Crítica: Missão Impossível- Nação Secreta

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Se pudéssemos escolher o tema do novo Missão Impossível: Nação Secreta, ele seria “Never Say Die!”, do Black Sabbath. Vamos direto ao assunto, pois é exatamente o que o filme faz.

O filme é ótimo. Diversão garantida. É sempre bom quando uma produção cumpre aquilo a que ele se propõe, e o novo MI o faz com uma elegância histriônica. É quase uma resposta de Tom Cruise aos seus críticos, que apontavam uma possível decadência da sua figura diante de relativos fracassos recentes como o questionável Oblivion, mas também do ótimo No limite do Amanhã. Essa resposta é um grito, e dos bem altos: quase consegue competir com a destruição sonora provocada pelo último Mad Max na sala IMax, se é que isso é possível.E se o som não basta, o que se passa na tela é tão gritante quanto: um Tom Cruise cinquentenário em plena forma, pulando, mergulhando, batendo, dirigindo em alta velocidade. Todo tipo de estripulia que somente seu personagem multifuncional Ethan Hunt poderia realizar, e o ator consegue acompanhá-lo com um fôlego impressionante. Multifuncionalidade, aliás, foi a palavra de ordem para Cruise nesse filme. Ele produziu, atuou, ajudou a reescrever roteiro e a escolher diretor. Se o filme é o que é, é devido ao tempo e ao esforço pessoal colocados por Cruise nele.

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Missão Impossível: Nação Secreta | Imagem: Paramount Pictures

Falando no diretor, Christopher McQuarrie deve ter sofrido para acompanhar o astro no longa. Imagino o desespero desse homem no momento em que o astro do filme decidiu que iria voar do lado de fora de um avião, sem dublê nem nada. Mas McQuarrie não infartou, e conduziu o resto do filme com competência e, dentro do ritmo frenético do filme, alguma classe. O filme é bem organizado e, embora se delongue um pouco demais no seu último ato, o que pode ser um pouco cansativo para os mais sensíveis a adrenalina que o filme dispara, tudo tem o seu lugar e como dito no início ele entrega exatamente aquilo que o público espera de um blockbuster para encerrar o verão: ação de qualidade, filmada com competência e um elenco carismático. Todos os elementos que tornam as franquias de espionagem e ação estão lá: carros voando, tralhas tecnológicas, garotas saindo sensualmente da água. Estruturalmente, ele é praticamente idêntico ao quarto filme da franquia, Protocolo Fantasma, o que é uma coisa boa. Ele aproveita os melhores elementos deixados por J.J. Abrams no terceiro MI, que ainda pode ser considerado o melhor no geral, e enxuga a parte narrativa para explorar melhor as habilidades físicas e técnicas de cada um dos personagens.

Isso só poderia acontecer com um bom elenco de apoio, e isso está se tornando uma constante na franquia MI. A equipe é praticamente a mesma de Protocolo Fantasma, mas com tempos diferentes de exposição. Jeremy Renner, que durante um tempo foi cotado para substituir Cruise como protagonista de MI, teve sua participação diminuída a um quase coadjuvante de luxo. Mas ainda assim competente e consistente. Falando em coadjuvante de luxo, como não mencionar Alec Baldwin. É bom vê-lo em ação em algo que não seja uma comédia abobalhada. Embora ele não saia do terno e gravata, é bom ver um ator clássico em ação. Destaque para Simon Pegg que dessa vez não atua apenas como alívio cômico. É um personagem central para trama, e uma oportunidade que o ator aproveitou muito para demonstrar suas habilidades além da comédia. Outro destaque para Rebeca Ferguson. Embora tenha sido escolhida para ser a garota bonita do filme, ela tem uma participação central na trama, tanto conceitual como na hora da ação, e em ambos ela mostra consistência e competência, sem que para isso precise se envolver romanticamente com o personagem de Cruise. Ponto para o empoderamento feminino. Sean Harris, o vilão da vez, explora muito bem seu personagem. É um vilão com motivações políticas e econômicas, e a boa interpretação do ator transmite muito bem a passagem da calma arrogante do seu personagem no início do filme para a urgência que beira ao desespero quando percebe as coisas de complicando.

Ving Rhames continua sendo… Ving Rhames. Isso não é bom nem ruim. Apenas transmite uma sensação de estabilidade que todos precisamos nessa vida.

Missão Impossível: Nação Secreta
Missão Impossível: Nação Secreta | Imagem: Paramount Pictures

Na trama, a Impossible Mission Force se vê desmantelada pelo governo justamente no momento em Hunt mais precisava do seu apoio. Ele persegue uma organização terrorista chamada Sindicato, que possui motivações e uma organização mais complexa do que qualquer outra que Ethan Hunt enfrentou antes. Agora, ele se vê em duas frentes de batalha: fugindo do seu próprio governo e perseguindo o inimigo, e seus únicos aliados ou estão de mãos atadas ou possuem ações bastante questionáveis.

Um bom filme de ação. Claro, é possível que você não se lembre de muita coisa algumas horas depois do término da obra. Até porque, é tanta explosão e correria que é até bom relaxar um pouco depois do fim da sessão. Mas depois que você retomar o fôlego, volte para a franquia e espero pelo próximo MI. Porque, pelo pique de Tom Cruise nesse filme, ele e seu Ethan Hunt ainda gritarão por muito tempo: Never Say Die!

Veja a ficha técnica e elenco completo de Missão Impossível: Nação Secreta

 

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