Na próxima quinta-feira, 07 de abril, chegará aos cinemas a sequência em live action de Sonic, um dos últimos filmes lançados antes do começo da pandemia de Covid que isolou todos em casa. Antes mesmo de ser lançado o primeiro longa, o ouriço azul já estava chamando muito a atenção por conta do trabalho da Paramount em refazer o visual do ouriço, deixando ele mais simpático e fiel ao velocista dos jogos. A repercussão das boas críticas também chamou atenção, já que o projeto conseguiu conquistar o público (a crítica especializada, a criançada e os fãs) com seu humor calibrado e história divertida, além do retorno de Jim Carrey aos papéis caricatos, que o transformaram nesse ícone mundial da comédia. Logo no fim do desta aventura, uma cena especial trazia a participação do simpático Tails, garantindo gancho para um possível sequência mantendo assim a essência da franquia dos videogames.
Leia também Sonic- O Filme | Jim Carrey revela como foi viver o Dr. Robotnik
Após dois anos de espera e com a vida retornando a normalidade pré pandemia, ou seja, com a maioria dos comércios funcionando e isso inclui os cinemas, a expectativa é de que a sequência consiga arrecadar mais que o projeto antecessor, considerando que a atual produção teve um pouco mais de tempo para ser trabalhada e melhorada. E sim, podemos perceber uma melhora escancarada no visual do Sonic e dos novos bichinhos peludinhos. Se olhar o primeiro filme com mais atenção – o personagem foi alterado às pressas pela repercussão negativa que adquiriu na mídia -, o novo Sonic tem mais textura, uma paleta de cores mais vibrantes e os poderes do personagem foram mais evidenciados na sequência.
A trama acompanha uma nova ameaça no universo do ouriço azul. Agora é a vez do equidna Knuckles se aliar ao Dr. Robotnik para tornar a vida de Sonic mais complicada. Na versão original, o peludinho vermelho é dublado por Idris Elba – um ator super talentoso fazendo parte de um filme super legal, deve ter sido uma experiência e tanto para o ator que recentemente estrelou O Esquadrão Suicida de James Gunn -, que emprestou a sua voz para o personagem Knuckles que apesar de ter treinado e se preparado para tempos difíceis, não consegue lidar bem com as novidades do mundo que lhe cerca. Ele viajou através das dimensões atrás do Sonic, pois é o único que pode impedi-lo de conseguir encontrar a lendária esmeralda que o ajudaria a restabelecer seu povo.
Leia também Crítica | O Esquadrão Suicida

Porém, como dito anteriormente, ele se uniu ao Dr. Robotnik, que se encontra preso no mundo dos cogumelos e se oferece para guiá-lo até a Terra. Não percebendo a maldade do doutor maléfico, Knuckles aceita e ambos partem para a Terra. Contudo, Sonic não sabia que estaria prestes a ganhar um aliado, o Tails…. a raposinha amarela de dois rabinhos que surge naquela cena do primeiro filme e chega à Terra para avisar ao Sonic sobre a grande ameaça que se aproxima. Ponto positivo para a relação de verdadeira amizade construída entre os dois. Ambos esbanjam carisma e conseguem transmitir a atmosfera que vemos nos joguinhos dos personagens.
Falando na atmosfera do jogo adaptada para as telonas, quem é fã vai ficar contente com os elementos saídos diretamente dos jogos, pois as cenas de perseguição, a dinâmica entre Sonic e Tails, o labirinto, os anéis, os cogumelos… todo o visual construído traz uma sensação nostálgica para quem conheceu o ouriço azul pelo joystick. É um acerto da produção em ter apostado nesses elementos para enriquecer a trama e transmitir o universo sem perder a identidade do jogo nas telonas. Certamente vai agradar aos fãs. A trilha sonora ainda continua interessante e bem atual. Bruno Mars foi uma boa pedida.
A mensagem do longa é bem clara e conversa muito com esse universo aventuresco que evidencia a importância do amadurecimento e das responsabilidades e ainda reforça que ser herói não é apenas um título. O longa traz muitas mensagens motivacionais, foca na importância dos laços familiares e de amizade, de reconhecer erros e de aprender com eles. Embora seja um longa voltado para o público infanto-juvenil, é possível que muito adulto barbado saia emocionado da sala de cinema. É bonito ver o quanto a produção conseguiu manter a qualidade de seu antecessor.

O elenco de dublagem original não pôde ser avaliado, pois assistimos a cabine dublada, mas podemos falar sobre a dublagem brasileira e devo confessar que a voz emprestada de Manolo Rey no Sonic permanece maravilhosa. Ele consegue dar o tom infantil perfeito para o ouriço azul e que combina muito com o personagem. Seria inconcebível a ideia de um Sonic sem a voz de Manolo. Outro fato importante é que o elenco fez – em parte – um bom trabalho nas atuações. Sem muitos deslizes e o destaque vai para Jim Carrey que consegue ser bizarro e engraçado ao mesmo tempo. Algo muito legal é que os personagens secundários tiveram um pouco mais de profundidade já que no primeiro longa não tiveram tanto espaço de tela. Porém, algumas ressalvas.
O personagem de Jim Carrey consegue dar o tom perfeito para o exagerado Robotnik, sendo propositalmente caricato com seu bigodão e roupas excêntricas. Embora, ele possua cenas divertidas e tenha uma linguagem corporal certeira, os demais humanos estão no limbo, pois apesar de terem mais tempo de tela se encontram fora de tom. Infelizmente, o longa tem um defeito e não por culpa dos atores, mas o arco em torno do casamento de Rachel poderia ter sido cortado, além disso as piadas ficaram “too much” porque uma referência aqui e outra ali tudo bem, mas toda hora para arrancar risada a todo custo deixou o longa meio bobo, infantilizou demais sem necessidade.
Essa questão da infantilização exacerbada se deve a um roteiro que não ajustou alguns detalhes e se tornou menos coeso do que o do longa anterior, pois foca em trazer alguns momentos bobinhos, citando de vez em quando alguma referência do universo da cultura pop ou alguma piada divertida do protagonista e por aí podemos perceber que a equipe criativa põe em xeque a esperteza do espectador. Até um cachorro tem capacidade de entender o que está em tela. Enfim, fica a dica para que a próxima sequência foque no que realmente importa. Por conta disso, o longa sofre com um “tempo perdido” que cansa o público. Algo que vai chamar atenção é a cena pós-créditos que garante um terceiro filme e que vai gerar uma tremenda EPIFANIA nos fãs do Sonic.