Crítica | Stranger Things – 3ª Temporada

Desde o último dia 04 de julho, encontra-se disponível no catálogo da Netflix, a nova temporada de uma das séries mais aguardadas do ano de 2019 — isso porque a segunda temporada só foi ao ar em 2017. É inegável que Stranger Things além de revolucionar o mercado do entretenimento, trouxe um frescor aos amantes de seriados. Uma ótima aposta da Netflix que comprou as ideias das mentes criativas dos Irmãos Duffer (Matt e Ross).

Já fora falado aqui no site, que os anos 80 tem uma predileção até mesmo para adolescentes e jovens adultos que não nasceram na década. Acontece que os anos 80 tem uma magia que décadas anteriores e posteriores não possuem. Stranger Things aposta na nostalgia e no saudosismo e enaltece a melhor década para ser criança, adolescente e adulto.

ATENÇÃO: ESTE TEXTO PODE CONTER ALGUNS SPOILERS

A trama começa com um salto temporal de de dois ou três anos — estão lembrados de que o final da segunda temporada foi no Baile de Inverno de 1984? Em entrevista ao portal Yahoo!, Ross Duffer, um dos irmãos criadores, roteiristas e diretores, contou que para o terceiro ano de Stranger Things, era necessário o salto temporal devido ao crescimento do elenco infantil.

Pois muito que bem. É verão em Hawkins (cidade rural fictícia localizada no estado de Indiana, nos Estados Unidos) e estamos bem próximos do grande feriado nacional, que é o 4 de Julho, o dia da independência do país. Um grande festival está sendo preparado pela prefeitura da cidade para a comemoração da data e a costumeira queima de fogos de artificio. Bem, isso não chega a ser um spoiler, afinal, durante os meses de divulgação da nova temporada, ficou bem claro que tudo aconteceria no 4 de Julho.

Dessa vez, os russos estão em território americano numa usina subterrânea construída abaixo do Starcourt Mall, o shopping center da cidade. O interesse é de fato abrir o portal que Eleven (Millie Bobby Brown) fechou no final da temporada 2. Uma gerigonça altamente radioativa e tecnológica, faz em minutos o  que homens levariam anos para concluir.

A criatividade para o terceiro ano de Stranger Things está na medida exata e apesar dos Irmãos Duffer roteirizar os dois primeiros e os dois últimos episódios da temporada, os outros roteiristas e diretores, estavam 100% alinhados com as ideias dos Duffer — o que não aconteceu na segunda temporada. Houve sincronicidade na trama, o que a tornou bem mais dinâmica e interessante de maratonar.

Alguns fatores contribuíram para o sucesso da terceira temporada. São eles:

  • Os atores tiveram o mesmo tempo de tela
  • O elenco fora dividido em “núcleos”, o que deu andamento a trama
  • Eleven não carregou a história nas costas, pegando tudo para si e salvando o dia
  • Cada “núcleo” montou uma parte do quebra-cabeças, juntando tudo no final
  • O amadurecimento da trama trouxe destaque aos personagens adultos
  • Protagonismo e representatividade a outros atores, tirando o foco central de Eleven
  • Plot central simples, sem enchimento, texto dinâmico e de fácil compreensão
  • MUITA referência a cultura pop e o lifestyle nerd/geek dos anos 80

Pontos Positivos

O enxugamento dos episódios vale a pena ser destacado. Um a menos que na temporada anterior, faz toda a diferença. A duração dos episódios manteve, um média de 50 minutos, aproximadamente, para cada episodio — com exceção do oitavo e último capítulo. Os poderes de Eleven esvaíram-se completamente, fazendo com que o trabalho manual do elenco infantil, surtisse efeito: a mente foi o principal catalisador para fugir da tal criatura.

Destaques para as atuações de Winona Ryder, que como sempre, dá um banho e sempre entrega uma Joyce Byers incrível. Sua parceria com David Harbour é inegavelmente perfeita e o que todos torciam para acontecer, que é um clima de romance entre Jim e Joyce, de fato acontece. Mas “desaparecimento” (ou morte) de Hopper no último episódio, decepciona e deixa o espectador completamente sem reação — principalmente quando esse suspense é levado até o final, durante a exibição da cena pós-crédito e nada feito.

Novos rostos surgiram em Stranger Things 3. É o caso da atriz Maya Hawke, que interpreta Robin de maneira estupenda, a balconista da sorveteria Scoops Ahoy, localizada no shopping. A jovem atriz é filha da atriz Uma Thurman (Kill Bill) e do ator e cineasta Ethan Hawke (Boyhood, O Senhor das Armas). Apesar de jovem, Maya possui grandes produções no currículo, como os filmes Little Women e Era Uma Vez em… Hollywood.

Sua personagem na trama é extremamente essencial e necessária. Aliás, é ela quem dá o tom para que o andamento dos episódios sigam num bom fluxo. Sem falar na representatividade LGBTQ que carrega consigo. Se for um bom observador, vai matar a charada logo nas primeiras cenas em que sua personagem aparece.

Steve, personagem de Joe Keery ganha um bom destaque e ao lado de Robin, Erica (Priah Ferguson) e Dustin (Gaten Matarazzo), seu personagem cresce. A ideia do “é bonito mas não é inteligente” cai por terra quando em momentos cruciais da história, por mais que levados por um impulso de Robin, Erica ou Dustin, surte efeito. Toma iniciativas e tem ideias meio loucas, mas necessárias. E aquela história de amizade entre mulher e homem, existe real e oficial — nunca se esqueçam disso.

Feminismo e Protagonismo Feminino

Nancy (Natalia Dyer) é maravilhosa e mostra que o girl power é um estilo de vida e está presente em todas as mulheres de todas as idades. Ela enfrenta as ordens machistas do editor do jornal da cidade, o The Hawkins Post, local em que ela trabalha servindo cafés e lanchinhos para os jornalistas: todos homens. Com ideias incríveis a fim de abocanhar uma vaga ou experiência como jornalista investigativa, é sempre podada por seu superior, o editor-chefe. Na terceira temporada, sua personagem é sem dúvidas, uma das melhores.

Maxine (Sadie Sink) e Eleven estão cada vez mais juntas e unidas. Sororidade. Na tentativa de levantar o astral da amiga devido a uma decepção amorosa causada por Mike (Finn Wolfhard), Max a leva para o shopping e faz Eleven descobrir que mulheres não precisam de homens para serem felizes, que basta uma amiga para entender que a vida é mais leve do que se imagina. Max introduz Eleven num outro universo, num outro nível: o do amor próprio. Já dizia Cindy Lauper: girls just wanna have fun (garotas apenas querem se divertir, em inglês), ao som de Material Girls, da Madonna.

Suzie, com Z

Você vai pirar quando Dustin aparecer contando que está namorando. No começo, pode até achar que não é verdade e que pelo fato de ter sobrado no Baile de Inverno da temporada 2 e se não fosse por Nancy estaria lá até agora, chega a pensar que ele está inventando tudo isso pelo fato de que Mike e Eleven estão namorando (guardem essa informação).

Entretanto, nada disso é mentira. Dustinzinho está apaixonado por Suzie, com Z — ou Suzie-Fofa, para os íntimos. A atriz que a interpreta é Gabriella Pizzolo, famosa por sua atuação em Matilda, musical da Broadway. Durante sete episódios, ela é apenas citada mas no último capítulo da série, Dustin e Suzie protagonizam a melhor cena de toda a temporada: eles cantam a canção do filme  A História Sem Fim. Fofo demais!

E por favor, Netflix, ponha Suzie, com Z na próxima temporada de Stranger Things.

“É impossível escrever América sem Érica!”

Erica Sinclair, a irmã de Lucas (Caleb McLaughlin), já havia sido introduzida aos espectadores na temporada anterior. Talvez uma tentativa para “marcar o rosto” da atriz e mostrar que no ano 3, ela seria importantíssima para o andamento da trama. De fato. Priah Ferguson mostrou que mesmo criança, é uma atriz daquelas pra fã de Stranger Things nenhum botar defeito. É sagaz, natural, empoderada, inteligente e… nerd. É aquela história: “eu me tornei o que eu mais temia”. A “nerdice” de Erica é apaixonante e divertidíssima e mostra que meninas podem sim ser boas com números, equações matemáticas e ter uma mente alerta.

Pontos Negativos

Mike nessa temporada foi completamente desnecessário. O ator continua sendo muito bom, não há como negar que a escolha do mesmo para o elenco de Stranger Things, foi um acerto pra lá de bom. Talvez seja porque Mike esteja entrando na adolescência, talvez seja porque ele tornou-se um chato de galocha ou talvez, porque ele esteja apaixonado e namorando. Abandonou os amigos e quando mais precisou deles, correu para eles. Se tivesse aparecido apenas no último episódio, seria até melhor.

O mal aproveitamento de Will Byers (Noah Schnapp) na trama foi DESNECESSÁRIO. Aliás, o personagem só serviu de parâmetro para detectar a presença do tal monstro com arrepios na nuca. Mimado, bobalhão, ciumento… Estava por estar. Seu personagem deveria ter sido melhor aproveitado, uma vez que já esteve possuído pela tal criatura e habitou o Mundo Invertido, ter resquícios da experiência obtida na temporada 2, seria interessante saber, por exemplo, o que o monstro estava pensando, por exemplo. Enfim, alguma função para seu personagem. Quanto ao ator, continua mediano.

Qual a motivação dos russos em solo americano? O porque eles queriam abrir o portal? Obviamente, são perguntas que possivelmente, serão respondidas na próxima temporada — vide a cena pós-crédito no final do oitavo episódio. O fato que a presença da Rússia na história, foi algo irrelevante. Talvez se fossem os cientistas do Laboratório de Hawkins tentando reativar a instituição de maneira escondida e clandestina, faria um melhor sentido.

Considerações Finais

A série agradou. Aliás, agradou MUITO. Tivemos a melhor temporada de Stranger Things desde a estreia. Embora teorias existas de que Hopper não morreu e que ele foi parar no Mundo Invertido e que críticas da crítica especializada ou não apontam que Stranger Things 3 foi o mais do mesmo e que os Irmãos Duffer encontraram a receita de bolo do sucesso, discordo completamente.

Tivemos uma trama dinâmica, divertida, oitentista ao extremo (o que é bom, claro, porque reforça a identidade em que a série está inserida), roteiro bom, texto claro e de fácil entendimento. Nada do que aconteceu foi repetição das temporadas 1 e 2, muito pelo contrário: houve novidade e frescor, desde a fotografia até os efeitos especiais e figurino.

A trilha sonora continua perfeita e o fato dos Irmãos Duffer atuarem melhor no roteiro e direção da temporada 3, só ressaltou que é melhor que eles estejam à frente do projeto do que aquele desastre, que foi a segunda temporada. Mais temas de caráter representativo podem e devem ser abordados e expandidos os já mostrados, afinal, representatividade importa.

Stranger Things surpreendeu e mal posso esperar pelo quarto ano da série, que com certeza, será confirmado pela Netflix muito em breve — afinal, portas foram abertas e precisam ser fechadas. Antes disso, não seria de todo ruim, um especial dividido em duas partes: a primeira, lançada no Dia de Ação de Graças (data americana) e a segunda, no Natal. Ou então, melhor seria nem ter citado os respectivos feriados no último episódio.

Nota do Thunder
Dinâmica, divertida, com um ótimo tempo de acontecimento dos fatos, sem enrolação e oitentista ao extremo. A terceira temporada de Stranger Things trouxe frescor e novidade dentro da proposta criada pelos irmãos Matt e Ross Duffer. Está imperdível|! Habemus a melhor temporada de Bagulhos Sinistros!
Escrito PorLuã Stewart

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