Crítica: Esta é Sua Morte- O Show

Uma inesperada crítica à sociedade

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Há filmes que simplesmente não chamam atenção, ou são tão mal divulgados que não conseguem o alcance necessário e acabam sendo esquecidos, por melhor que seja a trama. Esse é o caso de Esta é Sua Morte- O Show (This is Your Death), que por ter um trabalho de marketing quase nulo e parecer um filme de terror comum, provavelmente não terá a bilheteria merecida, mas é uma produção maravilhosa.

À primeira vista, a obra pode parecer apenas uma exposição dramática de mortes, se for julgada pelo cartaz e trailer. A trama mostra Adam Rogers (Josh Duhamel), apresentador de um reality show de relacionamentos (do estilo The Bachelor) que sofre um pequeno trauma ao presenciar a participante perdedora da etapa final assassinar o candidato a noivo e depois se suicidar.

Após esse incidente, obviamente, o programa é descontinuado, porém a repercussão do acontecimento foi tão grande, que dá à chefe da emissora, Ilana Katz (Famke Janssen), a ideia de criar um reality bem controverso. Com a ajuda da melhor produtora da empresa, Sylvia (Caitlin FitzGerald), ela decide iniciar um show onde os participantes irão cometer suicídio ao vivo, apresentado pelo próprio Adam Rogers.

Esta é a Sua Morte- O Show
Josh Duhamel em Esta é a Sua Morte- O Show | Imagem: Cineart Films

É nesse momento que a primeira análise comportamental aparece. Dilemas morais, decisões controversas e ganância são muito exploradas no roteiro de Noah Pink e Kenny Yakkel, que consegue manipular o espectador para sentir exatamente o que a trama necessita passar naquele momento. Exatamente por isso, o longa apresenta algumas reviravoltas e situações imprevisíveis que não deixam o ritmo ou o interesse do público cair.

Para aumentar a contradição exposta na produção há duas situações que mostram as complicações de vidas cotidianas. A subtrama protagonizada por Giancarlo Esposito fica encarregada de boa parte do amor familiar da obra, colocando uma enorme carga emocional para balancear a violência do show. Esposito dá vida a um pai de família que encara uma jornada dupla de trabalho para poder sustentar seus filhos, mas nem mesmo com o auxilio do emprego da sua esposa consegue dar conta de tudo. Esse personagem é brilhantemente inserido na convivência da emissora responsável pelo show, e em muitos momentos carrega a história nas costas.

E para expor o lado decente do apresentador, há a inserção de sua irmã Karina (Sarah Wayne Callies), ex-dependente química que conseguiu se reerguer com a ajuda do irmão e agora aparece em cena sempre que é necessário aprofundar os vínculos emocionais de ambos os personagens, mas também é responsável pela cena que consegue conquistar completamente o espectador.

Esta é a Sua Morte- O Show
Sarah Wayne Callies em Esta é a Sua Morte | Imagem: Cineart Films

A direção de Giancarlo Esposito merece uma menção honrosa. Sem os cortes estratégicos e os closes que aumentam a carga dramática da cena, a mensagem do roteiro não seria tão certeira. Também não posso deixar de comentar a atuação de Josh Duhamel, que após passar anos em papeis rasos finalmente conseguiu sua chance de dar vida a um protagonista mais elaborado e mostrar que de fato possui muito talento.

É a junção de elementos bem formados que torna Esta é Sua Morte uma produção notável. Com um roteiro original e ousado, ótimas atuações, uma direção certeira e efeitos bem colocados, é quase impossível não ter um ótimo filme. Junte tudo isso ao elemento surpresa e uma crítica social muito bem argumentada e o resultado é um longa que irá crescer no espectador e certamente ficar na memória por um bom tempo.

Veja a ficha técnica e elenco completo de Esta é Sua Morte- O Show

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