Baseado no livro homônimo de R. J. Palacio, Extraordinário narra a emocionante vida de August Pullman (Jacob Tremblay), um menino de 10 anos que nasceu com uma condição rara que, após inúmeras cirurgias, lhe rendeu uma deformidade facial. Após anos estudando em casa, August finalmente começa a frequentar a escola e essa complicada interação social carrega os momentos mais profundos da trama.
Extraordinário, tanto no filme como no livro, investe em uma enorme lição de moral sobre aceitação e gentileza, enquanto reforça sua crítica contra o bullying. Entretanto, mesmo protagonizada por uma criança que consegue sozinha apresentar essas questões, o longa não se foca apenas nos problemas de Auggie- e esse é o grande destaque da obra. Claro que a família de August tem várias questões emocionais e sua mãe Isabel (Julia Roberts), que teve que pausar seus objetivos profissionais para se dedicar por completo ao filho, e seu pai Nate (Owen Wilson), que tenta segurar os momentos de tensão da família, também são amplamente explorados.

Mas o grande destaque fica no ponto de vista da irmã, Olivia (Izabela Vidovic), que mostra um interessante contraste de como, mesmo não tendo problemas de saúde, também sofre muito com a situação. Olivia acaba sendo constantemente deixada para segundo plano e por mais que seja extremamente compreensiva, sofre com a falta de atenção. A questão se torna ainda pior quando Miranda (Danielle Rose Russell), sua melhor amiga, a abandona, provando um interessante ponto de que August não é o único a sofrer na mão de outras pessoas.
Por outro lado, o longa também não deixa a desejar na construção do elenco infantil, tanto dos alunos que participam do bullying, como nos que apóiam o protagonista. A mensagem fica clara, o comportamento de cada um está na criação. Isso fica explicito em uma cena muito bem representada, onde o valentão da escola comprova que o problema não é a aparência de August, e sim sua necessidade de se sobrepor aos colegas.

Mesmo com todas essas questões, Extraordinário é uma produção simples e objetiva. Adaptando fielmente o livro em que foi baseado, o filme apresenta as questões de uma maneira direta, sem apelar para uma carga dramática extra. Não há aqui a inserção de uma trilha sonora triste para carregar as cenas, e há muitos momentos em que o protagonista quebra a tensão com seu modo otimista de ver a vida. Ainda assim, a direção de Stephen Chbosky consegue passar as emoções necessárias, provando que não é necessário apelar para mostrar um momento sentimental. E isso o filme tem muito, não é raro derrubar algumas lágrimas em vários desses simples- porém bem representados- momentos.
A escolha do elenco se mostra correta em todos os personagens. Sem exceção, o time entrega perfeitamente seus papéis, com destaque, claro, para Jacob Tremblay, que novamente prova seu talento ao representar situações complicadas.
Com uma junção de elementos bem empregados e uma linda mensagem, o filme faz jus ao título e prova que consegue realmente ser Extraordinário.