O novo serviço de streaming Star+da The Walt Disney Company Latin America, apresenta 66 novos conteúdos originais produzidos na América Latina. Entre eles está a série brasileira ‘Impuros‘, ambientada nos anos 90 e que apresenta Evandro do Dendê, um jovem da favela carioca. A terceira temporada chega arrasando e mostrando muitos conflitos que serão enfrentados pelo narcotraficante e por seu oponente, o policial Víctor Morello.
Se você ainda não assistiu, está perdendo um excelente entretenimento. Como assim? Uma produção que aborda violência e narcotráfico pode ser considerada um excelente entretenimento? Meu caro leitor, a produção tem como pano de fundo o submundo, o universo do crime numa comunidade, numa favela. E apesar de conter muita violência, é uma obra que é baseada em fatos reais e lida com o recurso mais precioso que é a humanidade. A série fala de pessoas, dos laços que construímos, dos valores que possuímos, das escolhas que fazemos, do ‘corre’ de cada dia, da vida sofrida, da realidade que por fazer parte de um passado não muito distante se faz presente nos dias atuais e, principalmente, por quais motivos estamos dispostos a matar e a morrer.
Inicialmente, nas temporadas anteriores conhecemos o Evandro, personagem de Raphael Logam, que acaba de completar 18 anos de idade e não tem muitas expectativas de garantir uma vida melhor para a mãe, ele acaba sendo convocado e partindo para o exército e começa a trilhar os passos na vida militar. Por outro lado, somos apresentados ao seu irmão que foi dispensado e precisa de dinheiro para pagar o aborto da namorada. Encurtando a história, o irmão de Evandro é assassinado pela polícia devido a uma dívida de droga que o rapaz tinha. Enquanto a mãe quer justiça pela vida de seu filho, Evandro, um homem honesto e de atitudes corretas, quer vingar a morte do irmão e ele vai fazer isso entrando na criminalidade.
Fugindo de obras como “Cidade de Deus” ou “Tropa de Elite”, Impuros aborda a dualidade existente no ser humano. Ninguém é bom o tempo todo ou mau o tempo todo e isso é apresentado no tráfico, no exército, na comunidade e na polícia. Mesmo apresentando muitos personagens vilões, o objetivo não é mostrar só isso. É mostrar que esses personagens são profundos e não unidimensionais. São muitas as emoções e sensações que sentimos ao assistir a série. Você vai se solidarizar com assassinos, sentir pena de jovens militares, se assustar com a violência e vai perceber que dos anos 90 para 2021, essa guerra entre a polícia e o narcotráfico não mudou e por mais bizarro que pareça, pode não ter fim tão cedo.
Além da violência que tem índices super altos, a série lida com outros temas como o racismo, uma forte presença feminina, a economia está mal, entre outros assuntos. Vemos que é uma série de sangue no olho e pensamos que os oponentes tanto de Evandro quanto do policial Víctor são eles mesmos. Errado! As antagonistas de cada um são as personagens femininas. A antagonista de Evandro é sua própria mãe, Arlete, que o entrega para a polícia e tenta ficar com os filhos dele numa tentativa de protege-los. A antagonista de Víctor é a própria filha, viciada em drogas… Ele sai de casa para lutar contra as drogas e por mais irônico que seja, ele enfrenta essa guerra dentro de sua própria casa e todas as oportunidades que ele teve para capturar o narcotraficante, ele deixou para salvar a vida da filha.
É triste vermos a quantidade de pessoas jovens nesse meio, mas a realidade é cruel, é dura e isso é o reflexo de más gestões governamentais, falta educação de qualidade, falta investimento em saneamento básico, falta moradia digna, ações sociais que de fato façam diferença na comunidade e evite que muitos jovens entrem para a criminalidade. Mas não apenas isso, o fato de garantir emprego para todos, pois nem sempre eles são corrompidos na flor da idade e sim mais tarde nos momentos mais escuros da vida e para não ficar sem o pão de cada dia, entram para o crime como o personagem de Leandro Firmino, Gilmar.
A fotografia, a trilha sonora e as atuações são aspectos de qualidade notável na série. Cada um com um timing perfeito, principalmente as mulheres que se mostram fortes em meio a fragilidade das situações enfrentadas por elas. O ator Raphael Logan é muito talentoso e se destaca no meio de tantos outros bons atores. Identificamos na trajetória dele essa dualidade, um jovem comerciante à peça chave no narcotráfico do Rio é de surpreender. Embora tenha cenas fortíssimas, em algumas passagens rimos bastante. O enredo e roteiro é bem amarrado e podemos perceber que cada episódio anda sozinho, não depende de outro para fazer sentido.
O elenco é de peso e além de Raphael Logam, a terceira temporada é protagonizada pelos atores e atrizes brasileiros, Sergio Malheiros, Rui Ricardo Diaz, Cyria Coentro, Karize Brum, João Vitor Silva, Leandro Firmino, André Gonçalves, Rocco Pitanga, Lorena Comparato, Gillray Coutinho e Peter Brandão, o ator uruguaio Nicolás Furtado e a atriz argentina Julieta Zylberberg. Os novos episódios foram filmados nas cidades do Rio de Janeiro e Montevidéu e realizados pela Barry Company.
Veja o que os atores falaram sobre a nova temporada em entrevista pra o Thunder Wave:
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