Um dos humoristas de maior relevância na Alemanha, Hans-Peter Kerkeling consagrou-se no mundo artístico também como ator, apresentador e roteirista. O que muitos de seus fãs sequer imaginam é que a sua infância foi uma verdadeira história de tragédia — que ele transformou em humor.
Fazer uma cinebiografia é tarefa arriscada. Especialmente quando se trata de alguém muito famoso e celebrado em seu país, mas não tão conhecido fora dele. E muitas vezes, a direção e o roteiro exploram demais o drama, utilizando recursos poéticos que nada adicionam a vida da pessoa.
“O Menino que Fazia Rir”, felizmente, é um grande acerto. Trata-se de um bom drama, que emociona sem apelar para a pieguice. E que nos apresenta alguém real, sem afetações ou eudeusamento.
A trama se concentra na infância do comediante alemão Hans Peter Wilhelm “Hape” Kerkeling, em especial entre 6 a 9 anos de idade, quando ele teve as duas maiores perdas da sua vida num intervalo de pouco mais de um ano. A primeira foi a avó materna, a quem era muito próximo. A segunda foi a sua mãe.
A história é mostrada com leveza e honestidade. Sem juízo de valor ou maniqueísmo, percebe-se não apenas o extraordinário talento que ele demonstrou desde muito cedo para imitar pessoas (a ponto de roubar a cena como coadjuvante no teatro da escola), como também que seu núcleo familiar sólido (pais, tios e avós amorosos) foi essencial tanto na sua formação quanto na superação das suas perdas.
O elenco é ótimo e o ator mirim Julius Weckauf dá um show. A fotografia também é muito boa.
Uma boa pedida para quem gosta de filmes biográficos.
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