Crítica: Mapa para as Estrelas

A perturbadora Hollywood

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David Cronenberg é famoso por seus clássicos bizarros, como A Mosca, Videodrome e outros. Mapa para as Estrelas não foge do padrão, assim como a maioria das obras do diretor canadense, é diferente e perturbador.

O roteiro de Bruce Wagner criou um mundo repugnante em Hollywood. Muito além do que as pessoas se sujeitam para ter um chance na cidade das estrelas, os personagens mostram um passado marcado por situações trágicas e problemas psicológicos. Os mais famosos possuem casos de incesto, esquizofrenia e misteriosos incêndios.

O grande triunfo está na construção dos personagens. Cuidadosamente elaborados, temos os tipos mais complicados que conseguiram encaixar. Pra começar temos Agatha (Mia Wasikowska), que tem o corpo e rosto parcialmente deformado por chamas e está chegando em Hollywood em busca de emprego. Logo de cara ela aluga uma limusine dirigida por Jerome (Robert Pattinson), um aspirante à ator que trabalha como motorista para pagar as contas. Por intermédio de Carrie Fisher (que atua como ela mesma), ela consegue trabalhar na casa da conturbada atriz Havana Segrand (Julianne Moore). Havana sofreu grandes traumas na infância e por isso tem sessões constantes com o psicanalista de auto-estima Dr. Stafford Weiss (John Cusack), que é pai de um jovem ator de sucesso, porém já com problemas com drogas e alguns psicológicos, Benjie Weiss (Evan Bird).

Mapa Para as Estrelas
Mapa para as Estrelas | Imagem: Paris FIlmes

Só pela premissa já da pra notar que o longa é bem peculiar, e esse é exatamente o objetivo. Interligando os personagens, cada qual com seu problema, a trama mostra um lado negro de Hollywood, insinuando que os envolvidos não só possuem problemas como qualquer cidadão, como os agravam por estar no complicado ramo artístico.

Entre as atuações, os grandes destaques são Julianne Moore e Evan Bird. Moore entrega um papel maravilhoso de alguém que teve a infância perturbada, mostrando nos mínimos detalhes seu estado de espírito. Claro que não resta dúvidas sobre o potencial de atuação da atriz, principalmente depois de Para Sempre Alice, mas quantas pessoas conseguem atuar em um cena onde estão literalmente defecando, sem sair da caracterização pesada de seu personagem? Evan Bird se destaca pela perfeição em sua atuação, por ter apenas 14 anos e mostrar um psicológico abalado impecável. Bird faz papel do famoso estrelinha de Hollywood, que se deixa levar pela fama e dinheiro, achando que pode pisar nos outros e consequentemente, cai nas farras e drogas.

Mapa para as estrelas Juliane Moore
Mapa para as Estrelas | Imagem: Paris Filmes

Todos, sem exceção, têm seus monstros e culpas interiores. A falta de personalidade é demonstrada até nos cenários, todos representados por casas e lugares exemplares, as melhores que o dinheiro consegue comprar, mas sem nenhum toque pessoal, sempre passando uma certa frieza.

Mesmo sendo entregue com maestria, devo lembrar que a obra possui uma grande licença poética. Não é longo, mas por ser mostrado em fatos interligados e ser uma destilação de veneno, pode chegar à cansar os menos fãs do gênero. Aconselho a irem ao cinema mantendo em mente que é uma crítica e nada mais do que isso, possuindo fatos pesados.

Veja a ficha técnica e elenco completo de Mapas Para as Estrelas

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