A Disney+ lança sua primeira produção nacional com foco em Ficção Científica, utilizando um tema que anda muito em moda ultimamente: Multiverso.
Em uma trama juvenil, Mila no Multiverso utiliza a viagem entre universos guiada pela protagonista adolescente, que está em busca de sua mãe. Filha de uma cientista (Malu Mader), Mila (Laura Luz) recebe um aparelho inventado por ela em seu 16º aniversário, que permite trocar de consciência com suas versões de outros universos. Porém, sua mãe foge de perseguidores antes de explicar como funciona e a garota agora precisa entender como voltar para sua consciência original, enquanto tenta encontrar sua mãe.

Os universos e suas interessantes versões diferentes funcionam. O roteiro investe em colocar elementos que fazem sucesso comprovado entre o público, como botânica, presente em inumeras obras famosas, e delega seu alívio cômico através de Pierre (Dani Flomin), que chama atenção com diálogos afiados e certeiro, além de servir como o ponto de explicação para Mila (e o público) de como tudo funciona.
Mila no Multiverso investe também em diversidade, usando de um elenco cheio de representatividade, e de personagens que lutam contra injustiça social. Em vários momentos pequenos, críticas e informações sociais são espalhadas pela trama, dando um toque especial na série, que investe em uma boa mensagem.

O relacionamento entre mãe e filha também é um ponto muito explorado na produção. No auge de seus 16 anos, Mila está mudando, começando a ter seus relacionamentos, conhecendo o amor e precisa de sua mãe ao lado, mas essa estava sempre ausente. Essa busca serve como mote para aproximar as duas, lidando com os pontos importantes da relação maternal.
Entretanto, esse argumento é exatamente o que cai em clichês recorrentes da temática que atrapalham bastante a experiência. A formatação dos personagens se torna automáticamente o mesmo visto em toda obra que envolve ciência, deixando cenas “forçadas” e momentos que claramente podiam ser melhores trabalhados para fazer o ponto desejado.

Mila no Multiverso também não consegue escapar dos clichês de Sci-fi, que se mostram abundantes ao longo da trama. Personagens robóticos manjados, vilões caricatos e previsivéis e apelos visuais que já se tornaram cansativos na temática se mostram presentes em praticamente todos os episódios. Há buracos em explicações e atitutes que se tornam dificeis de deixar passar, mesmo para um público juvenil, que já percebe de longe esses argumentos manjados.
Uma aposta interessante da empresa, finalmente investindo em explorar gêneros que já há muito deveriam ser explorados no Brasil, Mila no Multiverso possui universos engraçados e interessantes, com uma trama leve, mas que não deixa questões importantes de lado. Entretanto, peca ao cair em clichês do gênero e explicações rasas que atrapalham a experiência da série.
Mila no Multiverso estreia dia 25 de janeiro no Disney+.