Foi um evento marcado por cores, diversidade de sons e estilos musicais, encontros inusitados, danças, homenagens e é claro, as premiações simbolizadas pelos tradicionais gramofones de ouro. A 59ª edição do Grammy Awards foi marcada também por protestos contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pela presença da “Zebra” que optou por artistas independentes do que os favoritos. Aqui no Thunder você fica sabendo de tudo o que rolou na noite de ontem.
Adele abriu a cerimônia cantando “Hello”, um dos hits mais tocados no ano passado. O ator e comediante James Corden foi o apresentador desse ano e com maestria, jogo de cintura e leveza, arrancou boas risadas da plateia. Vale ressaltar alguns destaques para a noite como as performances de Bruno Mars, incluindo a homenagem ao cantor Prince, morto no ano passado, e Demi Lovato, que trajando um vestido/macacão todo repleto de paetê e um cabelo pra ninguém botar defeito – só inveja (risos) -, juntou-se a Tori Kelly, Andra Day e ao quarteto Little Big Town para homenagearem ao 40º aniversário do filme “Os Embalos de Sábado à Noite” e ao grupo Bee Gees, responsável pela produção musical do filme e por embalarem diversos sábados com suas canções.
Katy Perry que lançou na semana passada o seu mais novo single, “Chained to the Rhythm”, não deixou de fazer referência ao atual clima político que os Estados Unidos vem passando nos últimos meses. A cantora usou de sua popularidade para protestar pacífica e musicalmente ao lado de Skip Marley (neto de Bob Marley), com quem faz a parceria na canção. Para a performance, a loira, que apresentou a música pela primeira vez ao vivo, instalou no palco várias cercas em representação do muro que Trump deseja construir na fronteira dos EUA com o México. Também dobrou uma braçadeira onde lia-se “persistir”, em inglês, e ainda exibiu uma cópia da constituição do país em uma parte do palco.
Ainda no clima de protesto, o grupo de hip hop “A Tribe Called Quest” uniu-se aos cantores Anderson .Paak e Busta Rhymes e fizeram a apresentação mais política da cerimônia. Antes de começarem a cantar, os artistas dedicaram a performance a todos os manifestantes. “Gostaríamos de dizer a todas as pessoas ao redor do mundo que estão rejeitando as pessoas que estão no poder para representá-las, nós representamos você”, disse Q-Tip, um dos integrantes do grupo. Atores atravessaram um muro cenográfico quebrando blocos – em alusão ao que Trump espera construir na fronteira entre os EUA e o México – antes que pessoas de várias nacionalidades subissem ao palco e formassem uma linha. “Todos os meus negros, vocês devem ir. Todos vocês mexicanos devem ir”, cantou o grupo em tom de protesto.
Nem só de acertos se faz uma premiação. Lady Gaga uniu-se ao Metallica e juntos, performaram “Moth Into Flame”. Em meio a sons de guitarras “berrantes” e labaredas espalhadas no palco, o microfone de James Hetfield, vocalista da banda, falhou metade da música. Gaga, que brilhou semana passada durante o half time show do Super Bowl, salvou a performance dividindo o seu microfone com o cantor. Mesmo com maestria em perceber a falha mecânica, a apresentação não agradou. Lady Gaga parecia forçar uma “veia musical rock n’ roll”, mesmo tendo elementos do ritmo em seus shows e recentemente, no videoclipe da canção “Perfect Illusion”, presente em seu mais novo álbum, “Joanne”. Adele, a grande premiada da noite, se apresentou com o auxílio de uma orquestra, a canção “Fast Love” em tributo a George Michael, que também morreu no ano passado. A cantora britânica desafinou, errou a letra, xingou, se desculpou com o público e perguntou se poderia recomeçar. “sinto muito por começar de novo. Podemos começar de novo? Desculpe, não posso f… tudo por ele”, disse. E ovacionada, recomeçou. E visivelmente emocionada, ao término da canção, deixou o palco secando as lágrimas.
A performance de Chance the Rapper foi marcada por um clima gospel. Iniciando com a canção “How Great is our God”, composta pelo cantor cristão americano Chris Tomlin e que ficou imortalizada na voz de Darlene Zschech e sua antiga banda gospel australiana Hillsong, seguiu versos enaltecendo a Deus e Sua grandeza. O pastor e cantor Kirk Franklin subiu ao palco principal acompanhado do Coral Gospel e Tamela Mann, outra cantora gospel americana que deram continuidade à performance. Chance the Rapper arrancou aplausos e urros de vivas da plateia.
Por fim, porém não menos importante, Beyoncé surpreendeu a todos com sua performance “dourada” e conceitual. A vencedora de dois Grammys da noite usou todo o palco coberto por um telão de alta definição e antes de sua apresentação, sua mãe Tina Lawson dedicou alguns momentos de enaltecimento a Beyoncé e a Solange, sua outra filha que também é atriz e cantora e vencedora do Grammy de “melhor performance R&B” pela canção “Cranes in the Sky”. “Tenho muito orgulho das conquistas da minhas filhas e do desejo que elas têm de fazer a diferença. Estou aqui para apresentar a Beyoncé. Esse álbum dela é maravilhoso, foram 9 indicações por seu álbum ‘Lemonade’. Por causa disso e muito mais, senhoras e senhores, com meu orgulho de mãe, apresento minha filha, Beyoncé”, disse Tina, sem falsa modéstia, sob o aplauso do público.
Foi a primeira vez que Beyoncé (foi vista) se apresentou ao vivo após o anúncio da gravidez de gêmeos. A cantora foi a presença mais aguardada da noite. Cheia de regalias e cuidados especiais por conta da gravidez, Beyoncé apareceu exibindo a barriga de quatro meses no telão que precedeu sua performance e quando começou, de fato, a cantar. Sem desafinar ou semitonar, a diva soube mostrar que mesmo grávida, é possível cantar corretamente. Beyoncé ousou e fez uso de pequenos elevadores, flores espalhadas por todo o palco – e continuou até o fim da cerimônia – e pasmem: uma cadeira que a fez permanecer na posição horizontal por alguns segundos. Usando uma sandália de salto alto, a cantora obteve o maior tempo se compararmos ao tempo de outros artistas, cerca de dez minutos e após cantar “Love Drought” e “Sandcastles”, arrancou aplausos do público e soprou beijinhos à #beyhive. Em seguida, pouco tempo depois de se apresentar, Beyoncé levou o seu segundo Grammy para casa, um total de 22.