O pós Segunda Guerra foi a época mais impactante do que a própria Guerra. Diferente da guerra em si, a chegada da Guerra Fria não tinha rostos ou mesmo “aliados”. Qualquer Nação de uma hora para outra poderia se tornar um inimigo. E seu vizinho, ou até mesmo o amor de sua vida, um espião.
Eram épocas difíceis que mesmo hoje, após seu final com a queda da grande cortina do Comunismo Soviético, ainda é complicado fazer uma análise.
É neste contexto histórico, que o filme A Espiã Vermelha, baseado no livro que conta a história real de Joan Smith, que em 2010 foi presa acusada de ser uma espiã britânica em favor dos Soviéticos, acontece.
Judi Dench com poucas cenas durante o longa mostra tudo o que foi aquela época, com discursos fortes mostrando o quanto é fácil julgar as atitudes de ontem com o conhecimento que temos hoje.
A história decorre mostrando os bastidores de pensamentos ideológicos, o lado dos cientistas que estavam criando a bomba. Como pensavam que possuir um armamento tão poderoso poderia fazer curvar um país. Continua com idas e vindas do presente da personagem que quando é questionada sobre determinado assunto, retorna em pensamentos e vemos o que realmente aconteceu e porque ela fez aquilo.
A interpretação dos atores é muito boa e o filme em hipótese alguma te dita o certo ou o errado. Como um verdadeiro documentário dramático, A Espiã Vermelha não ousa dizer que o lado dos britânicos e americanos era o correto. Não usa o jogo sujo de filmes de espionagem transformando russos, japoneses e alemães em personagens caricatos e monstros.
Apenas mostra que quem possuir mais poder, mesmo que seja para auto defesa, pode se tornar mais perigoso do que aqueles que chamam de inimigos.
A Espiã Vermelha é um excelente filme, com um roteiro coerente, que te faz pensar que tudo o que temos atualmente, seja de bom ou ruim, é por pessoas que de alguma maneira fizeram algo não em prol de uma nação, mas sim de um planeta. E que cientistas que tanto admiramos do passado, em algum momento eram Doutores Frankstein.