Obi-Wan Kenobi | Os Dois Primeiros Capítulos

A série ainda tem muito a apresentar, obviamente, mas a impressão inicial é muito boa. É algo novo e fresco, mas sem deixar de ser Star Wars em nenhum momento.

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Eis que um dos momentos mais aguardados pelo fandom de Star Wars (como todos sabem, um dos mais apaixonados e exigentes do mundo) chegou. Desde que assumiu clássica franquia da Lucas Films, a Disney vinha enfrentando alguns reveses com uma parcela dos fãs da saga criada por George Lucas. A despeito da qualidade e do sucesso comercial indiscutíveis de seus filmes, a empresa recebeu diversas críticas (algumas infundadas, outras não) quanto aos rumos assumidos pela empresa na trilogia conhecida como Sequel (com provavelmente apenas Rogue One, de 2016, sendo uma unanimidade).

Dada a recepção irregular que seus filmes vinham recebendo, a empresa decidiu dar um descanso à franquia nos cinemas e se aproveitar daquele que é o grande filão da era dos streamings: os seriados. O enorme sucesso de O Mandaloriano (além da menos unânime O Livro de Bobba Fett), mostrou à Disney um nicho onde poderia expandir e enriquecer seu universo, apresentar novos personagens e estabelecer um novo cânon (para a tristeza dos fãs mais exaltados do antigo Universo Expandido) antes de seu retorno aos cinemas. E isso nos leva à série Obi-Wan Kenobi, que estreou nesta sexta-feira na Disney+.

Obi-Wan é um dos personagens mais importantes de toda a saga, o mentor tanto de Anakin quanto de Luke Skywalker, além deextremamente querido tanto em sua versão original (interpretada por Alec Guinness), quanto na trilogia prequel (onde foi encarnado por Ewan McGregor, que agora retorna ao papel). Embora McGregor sempre tenha mostrado interesse em interpretar uma vez mais o personagem, havia a dúvida sobre se mexer com um dos pilares sobre a qual Star Wars se sustenta seria uma boa ideia.

Após assistir aos dois primeiros episódios da série por ele nomeada, podemos dizer que sim. Obi-Wan surge aqui envelhecido, quase a meio termo entre o General Kenobi, da trilogia prequel, e velho ermitão de Alec Guinness, relutante em abandonar a sua vigilância do jovem Luke, que cresce na fazenda do seu tio Owen Lars. As consequências da Ordem 66 e da batalha contra Anakin são tão profundas que hoje ele teme usar a Força, mesmo que seja para ajudar um Jedi fugitivo dos temíveis Inquisidores do Império. Mas quando é convocado pela família Organa resgatar a pequena Léia, ele se vê obrigado a ajudar.

O ritmo da série pode parecer mais lento do que a de O Mandaloriano, mas esta se divide em uma narrativa mais episódica, enquanto Obi-Wan Kenobi assume uma única e constante linha narrativa. A trama de Obi-Wan sendo caçado pelos Inquisidores é instigante, alternando a apresentação dos Inquisidores, a dicotomia entre as realidades vividas por Obi-Wan e Luke em Tatooine para com a vida da pequena Léia com a família Organa, a reclusão do Jedi e sua hesitação em retornar à ativa, a busca por Léia e a sua tentativa de fuga do planeta Daiyu (que mistura a atmosfera exótica típica de Star Wars com algo de uma atmosfera cyberpunk). Há espaço para muito daquilo que fez Star Wars tão popular, como seus vilões ameaçadores (e tanto a inquisidora Reva quanto o Grande Inquisidor cumprem esse papel apropriadamente), fugas desesperada, cenas de ação e planetas com ambientes exóticos.

Na série vemos um Obi-Wan hesitante, que precisa se utilizar de métodos mais diretos do que os célebres duelos de sabres de luz do passado. McGregor está muito à vontade no papel, e é nítido o quanto ele queria essa oportunidade. A pequena Léia, interpretada por Vivien Lyra Blair, por sua vez, já mostra o temperamento corajoso e intempestivo da sua versão adulta, sendo um dos grandes destaques da série até o momento.

Os Inquisidores se mostram uma ameaça palpável, sendo temidos por todos no momento em que chegam a um planeta. Reva, interpretada por Moses Ingram, a única humana dentre eles nutre uma obsessão por caçar Obi-Wan, enquanto o Grande Inquisidor, vivido por Rupert Friend, mostra uma imponência calma e cruel. Além disso, a série traz excelentes participações especiais, como Kumail Nanjiani (como o vigarista Haja Estree) e Temuera Morrison(como um dos muitos soldados-clone veteranos do Império).

A série ainda tem muito a apresentar, obviamente, mas a impressão inicial é muito boa. É algo novo e fresco, mas sem deixar de ser Star Wars em nenhum momento. É diferente de O Mandaloriano, mas não deixa nada a dever em qualidade. E sim, é nostálgico e gratificante ver Ewan McGregor de volta ao personagem. Portanto, muito ansioso pelos próximos capítulos, sim e totalmente.

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