se dão bem. Mas os motivos disso nunca são explicados. Mesmo porque assim que a trama entra definitivamente no suspense de sobrevivência tudo isso é sumariamente ignorado. O pai de Mia, Grant (John Corbett) é um experiente mergulhador que mudou-se com a família para Yucatan com o objetivo de investir no turismo junto às ruínas maias, consideradas o maior sítio arqueológico submerso do mundo. Aparentemente, Sasha e Mia não gostaram nada da mudança. Mas a coisa muda de figura quando Alexa as convida a mergulhar num trecho novo e até então desconhecido das ruínas.

 

Contudo, um incidente as aprisiona no labirinto submerso, que está infestado de tubarões brancos – mais precisamente uma variedade cega da espécie que se adaptou perfeitamente ao ambiente sem luz (algo, diga-se de passagem, perfeitamente possível do ponto de vista biológico). E do lado de fora, em mar aberto, estão os espécimes “comuns” do Golfo do México. Ao menos no que diz respeito aos animais, o longa não peca tanto. Os tubarões digitais estão muito convincentes e, com exceção de um e outro exagero típico desse gênero cinematográfico, se comportam como predadores reais e não como máquinas assassinas imparáveis.

 

Crítica | Medo Profundo- O Segundo Ataque 1
Medo Profundo- Segundo Ataque | Imagem: Paris Filmes

 

Se os animais convencem, o mesmo não pode ser dito do roteiro e dos personagens. Pra começar, duas das garotas, que nunca mergulharam, aprendem a dominar o equipamento quase que imediatamente. E como elas falam! Milagre (leia-se trapaça do roteiro) o oxigênio dos seus tanques ter durado tanto tempo. Essa é apenas uma das facilitações da narrativa. A pior delas talvez seja a resistência sobre-humana que algumas personagens adquirem no momento em que são mordidas pelos tubarões; praticamente uma pele de aço.

 

Se há um ponto onde o filme acerta, com certeza é no suspense. O ambiente claustrofóbico aliado a escuridão e ao tenso som da respiração das adolescentes é tão imersivo (sem trocadilhos) quanto angustiante. Destaque para a sequência em que elas precisam atravessar um trecho de redemoinho com fortíssima correnteza. Pena que esse recurso (usado com eficiência nos dois longas) seja interrompido mais de uma vez por jump-scares.

 

Trata-se de um filme que agradará apenas quem procura um suspense descompromissado com sustos fáceis. Pode aborrecer especialmente os entusiastas do mergulho e vida marinha mais exigentes. Mais uma diversão perfeitamente esquecível.

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