A nova série de Star Wars, Andor, chega hoje (21) ao Disney+. A produção se passa cinco anos antes dos acontecimentos de Rogue One: Uma História Star Wars, ou seja, meia década antes do roubo dos planos da Estrela da Morte, mostrado no filme de 2016. Em termos cronológicos, a série Andor entra na chamada “segunda era”, mais conhecida como a Era da Rebelião, na qual se passa também a trilogia clássica (Episódios IV, V e VI) e a série The Mandalorian.
O Site Thunder Wave foi convidado para assistir aos três primeiros episódios e podemos atestar que a qualidade da obra é impressionante. O design aplicado, a paleta de cores, a trilha sonora que imprime uma rebeldia característica do personagem título, os cenários, a tensão nas relações e nos acontecimentos, os demais personagens bem desenvolvidos, tudo combinado num roteiro bem ajustado e que se conecta sem se perder em firulas. O resultado em tela é muito bom.

Para quem desconhece o universo Star Wars, reitero que a série Andor é um prequel de “Rogue One: Uma História Star Wars” e acompanha um dos protagonistas do spin-off de 2016, o espião Cassian Andor, vivido novamente por Diego Luna. Criada e escrita por Tony Gilroy, que carrega no seu currículo bons suspenses de espionagem como os filmes da “Trilogia Bourne“. Ele também comandou as refilmagens de “Rogue One“, que deram ao filme um tom mais sério, sombrio e destacando a “guerra” nas estrelas. Se você assistiu e gostou do longa de 2016, provavelmente não se desapontará com “Andor”.
Embora já seja conhecido o desfecho do personagem Cassin Andor (lembre-se de “Rogue One”), muita gente meio que torceu o nariz por conta dessa nova produção, mas é interessante saber um pouco mais da trajetória de um personagem complexo e entender um pouco de suas convicções e valores. Afinal de contas, é importante conhecermos as mudanças que fizeram com que o personagem evoluísse em sua história, assim como nós na vida real.
Antes de Rogue One…
Em “Rogue One” acompanhamos a história de Cassian como membro da equipe que dá nome ao filme, um grupo de pessoas deslocadas na galáxia que o destino (ou a Força) une para uma missão de extrema importância: roubar os planos da Estrela da Morte. A arma mais perigosa do Império tinha poder de fogo para destruir planetas inteiros, e só foi destruída pelo próprio Luke Skywalker (Mark Hamill) no “Star Wars”.
Um dos argumentos do longa é mostrar que pessoas consideradas ordinárias têm sim algo a perder em um contexto de opressão política. Grande parte da narrativa se passa pelo ponto de vista da líder da equipe, Jyn Erso (Felicity Jones), que está em sua própria jornada de transformação e evolução. Ali, Cassian já é um dos principais espiões da Aliança Rebelde. A partir de Andor, veremos como ele passou de um desajustado vigarista, tentando sobreviver por mais um dia, até chegar ao futuro de seu desfecho.
De volta para ANDOR…
Embora a trama tenha um ritmo mais devagar, podemos perceber que o foco é mostrar o lado humano e toda a sensibilidade que ainda existe nos personagens. Entregando uma trama que surge na cinza e na sujeira, mas que se mostra madura e muito similar a obra criada por George Lucas em uma galáxia muito, muito distante. Pode até gerar um certo incômodo a distância entre um momento e outro, mas a questão é que não há pressa em mostrar tudo já de cara e acabar com a surpresa. No decorrer da trama, as narrativas que aparentam estarem fora de contexto se conectam e dão sentido ao “todo”. E isso mostra que a trama tem profundidade e que não se prende apenas em batalhas de sabre de luz.

Um ponto positivo da série foi saber trabalhar apenas a história de Cassin. Ou seja, nada de fan service nem mesmo a pitada de um enredo provocativo e nostálgico para soar mais familiar. Em “Andor”, vemos uma construção mais madura, mais séria, mais arriscada, mais rebelde, continua na linha “Star Wars” com a maioria das características clássicas da franquia mantida lá, como um protagonista que vem de baixo para se tornar um herói, a luta contra um inimigo muito mais forte e até mesmo o humor tradicional já característico da franquia, mais próximo ao de “Rogue One” e da Trilogia Original de George Lucas do que ao das séries mais recentes, como “The Mandalorian” e “O Livro de Boba Fett“ que soam mais moderninhas.
Como mencionado anteriormente, o diferencial está no enfoque dado ao personagem. O ator Diego Luna está muito bem no papel, ele consegue imprimir um lado vigarista, vemos que Cassian se faz de mau, mas na verdade ele tem uma veia maliciosa inocente. Ele chama atenção pelo jeito que fala e como anda, sempre tentando estar à frente, prestando atenção, mas se mostra inexperiente e isso é legal de ser notado, pois veremos o quanto ele evoluiu desde a primeira vez que o vemos naquele pequeno planeta na periferia galáctica, vivendo uma vida de golpes e correria.

Outros personagens importantes e carismáticos também chamam atenção, como Maarva (Fiona Shaw de Harry Potter) e Luthen (Stellan Skarsgard), os mentores do protagonista, que o moldam como o espião que conhecemos. No quesito “vilões”, temos personagens sedentos por poder e se mostram cativantes em tela como o inspetor Syril Karn (Kyle Soller) e a agente de inteligência Dedra (Denise Gough), ambos tão jovens quanto Cassian e ansiosos por provarem seu valor e serem reconhecidos.
Por ser uma produção mais sombria, vemos uma estética mais cinza, com tons puxados para o verde oliva, muito azul, muitas cenas com estética mais cinza, mais escuras para dar essa sensação de tempos difíceis. Além disso, seguindo a linha da espionagem, de tramas de suspense e aventura, vamos ver os rebeldes se infiltrando no Império pela primeira vez e começando a desmantelá-lo por dentro.
Bastidores…

Além do protagonista, Diego Luna, na pele de Cassian Andor, temos Genevieve O’Reilly, que está reprisando seu papel como Mon Mothma, uma líder dentro da Rebelião. Além deles, veremos Stellan Skarsgard, Kyle Soller e Denise Gough. A mais recente adição ao elenco é a atriz Adria Arjona, de Good Omens. O ator Alan Tudyk também retornará para dar voz ao dróide imperial, K2SO – mas provavelmente não o veremos até a segunda temporada.
Na produção mesmo, por trás das câmeras, temos o nosso showrunner e diretor, Tony Gilroy. Na equipe de roteiristas, teremos o irmão de Tony, Dan (O Abutre), Stephen Schiff (The Americans) e Beau Willimon (House of Cards).
Com duas temporadas de 12 episódios cada, a série estreia nesta quarta-feira (21) no Disney+. Os três primeiros episódios serão lançados no mesmo dia.