Na última segunda-feira (24/07), em uma sala repleta de jornalistas e fotógrafos, Edgar Wright e Ansel Elgort, diretor e protagonista de Em Ritmo De Fuga, respectivamente, foram recebidos com entusiamo e ovação. Carismáticos, simpáticos e extremamente solícitos, os dois se sentaram e, durante uma hora, numa coletiva surpreendentemente longa, responderam a uma série de perguntas inteligentes, quase todas relacionadas ao longa que vieram divulgar e o seu processo de filmagem.
Como não poderia deixar de ser, a primeira interpelação foi sobre a trilha sonora. Quem assistiu ao filme sabe o quão importante são as canções empregadas, tanto para o ritmo da narrativa quanto para o desenvolvimento do protagonista. Assim, no momento em que foi questionado sobre a seleção de músicas e se elas foram escolhidas durante a escrita do roteiro ou depois, Wright deu a seguinte resposta: “Escrevi as cenas tendo em mente as canções que as acompanhariam. Muitas coisas do filme foram definidas a partir das músicas”.
Seguindo a lógica, uma vez que o diretor é conhecido por seus truques de edição e transições inventivas, a próxima questão levantada teve a ver com a montagem. Wright disse que costuma conceber os cortes previamente, embora alguns deles surjam durante a realização de uma cena. Além disso, também afirmou que teve um dos editores presente nas filmagens.
Porém, como boa parte do ritmo narrativo é obtido através dos gestos corporais e da fisicalidade de Elgort, as perguntas sobre as influências que ambos usaram para fazer o filme logo vieram à tona, e as respostas fornecidas mostraram como o longa esteve bem acompanhado o tempo todo. Títulos como Cantando Na Chuva, Os Guarda-chuvas do Amor e até mesmo Os Embalos de Sábado À Noite foram mencionados. O jovem ator também declarou ter usado a sua experiência no teatro – onde fez musicais – para compor os movimentos do seu personagem e não ter se inpirado em bailarinos profissionais, pois queria dar uma característica única e levemente amadorística a Baby.
Veja a crítica de Em Ritmo de Fuga
Ainda sobre influências, Wright confirmou que obras como Bullit, Os Irmãos Cara de Pau e Viver e Morrer em Los Angeles, vistas por ele na adolescência, foram muito importantes para a realização de Em Ritmo de Fuga. Com essas menções, não é de se estranhar que, de acordo com o cineasta, “95% das cenas foram filmadas em locação, com dublês e acrobacias reais”. Apesar de a tela verde ter sido usada, o seu emprego foi mínimo. Já as correções digitais se mostraram presentes na pós-produção. Uma das maiores curiosidades foi a revelação de que a sua imagem surge numa das cenas iniciais, através de um reflexo no espelho. Algumas mudanças foram feitas para melhorar o problema, mas a imagem continua lá. Basta ver o filme novamente para perceber.
O restante da coletiva, por sua vez, foi usurpada por algumas perguntas desnecessárias, como a que girava em torno da beleza física de Elgort e a maneira encontrada por ele para lidar com as fãs. A face do ator e sua resposta evasiva foram suficentes para deixar clara a inutilidade de levantar uma questão dessa natureza. Outras também desinteressantes envolvendo curiosidades de bastidores foram levantadas. Não preciso dizer que nada de relevante surgiu dessas interrogações.
No entanto, isso não desmereceu o conteúdo das ótimas perguntas feitas por alguns jornalistas e das respostas dadas pelos convidados de honra. No fim, eles devem ter saído com uma boa impressão da classe jornalística brasileira (pelo menos, a que trabalha com entretenimento), enquanto nós abandonamos o recinto com uma ótima impressão dos dois. Com sujeitos tão bacanas por detrás, não é à toa que Em Ritmo De Fuga é um dos filmes mais divertidos do ano.