Crítica: Cuidado com o Slenderman

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Slenderman é uma lenda que dominou a internet. Desde 2009 há relatos desse ser esguio que sequestra crianças, com várias imagens e vídeos que supostamente provariam sua existência. Esse mito ficou tão famoso que roda até hoje pela internet, tendo fóruns obscuros criados apenas para discussões sobre ele (alguns se dizem até controlado por seguidores dele) e, o que foi o estouro total do Slendeman, um jogo famoso baseado nele.

Real ou não, essa lenda fez mais do que fornecer especulações e jogos, foi graças ao Slenderman que duas garotas norte-americanas de apenas 12 anos esfaquearam uma amiga da mesma idade, alegando que se não o fizessem, o ser sobrenatural iria machucar sua família. E esse é o tema tratado no documentário da HBO, Cuidado Com o Slenderman, que com os dados desse crime analisa a influência dos contos de terror na vida das crianças.

Usando de filmagens reais do julgamento de Morgan Geyser e Anissa Weier, o documentário narra esse chocante caso. Morgan e Anissa alegam que precisam esfaquear a colega, conhecida entre amigos como Bela, a mando do monstro fictício, ou então ele machucaria suas famílias. Enquanto mostra os fatos, a produção acrescenta declarações dos familiares das crianças envolvidas e profissionais, como figuras da internet que costumam analisar esse mitos, psicólogos e estudiosos.

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Morgan Geyser e Anissa Weier

Sem o mínimo interesse em julgar a veracidade da lenda que originou esse monstro, o longa mal discute sobre isso, usando as informações espalhadas pela internet apenas para mostrar a popularidade de Slenderman e explicar como isso pôde influenciar duas crianças a ponto de terem o desejo de se tornarem assassinas. E essa é a parte interessante desse documentário, entre explicações de como algo fictício se tornou tão real e o fácil acesso de crianças a esse material, especula o perigo do uso livre e contínuo de aparelhos eletrônicos entre os jovens.

Entretanto, essa critica social é a única parte realmente interessante da produção. Ao focar em mostrar os riscos da internet sem supervisão, a diretora Irene Taylor Brodsky acabou se perdendo em relação ao caso que de fato deveria ser analisado e acaba entregando um documentário que parece não encontrar seu lugar. Vendido como uma obra que iria explorar o monstro, usando de um tom bem sóbrio em sua divulgação, Cuidado Com o Slenderman acaba se transformando em algo completamente diferente do proposto, mal analisando o mito e o caso.

Com as duas acusadas sendo mantidas em cárcere, sem a opção de dar nenhuma declaração, as famílias acabam assumindo o papel principal, mas a vítima é deixada praticamente de lado, nem ela nem sua família são exploradas. Da mesma maneira, não tentam justificar o caso, nem apontar culpados, apenas apresenta a versão das crianças – que de fato nunca negaram seu envolvimento com o crime- e apresentar o resultado do longo julgamento.

Cuidado Com o Slenderman não aborda a fundo os assuntos propostos, podendo assim desagradar aos que se interessavam no mito e no crime. Porém, faz uma profunda análise à maneira que essa geração tão influenciável está sendo criada, além de criticar duramente o sistema de cárcere americano, valendo a pena principalmente para abrir os olhos dos pais.

Resumo
Nota do Thunder Wave
cuidado-com-o-slenderman-resenha-criticaO documentário não se aprofunda muito no mito e no caso, mas tem uma bela crítica social à maneira como a nova geração está sendo criada.

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