Crítica | O Clube dos Canibais

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Em 1864 a Rua do Arvoredo foi palco para um crime que se tornaria muito famoso, a ponto de se basear o livro O Maior Crime da Terra, escrito por Décio Freitas, que viria a ser a inspiração para o novo longa-metragem de Guto Parente, O Clube dos Canibais.

A obra literária aborda os citados assassinatos de 64, onde um casal atraía suas vítimas para casa, as matava, esquarteja e produzia linguiças de carne humana que eram vendidas em um açougue da cidade e muito apreciadas pela população. As vítimas eram homens seduzidos por Catarina Palse, que os fazia acreditar que ela iria para a cama com eles, mas que acabavam assassinados por seu marido, José Ramos.

Já a adaptação dirigida e roteirizada por Guto Parente, é uma versão moderna do crime, que se passa em dias atuais e apresenta Otávio (Tavinho Teixeira), dono de uma empresa de segurança que ao lado de sua esposa Gilda (Ana Luiza Rios) tem o estranho hábito de comer seus empregados. Fazendo parte do Clube dos Canibais, um peculiar clube formado apenas por pessoas da elite que possuem atração por um ritual específico de assassinato e degustação de suas vítimas, Otávio parece viver muito bem nessa situação, até que sua esposa descobre um grande segredo de um poderoso deputado membro do clube e coloca a vida do casal em perigo.

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Tavinho Teixeira e Ana Luiza Rios em ‘Clube dos Canibais’

Parente declarou abertamente a sua vontade de colocar elementos gore no longa, mas não é isso que vemos ao assistir a obra. Com exceção da primeira morte provocada pelo casal, as cenas não são chocantes e não pendem para o absurdo da comédia, em vários momentos a violência fica pra segundo plano, muito bem representada pelos sons e cortes certeiros.

Em relação aos detalhes, a produção faz um ótimo serviço. Sem fazer uso de explicações desnecessárias, o roteiro passa claramente a ideia por trás de cada atitude, inclusive o ritual de assassinato, que vai além de uma perversão pela maneira como é executada e os mais atentos conseguem perceber o motivo. Com a modernização da trama, há espaço para criticar a sociedade atual e os falsos idealismo da elite brasileira, que são muito bem inseridos em diálogos, sem a necessidade de grandes explicações para serem totalmente entendidas pelo público.

A simplicidade é o maior ponto positivo de O Clube dos Canibais, as poucas palavras, atitudes e olhares que deixam claro tudo que precisa ser abordado nas cenas dão uma enorme qualidade ao longa. Entretanto, é essa simplicidade que traz também o ponto negativo do filme: a rapidez. Sem a necessidade de se prolongar nos detalhes, tudo acontece muito rápido e ao término da obra, fica a impressão de que faltou algo, de que a trama apresentada teria algo mais a dar, mesmo que não se saiba exatamente o quê.

O elenco faz bem seu serviço, mas suas atuações não possuem nada de excepcional e mesmo que passem as emoções necessárias para o momento, deixam um pouco a desejar em algumas ocasiões.

Esses pontos negativos em nada estragam a experiência do filme, que serve como um bom entretenimento para os fãs da temática criminal e violência, apenas pesam para a qualidade geral do longa, que mostra que poderia ser melhor.

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