Crítica | The End Of The F***ing World – 1ª Temporada

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Com pouca informação sobre seu conteúdo, The End of The F***ing World, à principio, parece apenas mais uma daquelas estreias britânicas com um humor duvidável. A trama não revela muito, apenas que é focada em dois jovens psicologicamente abalados- ele com tendências psicopatas e ela em uma busca por autoconhecimento para desvendar seus problemas sociais-, que decidem largar tudo em uma viagem que, literalmente, liga o f***da-se.

Baseada na série de quadrinhos homônima de Charles S. Forsman, a série não chama atenção por parecer ter um conteúdo pouco original, novamente protagonizada por adolescente e carregada de humor negro. Entretanto, quando se revela rica em detalhes psicológicos, a temporada conquista o espectador.

The End of The F***ing World é uma aposta ousada do criador Jonathan Entwistle , Channel 4 e da Netflix, já que os protagonistas não são carismáticos, se é que não são odiáveis à primeira vista, e é necessário ir a fundo no foco psicológico, apresentado aos poucos ao longo da trama, para começar a se envolver nela. Mas uma vez que esse envolvimento acontece, fica difícil sair da frente da televisão até o término da temporada.

O mérito fica na construção dos personagens, James (Alex Lawther) que tem apenas 17 anos e já cometeu vários atos que revelam que ele é de fato um psicopata em ascensão. Quando ele conhece Alyssa (Jessica Barden), já está decido a passar para a próxima fase: parar de matar animais e começar a trabalhar em humanos. Já Alyssa têm vários problemas sociais por não se achar no mundo, por sofrer de um tipo de depressão causada por sua criação, ela procura desesperadamente por algo que a faça sentir.

Crítica | The End Of The F***ing World - 1ª Temporada 1
The End of F***ing World | Imagem: Netflix

É esse paralelo entre os dois personagem que tornam a trama interessante, enquanto James quer progredir com seu plano, e para isso precisa aceitar tudo que Alyssa deseja fazer para se aproximar dela, acaba se envolvendo nas questões pessoais da garota e mudando um pouco sua visão. Por outro lado, seus pensamentos assassinos não param e vemos alguns momentos deles ao longo da temporada, criando uma certa tensão e levando a crer que o roteiro, acertadamente, não irá para o caminho da “redenção do garoto que se apaixonou e mudou por amor”. E mesmo que o amor aconteça entre eles, não será de maneira convencional e mostra a tênue linha entre o amor e a dependência emocional.

A escolha de narrar os pensamentos dos protagonistas ajuda muito na qualidade da série, já que transmite ao espectador exatamente o que se passa na mente perturbada deles. Combinado à simplicidade dos acontecimentos, que mesmo tratando de questões relevantes, são apenas um acompanhamento de uma viagem rebelde de adolescentes, esse recurso entrega a tensão e aprofundamento necessário para fazer a diferença e tirar a produção do duvidável para o total interesse.

Mantendo a qualidade, o tom e apenas crescendo os personagens ao longo da temporada, The End of The F***ing World é uma obra que te conquista aos pouco, de maneira certeira.

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