O assassinato de Daniella Perez foi, talvez, uma das maiores tragédias do Brasil e que para muitos ainda é totalmente recente, mesmo que tenha acontecido em 1992. O documentário Pacto brutal: o assassinato de Daniella Perez estreia relembrando em detalhes o ocorrido que chocou em um ano de grandes mudanças no mundo e no Brasil.
Em 7 de fevereiro foi estabelecida a União Europeia mediante a assinatura do Tratado de Maastricht. No dia 19 do mesmo mês, as duas Coreia assinaram o tratado de não agressão e desnuclearização. Tivemos ainda outros acontecimentos marcantes como o falecimento de Jânio Quadros, o massacre na penitenciária do Carandiru, em São Paulo, causando a morte de 111 detentos.
Mas o mais marcante, foi o assassinato da atriz Daniella Perez, no dia 28 de dezembro de 1992, que parou o Brasil em uma comoção nacional. Lembrando que o Presidente Collor renunciou um dia após a morte da atriz.
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Esta tragédia comoveu um país que ainda necessitava de heróis e heroínas. De pessoas alegres, que traziam empatia com o público. E era isso o que as pessoas tinham todas as noites de segunda a sábado, ao assistirem De Corpo e Alma de Glória Perez e que trazia a personagem Yasmim, vivida por Daniella, que se tornava a nova namoradinha do Brasil.
De Corpo e Alma não era apenas mais um folhetim do horário nobre como foi se tornando a dramaturgia da Globo após os anos. Era uma novela cheia de críticas, com personagens que eram abusadas por homens machistas e tóxicos. Por mulheres que ambicionavam a sua liberdade e jovens em busca de sua identidade.
E com uma atriz como Daniella Perez, jovem, cheia de vida, ainda em início de carreira, acabava por simbolizar tudo aquilo que o brasileiro tanto desejava: Viver e não ter a vergonha de ser feliz, apenas para deixar mais claro com um dos trechos mais marcantes de nossa música, O que é O que é, de Gonzaguinha.
O documentário
Três décadas após o assassinato de Daniella Perez, pode até parecer que tudo foi encerrado. Os autores do crime foram presos, libertados e a “justiça” foi feita. Mas isso seria apenas se fosse um filme ou seriado. A realidade é muito mais brutal, como vista no documentário Pacto brutal: o assassinato de Daniella Perez, que estreia neste mês na HBO Max.
Com fotos da cena do crime para realmente chocar e mostrar toda a violência pelo qual a atriz passou, o documentário ainda apresenta partes que a maioria da população jamais imaginou, como um Delegado de Polícia corrupto, atrapalhadas na investigação e uma imprensa sensacionalista que ousava – e ainda ousa – ligar a pessoa real ao seu personagem.
Guilherme de Pádua, o assassino confesso de Daniella, foi capaz de jogar toda a culpa da morte na atriz, dizendo que Daniella Perez que o procurava e o seduzia. Um estilo óbvio e mais do que comum em machistas e abusadores de jogarem a culpa em suas vitimas.
Ainda somos apresentados a partes que mostram o quanto o caso de Daniella Perez poderia ter sido apenas mais uma morte onde a culpa é da vítima, se não fosse uma mobilização de amigos, parentes e artistas. Mas realmente o pior, é ver o quanto a imprensa sensacionalista ligava a personagem Yasmim a Bira, com títulos que pareciam corroborar com as declarações de Guilherme, onde os dois tinham um caso.
Pacto brutal: o assassinato de Daniella Perez, vai muito além nestes dois primeiros episódios que tivemos acesso, de apenas mostrar a vida da atriz ou bater na mesma tecla que achávamos conhecer.
É um verdadeiro documentário mostrando como um homem destruiu a vida de uma jovem, da família da atriz e como parte deles morreu no mesmo dia de Danielle Perez. E talvez uma parte de todo o egoísmo, dentre tantas partes seja Guilherme ter dito a Fábio Assunção, que “eu destrui minha vida”. E em nenhuma parte de si, ter visto e admitido que havia acabado com uma vida.
Com um roteiro que apresenta os fatos, a descrição dos acontecimentos daquele dia e dos que vieram depois, Pacto brutal: o assassinato de Daniella Perez, ainda mostra e nos faz entender toda a dor de Glória Perez, família e de seu marido na época Raul Gazolla.