Tramas familiares e menções aos anos 70 costumam ser satisfatórias no cinema. Mike Mills, responsável também por Toda Forma de Amor, reuniu esses dois elementos em uma emocionante trama familiar ambientada no sempre interessante cenário do fim dos anos 70 em seu novo longa Mulheres do Século 20.
Mills proporciona uma nostálgica aula de história, narrada pela vida de Dorothea (Annette Bening) e sua batalha em criar sozinha seu filho Jamie (Lucas Jade Zumann). A trama é simples, apenas cruza as vidas de Dorothea, Jamie e sua amiga Julie (Elle Fanning), e seus inquilinos Abbie (Greta Gerwig) e Willian (Billy Crudup). Mas mesmo que a premissa seja simples, o roteiro se desenvolve entre análises profundas, menções feministas e vários momentos didáticos sobre os acontecimentos no mundo na época.

O enredo não traça uma linha continua, enquanto desenrola os acontecimentos presentes, a narrativa de Dorothea dita os acontecimentos futuros, tanto no mundo quanto na vida pessoal dos personagens. Essa narrativa se mostra estratégica e eficiente, servindo, antes de mais nada, para destacar as diferenças da época retratada e os tempos de hoje.
A qualidade do longa se dá, sem sombras de dúvidas, pelas suas atuações. Destacando principalmente as mulheres, que entregam uma interpretação digna de Oscar, todas convencem em seus papeis, inclusive Fanning, que mesmo apagada consegue manter seu ar de “desinteresse pela vida” digna de uma adolescente. Trabalhando em conjunto com as boas atuações, estão os incríveis diálogos que representam o feminismo e as análises pessoais, além de mencionar obras marcantes da época.

O mais interessante da narrativa informal empregada por Mills é a criação de Jamie, que é a razão principal de todos os personagens. A grande preocupação é transformar esse garoto de 16 anos em um homem bom, que respeite as mulheres e seja diferente dos inúmeros cafajestes que as rodeavam. Essa criação dá a oportunidade de mostrar questões que a maioria dos homens ignora, mas que deveriam ser comentadas. Em várias cenas os diálogos, sempre muito bem empregados, realçam a diferente entre o que Jaime está se tornando e os garotos conhecidos, que apenas querem se provar.
Mulheres do Século 20 mostra uma visão interessante de como as mulheres se viravam nessa época, onde a liberdade, o trabalho fora e o divorcio se tornaram tão populares. Usando de três exemplos de idades diferentes, a trama destaca como cada uma consegue lidar com seus problemas. É um lindo filme, feito como uma homenagem às mulheres e uma fonte de informações para os homens, que assim como Jamie, precisam aprender a entender melhor o sexo oposto para respeitá-las.