Crítica | O Poderoso Chefão: 50 Anos Depois

A edição de comemoração dos 50 anos do lançamento de O Poderoso Chefão, mostra que o filme continua a ser um dos melhores da história do cinema.

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O Poderoso Chefão” (“The Godfather” no original) é, indiscutivelmente, um dos grandes clássicos da história do cinema, um monstro sagrado praticamente intocável dentro da sétima arte. A possível obra magna de Francis Ford Coppola carrega, além de seus inúmeros prêmios e reconhecimentos, os méritos de ter gerado uma continuação praticamente tão memorável (para alguns, ainda melhor) quanto o primeiro filme.

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Além disso, ele foi o carro-chefe de todo um gênero de filmes que atingiu extrema popularidade desde os anos 70, e que ainda mostra alguma capacidade de se renovar (mesmo que os tempos de mafiosos de famílias tradicionais europeias já tenha há muito passado), como ocorreu na primeira década dos anos 2000 com “Os Infiltrados”, ou em tempos mais recentes, com “O Irlandês” (ambos com direção de Martin Scorcese).

É inegável que “O Poderoso Chefão” seja um marco eterno de uma época muito diferente da atual, por isso é importante que nos perguntemos se o filme teria o mesmo impacto e relevância 50 anos depois.

A verdade é que sim. Após assistir a versão comemorativa pelos 50 anos do seu lançamento original, é impossível negar que ele continua sendo um dos melhores filmes da história do cinema. Tudo nele é primoroso (e a remasterização parece tornar isso ainda mais evidente).

O elenco é simplesmente a gala do cinema (50 anos se passarm e Marlon Brando e Al Pacino continuam praticamente insuperáveis), o roteiro de Mario Puzzo tem uma qualidade raramente alcançada (com trechos icônicos, reviravoltas, desenvolvimento de personagens, imersão na trama, tudo praticamente sem defeitos), a produção é impressionante mesmo para os nossos dias, e a direção de Coppola não apenas ocorre praticamente sem erros, mas leva o filme ao mais próximo da perfeição que é possível estar.

É raro um filme de 50 anos envelhecer tão bem e, se isso acontece, ele realmente merece ser chamado de obra-prima. Talvez um aspecto “técnico” que possa trazer alguma discussão para audiências mais recentes é a sua longa duração, o que pode fazê-lo parecer um pouco arrastado em alguns pontos, mas esta é uma característica comum ao gênero, e mesmo suas abordagens mais recentes (como os já citados “Os Infiltrados” e “O Irlandês”) mantém essa tradição de desenvolvimento meticuloso da trama.

É claro que se o filme fosse lançado hoje, suscitaria diversas discussões, como a romantização de criminosos de origem europeia (com seus valores e tradições familiares, bem como a resistência da máfia italiana em adotar o tráfico de drogas), algo que dificilmente gera a mesma empatia quando são retratadas organizações criminosas lideradas por indivíduos de outras origens étnicas; ou talvez o fato de representar uma América que não existe mais e que não gera mais a mesma identificação no público geral, pois o tempo das gangues de mafiosos ítalo-americanos já se foi há muito, uma percepção que atingiu tardiamente Martin Scorcese com o seu “O Irlandês”, que é um filme de muitos méritos, de fato, mas cujo diretor mal conseguiu esconder o desapontamento por ter sido lançado por um serviço de streaming, não nos cinemas, como teria acontecido se o país da sua juventude ainda existisse.

Mas tudo isso é, na verdade, irrelevante em relação a “O Poderoso Chefão”. Ele foi produzido na época certa e deve ser analisado à luz de seu tempo. E principalmente, se visto apenas como obra cinematográfica, ele permanece um dos melhores filmes de todos os tempos. Esse mérito dificilmente será retirado dele.

O filme chega nos cinemas no dia 24 de fevereiro. Nas plataformas digitais em 22 de março.

Por: Wallace William

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