O Jardim Secreto de Mariana, escrito e dirigido por Sérgio Rezende, estreia no dia 30 de setembro nos cinemas brasileiros. A trama mostra um período de separação, amadurecimento e reconstrução do romance entre Mariana (Andréia Horta) e João (Gustavo Vaz), um casal apaixonado que parece ter a vida perfeita. A relação entre os dois parece ser indestrutível, porém, eles começam a se desgastar pela impossibilidade de gerarem um filho e o que poderia ter sido resolvido com diálogo e compreensão de ambas as partes se torna um espaço tomado pela indiferença, mágoa e ressentimento. O casal de protagonistas termina de maneira traumática e as consequências para ambos são cicatrizes dolorosas na alma. De forma muito real e verdadeira, o longa trabalha as dores e os amores de se amar alguém. Num momento complicado pelo qual toda a humanidade passa, filmes que retratam os laços entre as pessoas se mostram cada vez mais essenciais.
O longa tem um roteiro bem construído e conta uma trama muito interessante e nos faz questionar até onde iremos em busca de algo. É possível entender ambos os lados. De um lado, João, que se isola, se fecha, se distancia de Mariana, pois ele é estéril e não consegue dar para a esposa aquilo que ela tanto quer, um filho. Já Mariana, após a distância do marido, a frieza com que ele tem tratado ela, faz com que a protagonista procure outros meios de ter aquilo que ela quer, embora a culpa a persiga, ela vai assim mesmo. No entanto, pelo discurso da personagem, quando se trata de julgamento, ninguém estende a mão para a mulher. Ambos erraram, mas ela foi mais apedrejada pelas críticas alheias de ter feito o que fez.

Após cinco anos de uma separação estressante, João decide partir numa longa jornada de bicicleta para reencontrar Mariana e convencê-la de que o romance nunca deveria ter acabado. Será que o amor resiste a tudo? Então, eles se reencontram e pouco a pouco se confrontam, se beijam, trocam confidências, procuram o caminho de volta de um para o outro e em meio a dor e a paixão intensa, eles tentam se conectar e consegue do jeito deles. É interessante ver como cada um seguiu em frente, entre os altos e baixos, eles se recuperaram, aprenderam, aceitaram e buscaram compreender o passado para que pudessem seguir em frente no presente.
Um dos personagem que tem uma breve passagem na trama diz que “Às vezes, para ter o bom, é preciso passar pelo que é ruim” e é algo que resume bem a essência da obra, O amor é posto em xeque e resiste, pois é um laço forte que mesmo com a mágoa e o ressentimento, sobrevive. Inspirado em um de seus documentários, “O Cinema É meu Jardim” (2004), Sergio Rezende contou com a parceria de sua filha, a escritora, poeta e editora de cinema Maria Rezende.
Às vezes, para ter o bom, é preciso passar pelo que é ruim
A trilha sonora está em harmonia com o longa. As atuações são impecáveis. A fotografia é bonita, porém os espaços que serviram de locação revelam a beleza natural do Brasil. O longa “O Jardim Secreto de Mariana” foi rodado ao longo de quatro semanas no Instituto Inhotim, em Minas Gerais, e em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. Além disso, o longa-metragem é dirigido e escrito pelo cineasta Sergio Rezende, conhecido por obras como “O Homem da Capa Preta”, “Guerra de Canudos” e “O Paciente – O Caso Tancredo Neves”. O filme tem produção da Arpoador Audiovisual e da Morena Filmes e coprodução da Globo Filmes. A distribuição é da H2O Films.