Na última sexta-feira (14), chegou ao fim a primeira temporada de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder, produção que trouxe de volta o universo criado por J. R. R. Tolkien. São oito episódios que compõem o primeiro ano da série produzida pela Amazon Prime. Durante essa jornada, tivemos a oportunidade de rever personagens queridos, conhecer novas criaturas e criar diversas teorias acerca dos mistérios da obra. Com belas paisagens, atuações espetaculares, trilha sonora impecável e o cuidado com os efeitos especiais, a obra foi muito bem na sua estreia. Apesar disso, erros recorrentes marcam Anéis de Poder que tem potencial, mas precisa eliminar as falhas a fim de garantir uma aventura compreensível.
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O oitavo e último episódio, A Liga, respondeu algumas questões importantes. Algumas já eram óbvias e outras nem tanto, mas é notável o quanto todos esses mistérios vinham perturbando os fãs de Tolkien. Preferindo caminhar pelo confortável, a série manteve o ar misterioso que adotou desde o primeiro capítulo e com as revelações preparou o terreno para a sua segunda temporada.
O problema do episódio é o mesmo que a série por inteiro tem enfrentado e carregado como se fosse parte vital – contém ironia, se é que me entende -. O ritmo desde o início não foi algo bem determinado, delimitado, montado, encaixado pelo roteiro e, de fato, atrapalhou o final que não é ruim, é razoável, mas poderia ser melhor se esse problema tivesse sido resolvido antes. Algumas escolhas apressadas decorrentes de facilidades mal pensadas para resolver alguns assuntos de forma abrupta também acabaram tirando o ar mágico que faz parte da obra, fazendo com que a série fique superficial em alguns momentos.

Um dos pontos que contribuiu para que esse problema ficasse extremamente evidente é a maneira como os núcleos foram trabalhados. O grupo dos pés-peludos pareciam que estavam a meses parados num mesmo ponto, a história deles não evoluiu como a de outros. E não só isso, alguns ainda tiveram boas participações importantes, mas sumiram como é o caso de Arondir, Brownie e companhia. Isso porque a série precisa concluir seu primeiro ano sem muitas perdas, mas afetou o desenrolar da trama e os arcos dos personagens que foram impedidos de mostrarem um pouco mais para o público.
Apesar de muitas decisões soarem superficiais e facilitadas e que impactaram diretamente num encerramento engessado, o último episódio concluiu sua trajetória de forma interessante. Como já era esperado, a série deixou pontas soltas para serem retomadas no segundo ano. Alguns personagens tiveram momentos bem ativos como Galadriel e Nori e cada personagem a partir de agora, terão suas trajetórias cada vez mais destacadas pelos eventos futuros das próximas temporadas. No entanto, não será fácil, pois ela elas precisaram deixar muita coisa para trás, principalmente, a esperta pé-peludo e seu grandalhão.

Sem despedidas emocionantes para aventuras épicas, não seria uma obra de Tolkien e a série faz questão de ressaltar isso e não apenas isso, mas o senso de dever, de lealdade, de correr o risco que for preciso e a própria aventura em busca do desconhecido. Apesar de gerar um medo no espectador, a obra contempla grandes jornadas para aqueles que se dispuseram a assumir os riscos de trilhar um caminho perigoso.
E seguimos assim pelo desconhecido. Não sabemos se será em Númenor, em Khazad-dûm ou nas Terras do Sul, há muito para acontecer em Anéis de Poder. A produção da Amazon Prime Vídeo tem um grande potencial para fomentar o caminho para outros derivados. É importante evidenciar que as licenças poéticas são necessárias para que a adaptação tenha sua própria essência. Além disso, aprender com a temporada atual para não repetir erros que poderiam ter sido evitados e entregar uma adaptação digna dos holofotes da cultura pop.

O que nos aguarda é desconhecido. Mas apesar dos altos e baixos, já conhecemos boa parte dos personagens e alguns dos mistérios mais importantes já foram elucidados. Aquele Balrog, serviu para que mesmo? E os Anões, cadê? Descobrir que o Estranho é um mago (ou um Istar, se preferir) foi interessante, mas a cena em si não foi tão legal assim. A revelação mais óbvia foi a de Sauron – eu estava shippando Galadriel e Halbrand, em tela eles têm uma boa química rs -, e foi meio doloroso saber que ele é o cara do mal. Espero que com um grande papel, sua interpretação nas próximas temporadas esteja à altura, pois o que quero é um vilão com sangue nos olhos, nada menos que isso.
A cena da criação dos anéis também deixou a desejar. Tudo muito apressado, rápido demais. A cena do Rei de Númenor também nos reserva bons ganchos, mas ficou perdida por ali. Por que perder tanto tempo com os filhos de Elendil? Tem coisa faltando aí. Enfim, o que não faltam são pontas soltas e falhas para serem revistas e evitadas. Agora é a hora de Anéis de Poder mostrar para o que veio, não mais contemplação de belas paisagens, não mais enrolação com tramas paralelas. O objetivo agora é apostar no desenvolvimento dos arcos que sustentarão o enredo da obra como um todo.