O Cecil B. DeMille Awards, dentro da premiação do Globo de Ouro 2018, foi para Oprah Winfrey, que se tornou a primeira mulher negra a recebê-lo. Falar de Oprah é “chover no molhado”, como dizem, porque ela é talentosa e tudo que se propõe a fazer, faz bem. Por mais de 25 anos, comandou um programa na TV americana que era um verdadeiro sucesso e tinha um formato de talk show com programa de auditório e mesclava vários temas, desde comportamento feminino até entrevistas com atrações musicais.
É por esse motivo que o Cecil B. DeMille “reconhece” os artistas, por seu talento e também, por seus vários anos de contribuição ao entretenimento americano. Definir a profissão de Oprah é bem “difícil”, pois ela faz de tudo um pouco e sem nenhum defeito. Além de apresentadora, ela também é atriz, jornalista, diretora, escritora, produtora, empresária e agora, dona de uma emissora com grandes índices de audiência e crescimento.
A atriz Reese Wintherspoon, que contracenou com Oprah no filme Uma Dobra no Tempo, da Disney e com estreia prevista para o próximo mês de março, foi quem a introduziu.
The Cecil B. de Mille award is presented each year to an individual who has made an incredible impact on the world of entertainment. Right now, @RWitherspoon presents this incredible honor to @Oprah on our stage. #GoldenGlobes pic.twitter.com/sVVM4GZ7va
— Golden Globe Awards (@goldenglobes) January 8, 2018
Após um breve vídeo de apresentação sobre a carreira de Oprah, a homenageada subiu ao palco e foi ovacionada de pés. Iniciando com um discurso impactante e empoderado, a atriz citou Sidney Poitier, vencedor do Oscar de melhor ator por seu trabalho em Uma Voz nas Sombras e por ter sido o primeiro negro a ganhar o mesmo prêmio que a homenageou.
“Eu nunca tinha visto um homem negro homenageado daquele jeito, e não consigo descrever o que aquele momento significou pra mim“, disse Oprah. “Em 1982, Sidney recebeu o Cecil B. DeMille aqui no Globo de Ouro e eu tenho consciência de que neste momento, há garotas assistindo eu me tornar a primeira mulher negra a receber esse mesmo prêmio“, comemorou.
Entre alguns agradecimentos, Oprah ressaltou a importância do tempo e frisou algumas mudanças que ele trouxe. “É a dedicação insaciável para descobrir a verdade absoluta que nos impede de fechar os olhos à corrupção e à injustiça, aos tiranos e vítimas, aos segredos e mentiras“, discursou.
E na ocasião, fez como Meryl Streep em 2017, deu os devidos créditos à imprensa e ao trabalhos dos jornalistas. “Eu valorizo a imprensa mais do que nunca, à medida que tentamos passar por esses tempos complicados. Eu tenho certeza de que falar a sua verdade é a ferramenta mais poderosa que temos, e sou muito orgulhosa de todas as mulheres que se sentiram fortes o suficiente para se manifestarem e compartilharem suas histórias“, relatou.

Fez questão de relembrar o período triste da história americana, quando contou sobre o período de segregação racial que o país viveu, citando Rosa Parks e Recy Taylor, ativista negra que lutou por justiça em 1944, quando fatidicamente foi estuprada por seis homens e que faleceu no último mês de dezembro.
“Recy Taylor morreu dez dias atrás. Ela viveu, como todos nós vivemos, numa cultura quebrada por homens brutalmente poderosos. Rosa Parks se tornou a principal investigadora em seu caso e juntas, procuraram a justiça. Mas, naquela época, a justiça não era uma opção. Por muito tempo, mulheres foram desacreditadas por ousarem a falar sobre suas verdades contra o poder desses homens. Mas o tempo deles acabou“, relembrou Oprah, que novamente foi aplaudida de pé.

E seguiu. “Eu só espero que Recy Taylor tenha morrido sabendo que sua verdade, como a verdade de tantas outras mulheres que foram atormentadas naqueles anos, e que são até hoje atormentadas, continua viva. Ela [Recy] estava em algum lugar no coração de Rosa Parks, quase 11 anos depois, quando tomou a decisão de ficar sentada no ônibus em Montgomery, e está aqui com todas as mulheres que escolheram dizer ‘eu também’. E em casa homem que escolhe ouvir“, emocionou-se.
Oprah deu continuidade à sua linha de raciocínio, contando o que sempre fez durante toda a sua carreira para driblar situações constrangedoras como as que foram expostas recentemente. “Na minha carreira, o que sempre tentei fazer, seja na televisão ou no cinema, é dizer algo sobre como homens e mulheres realmente se comportam“, iniciou. “Dizer como vivenciamos vergonha, como amamos e como nos enfurecemos, como falhamos, como recuamos, perseveramos e como superamos“.
“Entrevistei e mostrei pessoas que resistiram às coisas mais feias que a vida pode jogar em você, mas a qualidade que todas elas parecem compartilhar é a capacidade de manter a esperança por uma manhã mais brilhante, mesmo durante nossas noites mais sombrias. Então eu quero que todas as garotas assistindo aqui, agora, saibam que um novo dia está por vir“, desejou
E usando o gancho da atriz Alyssa Milano, que usou suas redes sociais com a hashtag me too (eu também, em tradução livre) para contar seu testemunho e incentivar outras mulheres a relatarem seus casos de abusos e assédios sexuais, Oprah finalizou enaltecendo a campanha Time’s Up e aconselhou diversas garotas da América e do mundo.
“Quando esse novo dia finalmente chegar, será por causa de muitas mulheres magníficas, muitas das quais estão aqui conosco nesta noite e alguns homens bastante fenomenais, lutando para garantir que se tornem os líderes que nos levem ao tempo em que ninguém nunca mais precise dizer eu também”.
https://www.youtube.com/watch?v=fN5HV79_8B8
As redes sociais foram à loucura com o discurso de empoderamento que Oprah trouxe ao Globo de Ouro, brincando que ela será a próxima presidente dos Estados Unidos. O apoio de Oprah ao Time’s Up e o seu discurso, faz com que diversas outras mulheres tomem coragem em denunciar seus agressores e abusadores sexuais e que também, tenha um basta na desigualdade social e econômica em Hollywood.