Em um mundo onde o entretenimento está sendo dominado pelos super-heróis, The Boys, nova série original da Amazon Prime, aproveita o tema para fazer uma espécie de paródia crítica, mostrando uma visão realista sobre o que aconteceria se as pessoas tivessem super poderes.

Sempre que uma obra trabalha com essa temática, é utilizado o princípio simples onde cada indivíduo tem uma escolha, usar seus poderes para o bem ou para o mau, dividindo o mundo entre vilões e heróis. Entretanto, nesse cenário, é deixado de lado a parte comercial e é nisso que The Boys realmente se foca.

Crítica | The Boys- 1ª Temporada 1
Os Heróis “Influenciadores” de The Boys | Imagem: Amazon Prime

A trama, baseada nos quadrinho homônimos de Garth Ennis e Darick Robertson, apresenta Os 7, grupo de heróis que são controlados por uma corporação, sendo usados para marketing e se tornam influenciadores, não bons samaritanos. Seus atos não são planejados (sim, planejados, pois raramente dão um passo sem que sua atitude seja planejada para melhorar sua imagem) pensando no bem do povo, e sim em como aumentar seu engajamento com o público. Por isso, usam de violência e ações que não seriam aprovadas, mas essas são apenas omitidas por uma boa equipe.

Porém, uma dessas ações acaba gerando uma repercussão maior do que o esperado. Quando um dos integrantes, A-Train (Jessie T. Usher) mata a namorada de Hughie (Jack Quaid) em um estranho e brutal “acidente”. O reservado jovem acaba sendo recrutado por Billy Butcher (Karl Urban) para uma missão que visa acabar com Os 7 e, ao se juntar ao Frenchie (Tomer Capon) e Mother’s Milk (Laz Alonso), formam a equipe que dá nome ao seriado.

Crítica | The Boys- 1ª Temporada 2
The Boys | Imagem: Amazon Prime

Eric Kripke, Evan Goldberg e Seth Rogen parecem se divertir ao adaptar esse interessante quadrinho, que usa a paródia para fazer criticas pesadas. Usando de cenas certeiras para tirar sarro, enquanto não perdem o tom de exposição dos absurdos, conseguem entregar momentos fortíssimos sem precisar de grandes exposições visuais, na maioria das vezes, as pesadas partes conhecidas na HQ são mostradas com uma grande carga emocional ou apenas com a “bagunça” que restou. Ainda assim, é uma obra violenta, indicada para maiores de 16 anos.

A primeira temporada se mostra bem simples, abusando de momentos que entregam os absurdos que se faz por fama e dinheiro, o tom beira o humor negro, mas faz seu serviço ao delatar essas situações. Enquanto mostra os bastidores da equipe Os 7, principalmente pelo ponto de vista da novata Starlight (Erin Moriarty), que acreditava nesses heróis e agora se vê contra esse ambiente machista e comercial em que está presa, a série apresenta momentos tão realista, que se tirar os poderes e os uniformes, ela deixa de ser uma ficção. A trama é interessante e cativante, avançando aos poucos para a formação da equipe e apresentação de novos personagens, deixando espaço para os leitores identificarem os acontecimentos futuros através das referências.

O visual acerta na homenagem feita aos quadrinhos, onde as cores frias e maquiagens delineadas deixam a impressão de estarmos vendos as páginas animadas. As cenas marcantes são retratadas idênticas à obra original, ressaltando o trabalho do roteiro, que se mantem muito fiel à HQ, mudando poucos detalhes que dificilmente irão incomodar os fãs. Há até mesmo uma brincadeira com o Hughie, que nos quadrinhos é muito parecido com Simon Pegg, na série, o ator faz participação como o pai do personagem.

Crítica | The Boys- 1ª Temporada 3
The Boys HQ | Imagem: Editora Dynamite

O grande mérito de The Boys está em fugir das épicas cenas de batalhas e lições de moral e se focar em criticar incessantemente o cenário atual, onde números definem sucesso e um marketing bem feito pode esconder até o mais absurdo dos crimes, enquanto ressalta o machismo e exposições desnecessárias que ainda acontecem frequentemente no mundo comercial.

A primeira temporada de The Boys, com 8 episódios,  já está disponível na Amazon Prime Video.

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