Finalmente o dia 25 de novembro chegou e nós, fãs, pudemos rever Lorelai (Lauren Graham), Rory (Alexis Bledel), Luke (Scott Patterson), Emily (Kelly Bishop), Stars Hollow e seus habitantes.
O revival produzido pela Netflix em parceria com a Warner Channel, estreou no serviço de streaming às 04 h da manhã, com seus quatro episódios de 90 minutos, aproximadamente, e representando cada um, uma estação do ano. Gilmore Girls, Um Ano para Recordar trouxe de volta a sensação de nostalgia com aroma de café dessa história que encantou a todos.
***Atenção: Pode conter Spoilers de Gilmore Girls!***
Como todos sabem, o fim da série em 2007 foi trágico e sem nexo justamente por conta da saída do casal Palladino do comando da série, devido a problemas contratuais. A própria Lauren Graham, a eterna Lorelai Gilmore, disse uma vez em entrevistas, que ficou sabendo do fim da série quando jantava em um restaurante e recebeu a ligação de seu agente. Ali, ela soube que não mais daria vida a sua personagem de maior sucesso de sua carreira. Gilmore Girls havia terminado.
Uma nova esperança surgiu quando a Netflix anunciou que produziria um revival com quatro novos episódios inéditos e cada um deles teria a duração de 90 minutos, correspondendo a uma estação do ano. O casal Palladino conduziria a trama e boa parte do elenco original – das sete primeiras temporadas – retornaria para reviver em Stars Hollow como se fossem velhos conhecidos.
Gilmore Girls foi uma série reconhecida por sua inteligência, charme, humor refinado e carisma e os quatro novos episódios não decepcionam e de fato, como foi dito no início do texto, trata-se de um presente nostálgico e comovente para cada um dos fãs que se consideram parte do elenco e da vida de cada um dos personagens.
Uma das faltas mais sentidas entre o elenco foi a do ator Edward Hermann, que viveu Richard Gilmore – o ator faleceu ano passado. Amy Sherman-Palladino resolveu abordar o luto da família Gilmore como ponto de partida para o início da série intitulado “Inverno”. A série vai muito além do luto e de fato, não chega nem a ser o plot secundário da trama. Emily precisa iniciar uma “nova vida”: casada há mais de 50 anos com Richard, está viúva e sua realidade é de adaptação, não só para a matriarca Gilmore, mas para Lorelai e Rory . O roteiro é tão humano que mostra a reação do luto nas três mulheres Gilmore de maneira diferente.
Gilmore Girls: Um Ano para Recordar começa com a volta de Rory para casa depois de muito tempo trabalhando pela própria carreira e o “comodismo” pós-faculdade nem está em seus planos de Rory, que mesmo formada e tendo tido boas oportunidades como jornalista, continua batalhando para obter seu lugar ao sol, a ponto de rejeitar certas oportunidades de trabalho por achar que não seria bom o bastante para si, até que o roteiro, de forma brilhante, a faz redescobrir a carreira jornalística por conta de sua cidade natal.
A série nunca foi dotada de grandes reviravoltas, o que é bom e deixa todos acostumados com o que de fato, vai acontecer em seguida. Algo que permanece no revival, graças a Amy, que assumiu as rédeas do projeto pelo fato de escrever e dirigir a série e Daniel, seu marido, continua na produção executiva do revival. Aliás, por falar em roteiro, O QUE É ESSE ROTEIRO, MEUS AMIGOS? Coisa de outro mundo. Desde o primeiro diálogo, é notório perceber o “DNA Sherman-Palladino” – é como se pulássemos da sexta temporada a considerada “oitava” – repleto de referências das temporadas anteriores que fará seu coração se apertar, manipulação (num bom sentido) da cultura pop de um jeito incrível… o que tanto faltou a sétima temporada, vemos atualmente: essência.
Todas essas descobertas se adornam de uma Stars Hollow irresistível e intacta, como sempre foi – é como se o tempo não tivesse parado e podemos reencontrar tudo exatamente como deixamos. Está tudo lá, do jeito que todos nós amamos por muito tempo; desde as loucuras de Taylor (Michael Winters) e Luke, passando pela pousada Dragonfly até Michel (Yanic Truesdale), que agora é um homem casado mas com o mesmo “mal humor francês” de sempre.
A lindíssima sequência final, que converge as três mulheres numa mesma compreensão de amadurecimento, redime a criadora de qualquer engano. É realmente de afagar o espírito e se quando aqueles tênis azuis aparecerem você não chorar, há algo de errado com vocês, leitores.
Um Ano para Recordar termina com as famosas e esperadas quatro palavras. Elas vão fazer você pular no sofá e resultarão numa verdadeira procissão de fãs até os domínios da Netflix. Mais estações precisam vir. Essa história não pode acabar aqui. Ela é especial demais para isso.