Crítica | Os Guardiões

Uma produção fraca

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O cinema russo não é muito conhecido, raramente alguma produção consegue ser comentada fora do país. Os Guardiões foi uma grande aposta do russos, que conseguiram um grande alcance com seu trailer, chegando a ter uma distribuição firme no Brasil e a ser apelidado de ‘Vingadores Russos’ pelo público.

Talvez por tratar de uma temática que geralmente agrada o público, esse filme foi o escolhido para mostrar o funcionamento do ramo audiovisual do país. Infelizmente, acabou sendo um marketing negativo, visto que quem conhece sabe que o cinema russo consegue fazer obras de qualidade (o curta adaptado do quadrinho Major Grom é um bom exemplo) e Os Guardiões não se encaixa entre essas produções.

A trama gira em torno da organização Patriota, que durante a guerra fria realizou experiências para criar soldados com super poderes. Assim foram criados Arsus (Anton Pampushnyy), Khan (Sanjar Madi), Ler (Sebastien Sisak) e Kseniya (Alina Lanina), que através de modificações no DNA desenvolveram diferentes poderes. Porém, August (Stanislav Shirin) também foi afetado em um acidente que ocorreu logo após fecharem a operação e agora se tornou um vilão mutante, com uma enorme força, que deseja dominar o mundo. O grupo, chamado de Os Guardiões, é a única esperança para deter o vilão.

Crítica | Os Guardiões 1
Os Guardiões / Imagem: Reprodução

O enredo não é exatamente original, mas esse é o menor dos problemas, muitos filmes de ação utilizam uma temática parecida e acabam dando certo. O problema está mesmo na incoerência do roteiro, que deixa diversos buracos durante a trama. Pode-se definir Os Guardiões com apenas duas palavras: Cenas Padrões. A impressão que temos é de que o roteirista Andrey Gavrilov seguiu algum tipo de manual para escrever essa obra, onde empregou as partes “obrigatórias” que seguem passos previsíveis presente na maioria das produções de ação.

A direção de Sarik Andreasyan também deixa a desejar. Vários ângulos estranhos são apresentados e momentos que também parecem seguir um manual (já que há o mesmo padrão em todas as cenas que irão exigir uma luta e uma parte muito clichê nos momentos finais) não são raros. A falta de cortes estratégicos é gritante, resultando em takes longos que mostram muito mais do que o necessário e acabam prejudicando a experiência. Não há necessidade de mostrar uma cena longa com um personagem rezando quase o pai-nosso inteiro para mostrar sua personalidade, nem Kseniya lutando contra todos do grupo, separadamente, apenas para aceitar entrar no time segundos depois.

Já os efeitos, ficam no meio termo. Há momentos em que os efeitos especiais convencem e entregam uma bela cena, entretanto em outros são muito mal feitos e o resultado é quase cômico. Boa parte desses momentos ficam por conta do urso em que Arsus se transforma, que rouba o foco e acaba mostrando uma cena digna de produções de muito baixo orçamento. O mesmo vale para as atuações, que são rasas, porém não parecem ser por falta de talento do elenco e sim pela falha construção no roteiro.



Os Guardiões até tinha potencial para dar certo, mas se perde uma produção fraca. Investindo em regras e padrões, o longa acaba deixando momentos mal explicados e apresenta tudo de uma maneira corrida, que atrapalha o desenvolvimento dos personagens e a interação do público com eles. O filme tem vários momentos injustificáveis, que forçam um vinculo emocional que não convence e deixa muito a desejar no resultado final.

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