Crítica | Super Mario Bros: O Filme: Os Irmãos Encanadores de Volta às Telas Após 30 Anos

Super Mario Bros: O Filme cumpre o seu papel, mas ainda é uma adaptação que merecia um pouco mais de profundidade, que talvez aconteça em um segundo longa.

0
5289

Super Mario Bros: O Filme é, sem dúvida nenhuma, uma das animações mais aguardadas para esse ano. Após o sucesso de diversas outras adaptações recentes de jogos eletrônicos, finalmente chega a vez do encanador bigodudo do Brooklin, protagonista de uma das franquias mais longevas e amadas da poderosa Nintendo.

A criação de Shigeru Miyamoto já havia recebido uma adaptação em 1993, gerando um filme absolutamente pavoroso (estrelado por Bob Hoskins e John Leguizamo), o que pode justificar a demora em arriscar uma nova investida nos cinemas. Mas será que a animação que agora está vendo a luz do dia consegue a redenção pelo erro de 30 anos atrás?

No longa, os irmãos Mario e Luigi são dois encanadores azarados de uma família ítalo-americana do Brooklyn. Em uma tentativa de salvar seu bairro de um alagamento, eles são sugados por um cano que os leva para um mundo mágico. Porém, os irmãos são separados no processo, e enquanto Mario vai parar no Reino Cogumelo, governado pela benevolente Princesa Peach, Luigi é transportado para os domínios do terrível Bowser. Mario então se junta à princesa em uma busca para encontrar seu irmão, bem como impedir a invasão de Bowser ao Reino Cogumelo.

Leia também: Crítica | Shazam: A Fúria dos Deuses

Não é exatamente surpreendente que Super Mario Bros: O Filme chegue neste momento, uma vez que adaptações de jogos eletrônicos estão em alta nos cinemas, com alguns até mesmo sugerindo que elas podem ocupar o vácuo que será deixado pelos filmes de super-heróis (quando a saturação destes se tornar inevitável). Isso é perceptível não apenas no sucesso dos dois longas da franquia Sonic (maior concorrente histórico dos irmãos Mario), mas também em filmes como Detetive Pikachu (2019), além das séries The Last of Us (2023) e Arcane (2021).

Se a adaptação dos irmãos vestidos de vermelho e verde se encontra à altura de competir com eles é uma outra história. Super Mario Bros: O Filme é, sem dúvida nenhuma, visualmente estonteante, com uma animação que alterna entre o formato de filme e as referências aos jogos de plataforma que fizeram o sucesso da franquia.

Aliás, referências não faltam (talvez até em demasia), e podemos encontrar dezenas de easter eggs que surgem a todo momento, além de personagens e momentos que poderiam ter saído não apenas dos jogos tradicionais da série Super Mario, mas também de outros clássicos da Nintendo, como A Mansão de Luigi, Donkey Kong e Mario Kart.

Infelizmente, uma ideia de enorme potencial que acaba se perdendo com seu roteiro apressado, que não permite o desenvolvimento apropriado das motivações dos personagens ou das consequências do que ocorre na trama. Mesmo para um filme infantil, de classificação livre, a trama é por demais corrida e rasa.

O excessivo uso de easter eggs e fan-services em um filme de 1h30min acabou por tomar quase todo o tempo que poderia ser usado para um aprofundamento do roteiro. Pode bastar para um filme familiar, que tenha como foco principalmente as crianças, mas ainda precisará melhorar bastante nesse aspecto caso queira competir em pé de igualdade com um certo ouriço azul da concorrência.

É inegável que os personagens são carismáticos. A relação fraternal entre os irmãos Mario e Luigi é bem explorada, e mesmo Bowser tem um lado terno, mesmo que vilanesco e obsessivo. A Princesa Peach é, provavelmente, o maior destaque nesse quesito, independente e divertida, e chega a ofuscar o protagonista em vários momentos. Falando especificamente para nós, brasileiros, é preciso citar que Toad está fofo e divertido, mas talvez alguns sintam falta da acidez mostrada pela dublagem brasileira na animação produzida nos anos 90.

Por fim, Super Mario Bros: O Filme cumpre o seu papel. Um longa divertido, colorido e visualmente bonito, com bom potencial para o público infantil. Quem buscar algo mais complexo e trabalhado aqui, provavelmente terá que esperar um próximo filme. Mas para o que se propõe, está mais do que satisfatório. E definitivamente não é pior do que o desastre que foi apresentado nos anos 90.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por Favor insira seu nome aqui