Crítica | Resistência

Em uma mistura de ficção científica, com toques de clássicos como 2001: Uma Odisséia no Espaço, Akira e tantos outros, Resistência (The creator) estreia com direção de Gareth Edwards – responsável por Rogue One e o reboot de 2014 de Godzilla – que também assina o roteiro em parceria com Chris Weitz.

É fácil tentar imaginar um futuro em que humanos interagem com IAs, as famosas inteligências artificiais, fazendo parte da rotina e totalmente integrados à sociedade. Nesse mundo futurístico, uma tragédia causa a separação e destruição dessas máquinas em uma guerra que separa seres vivos de autômatos, assim como o ocidente do oriente. Enquanto o ocidente trava uma guerra contra as máquinas, o oriente as protege e mantém uma relação de harmonia com elas e é nesse entrave que Joshua (John David Washington) se encontra, após uma tentativa frustrada de encontrar o líder da resistência, ao mesmo tempo em que perde contato com sua esposa Maya (Gemma Chan). Joshua é atraído para uma nova investida na esperança de encontrar Maya, a resposta do seu desaparecimento estaria em uma arma que foi desenvolvida para ajudar os autômatos em uma luta final.

Muito mais que uma luta entre humanos e máquinas, Resistência é sobre ver a história por outros olhos, entender que existem sempre dois (ou mais) lados de uma mesma moeda, e nem sempre o que contam é a realidade. A história que temos é aquela contada pelos ganhadores de disputas e batalhas, e isso fica bem evidente em Resistência ao acompanharmos como o mundo de Joshua muda ao interagir com as pessoas do outro lado e até mesmo com as inteligências artificiais. Tudo se torna mais claro conforme ele tem que realizar a sua jornada com Alphie (Madeleine Yuna Voyles), um simulante – nome dado para as IA humanóides.

Com um cenário muito bem construído, efeitos especiais que lembram os de Rogue One, Resistência é uma obra que se destaca pela atuação de Madeleine, que consegue trazer diferentes nuances para o filme. Mesmo contando com diversos simulantes, suas reações e sentimentos são bem aparentes e, mesmo que motivados pela sua programação, são tão reais quanto os dos humanos. Madeleine consegue transitar entre o humano e o robótico com muita leveza, o que se difere de tantos outros filmes de sci-fi.

A história de Resistência é simples e bem trabalhada, ainda assim, falta aquele algo especial para se tornar realmente memorável, mas contém uma ótima crítica, seja pelo tema explícito da inteligência artificial ou as problematizações que podem surgir através dele. Com certeza é o momento certo para a sua estreia, mesmo que o surgimento e uso de ferramentas que se utilizam de IA não tenha sido o que motivou Edward a criar Resistência, que começou a tomar forma em 2018, quando o assunto ainda não estava sendo tão amplamente discutido. Apesar do custo “baixo” para a produção de 80 milhões de dólares, a qualidade aparenta ter, no mínimo, o dobro desse custo.

Resistência está nos cinemas em versões legendadas e dubladas, distribuída pela 20th Century Studios Brasil.