Crítica | Turma da Mônica: Lições

Turma da Mônica: Lições é uma adaptação primorosa, com momentos que parecem ter saído diretamente dos quadrinhos, e com uma história cheia de emoção e profundidade.

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Quando Turma da Mônica: Laços foi anunciado, o sucesso provavelmente já era algo esperado, afinal o filme trazia às telas de cinema a primeira adaptação live-action de personagens que fazem parte de uma verdadeira instituição cultural do nosso país, a Turma da Mônica, criação máxima de Maurício de Sousa.

Talvez apenas não fosse esperado que o filme de 2019 fosse tão bem sucedido quanto foi, tendo superado a marca de 2 milhões de espectadores. Com tamanho sucesso, uma continuação era algo previsível. Turma da Mônica: Lições foi anunciado ainda na CCXP de 2019 e, apesar de algum atraso na produção ocasionado pela pandemia, finalmente estará chegando aos cinemas de todo o Brasil em 30 de dezembro de 2021.

Mas será que essa continuação tem condições de igualar o sucesso do filme anterior?
Facilmente podemos dizer que sim, embora Lições siga um caminho bastante diferente de Laços. O filme, dirigido por Daniel Rezende, adapta o segundo volume da série Graphic MSP (com roteiro e arte pelos irmãos Lu e Vitor Caffagi; a série ainda possui um terceiro volume, Lembranças, que seria a escolha lógica para a adaptação em um provável terceiro filme), que se utiliza do rico universo criado por Maurício de Sousa, mas abordando histórias mais longas, melhor desenvolvidas e com temas mais profundos, mas ainda mantendo a essência do que é a Turma da Mônica e seus personagens, bem como sem deixar de ter o foco no público infanto-juvenil.

A trama pode parecer simples de início, mas se desdobra em diversas subtramas que abordam temas riquíssimos e pertinentes, mas sem nem nunca se desviar do seu tema principal. Em um dia típico de escola, Mônica e seus amigos se dão conta que não fizeram a lição de casa (principalmente por estarem ensaiando uma peça de teatro para a feira do bairro do Limoeiro). Para não serem descobertos, decidem fugir da escola, mas um acidente ocorre e todos acabam sendo pegos.

A principal consequência dessa trapalhada é que as crianças são separadas de seus amigos, sendo enviadas para atividades paralelas, todas verdadeiros desafios pessoais para elas, como Magali sendo enviada para a culinária, Cascão para para a natação, e Cebolinha para sessões de fonoaudiologia. Mônica acaba por ser separada de uma forma mais severa, sendo transferida para uma escola de ensino integral, onde não conhece ninguém.

O filme se utiliza dessa separação dos personagens principais para expandir o retrato do vasto universo criado por Maurício de Sousa. Através dela são introduzidos diversos outros personagens como Dudu (o primo de Magali que tem dificuldade para comer, interpretado por Giovani Nicholas), Milena (Emily Nayara, que, de quebra, ainda acrescenta Mingau, o gatinho de Magali, à história), Marina (Laís Villela), Do Contra (Vinícius Higo), Nimbus (Rodrigo Kenji), Humberto (Lucas Infante), Franjinha (Tiago Schmitt), além da turma da Tina (Isabelle Drummond), com Rolo (Gustavo Merighi), Pipa (Camila Brandão) e Zecão (Fernando Mais).

Mas não é só, pois o filme é recheado de easter-eggs e personagens que aparecem apenas de relance, mas que são velhos conhecidos daqueles que conhecem as histórias da Turma da Mônica. Além disso, uma cena pós-crédito importantíssima faz a primeira apresentação de outro membro queridíssimo da turminha. E por último, é claro que o filme conta com a participação do próprio Maurício de Sousa, em um cameo digno de um Stan Lee, algo que já havia feito no primeiro filme.

O filme ainda aborda temas relevantes de forma absolutamente didática, inteligente, sensível e responsável, sem perder em nenhum momento a verve divertida da aventura. Provavelmente o maior exemplo está na forma como é feita a associação da fome de Magali (principalmente em momentos de estresse) com a ansiedade, assunto trabalhado de forma clara o suficiente para que crianças de quase qualquer idade possam entender.

Outro tema que é bem abordado é o bullying, que ocorre tanto na escola da turma, quanto na nova escola para onde Mônica é transferida (aqui representado pelo personagem Tonhão, um aluno mais velho). Na verdade, há temas relevantes em abundância no filme, mas os principais deles são mesmo o crescimento, a amizade e o fato de ninguém precisar abandonar o que gosta (principalmente amigos) para crescer.

O elenco principal está fantástico, mostrando uma enorme evolução dos atores mirins entre os dois filmes. Giulia Benite (Mônica), Gabriel Moreira (Cascão) e Laura Rauseo (Magali) conseguem passar facilmente tanto as sensações de diversão, ternura, drama e emoção inerentes ao filme, mas há um destaque inegável para Kevin Vechiatto (Cebolinha), que realmente demonstra maior desenvoltura entre eles.

Além disso, as adições ao elenco também se saem muito bem, tanto as novas crianças, quanto a parte adulta do elenco. Não poderia haver escolha melhor que Isabelle Drummond para a Tina, por exemplo. E o elenco de apoio (que inclui Malu Mader, Monica Iozzi, Luis Pacini, Paulo Vilhena, Fafá Renó, Ana Carolina Godoy, Beto Schultz, Angélica de Paula, Adriano Paixão, Camila Brandão, Gustavo Merighi e Fernando Mais) também é digno de elogios, mesmo nas menores pontas.

Turma da Mônica: Lições é uma adaptação primorosa, com momentos que parecem ter saído diretamente dos quadrinhos, e com uma história cheia de emoção e profundidade. Diferente do primeiro filme, onde havia uma trama mais objetiva, Lições trata principalmente sobre mudanças, inseguranças e ausências.

Tanto o elenco quanto toda a equipe de produção (o filme foi produzido pela Biônica Filmes, com co-produção da Maurício de Sousa Produções, Paris Entretenimento, Paramount Pictures e Globo Filmes) mostram um enorme respeito e amor pela obra criada por Maurício e isso é perceptível no filme, com o cenário, com o cuidado aos detalhes, com a interpretação.

E o resultado não poderia ser outro, uma sequência ainda melhor que o original (que já havia sido ótimo). Merece ser conferido na estreia, no dia 30 de dezembro de 2021.

Por: Wallace William

Resumo
Nota do Thunder Wave
Escrito por:Wallace William
critica-turma-da-monica-licoesTurma da Mônica: Lições é uma adaptação primorosa, com momentos que parecem ter saído diretamente dos quadrinhos, e com uma história cheia de emoção e profundidade.

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